terça-feira, 12 de junho de 2018

Catolicismos, judaísmo e paganismo antigo




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Ao nobre e excelente Claudio Machado.



A pedido de um amigo a que altamente consideramos editamos esta reflexão em torno do Cristianismo, sub entendido é claro como Católico, o judaísmo, com que amiúde tem sido confundido e o paganismo antigo, nossa herança ancestral.

E principio esta reflexão endossando a afirmação de um líder integralista brasileiro - O islamismo é um judaísmo árabe (Ahmina, mãe de Maomé era judia, logo...) o itálico é nosso... O protestantismo é um judaísmo (a predileção dos protestantes pelo Antigo Testamento - apud Maurois 'História da Inglaterra' - certifica-o) e o neo catolicismo, com seus padres cantando em hebraico em torno de uma Menorá, fez-se igualmente judaico. Até aqui o que foi dito pelo líder integralista brasileiro, e cujo conteúdo subscrevemos.

Diante disto urge perguntar - Existirá Cristianismo que não seja propriamente judaico ou judaizante?

E antes de responder a esta pergunta, achamos prudente deixar bem claro que nada temos contra o judaísmo, especialmente quando praticado por judeus. É uma opção credal, que como todas as outras, respeitamos e uma cultura a que em parte admiramos. Os judeus, a exemplo do Senior Abravanel (Silvio Santos) tem chegado a questionar seus próprios mitos e fábulas ancestrais... Merecem nosso respeito e aplauso. O que não aceitamos é a definição do Cristianismo como uma seita ou ramo do judaísmo. Judaísmo e Cristianismo - reconhecem os judeus e cristãos honestos - são fés ou religiões não apenas distintas mas opostas. Não se misturam nem confundem. Moisés será mito ou figura apagada para os servos de Cristo do mesmo modo que Jesus é o grande herege do judaísmo, cujos líderes mandaram crucificar.

Para os judeus será o Cristianismo um sistema politeísta e idólatra tendo em vista dos dogmas centrais da Trindade Excelsa e da Encarnação. E o judaísmo, para os Cristãos a concepção mais pobre e rasteira do monoteísmo... São campos diferentes ou melhor antagônicos, embora devam exercer a tolerância mútua, que é apanágio da civilização.

Melhor dizendo - nossa questão é com os judaizantes ou com os falsos judeus que sustentam ser o Cristianismo uma facção ou seita derivada do Cristianismo, os quais consequentemente tem editado diversas doutrinas ou teorias tomadas ao antigo testamento ou ao farisaísmo - sabatismo, iconoclasmo, anti marianismo e unitarismo...

Claro que nada teríamos a ver com tal gênero de pessoas, os heréticos, caso eles, em sua arrogância insopitável, não tivessem a audácia de apontar o paganismo antigo como fonte do Dogma Católico, cuja pureza e legitimidade negam. Afetam os sectários ser judeus 'espirituais' e folgam em apresentar os cristãos como cananeus i é como pagãos, pelo simples fato de odiarem tudo quanto seja pagão, tal e qual os antigos escribas e fariseus ou os judeus do tempo de Cristo.

Por pagão ou gentílico os sectários protestantes querem dizem mau ou impuro; desprezando tudo quanto não seja judeu e presumindo que tudo quanto seja judeu ou judaico seja divino. Os judaizantes, em oposição aos próprios judeus, tomam a cultura judaica ancestral por Revelada e canonizam todos os mitos e fábula que os antigos judeus tomaram aos sumérios, assírios, babilônicos, egípcios, persas, fenícios e gregos.

Nós afirmamos o contrário: Que o Catolicismo Ortodoxo, niceno e atanasiano foi historicamente Revelado pelo Deus Encarnado Jesus Cristo, identificando-se por completo com o próprio Cristianismo, com o Cristianismo autêntico, legítimo e fiel; transmitido tradicionalmente, de geração em geração. Afirmamos que a perspectiva apostólica, sacramental, pedobatista, presencial, mariana, dominical, iconófila, etc corresponde a piedade ancestral e legitimamente Cristã ou aos ensinamentos transmitidos aos apóstolos pelo próprio Nazareno.

E diante disto reconhecemos sem maiores problemas que a 'verdade' não estavam nem com o judaísmo, nem com o paganismo; mas com ambos ou melhor dizendo, com o pensamento filosófico ou secular dos antigos gregos, dos quais nossa teologia tomou as formas porque se exprime. Há portanto muito de verdade no paganismo antigo e por isso nós Cristãos não o odiamos ou repudiamos 'in totum' como os antigos fariseus.

Não que a doutrina da excelsa Trindade tenha sido conhecida ou formulada pelo paganismo. O paganismo jamais concebeu algo tão refinado como a doutrina de UM DEUS em TRÊS PESSOAS. Conheciam muito bem a doutrina politeísta, de diferentes deuses com vontades e operações distintas, agregados segundo a forma familiar: Pai, Mãe e Filho ou Filha, divinos. Eram três entidades ou seres distintos agregados num esquema familiar formal, i é sem unidade íntima ou orgânica, sem vontade ou essência comum. Portanto, ver Trinitarismo aqui é uma prova, cabal, de improbidade intelectual... Os Cristãos Ortodoxos a seu tempo não são triteístas (como parte dos ocidentais) uma vez que não atribuem vontades ou essências distintas ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo, convertendo-os em deuses em conflito, tipo um Pai colérico ou vingativo e um Filho redentor bonzinho... OS CATÓLICOS ORTODOXOS NÃO PROFESSAM A FALSA DOUTRINA DA EXPIAÇÃO, SEGUNDO A QUAL, DEUS MATA DEUS PARA APLACAR DEUS... Nós professamos a doutrina da vontade comum, oriunda de uma essência comum, a essência divina. Afirmamos a Unidade da divindade e a multiplicidade das pessoas que nela subsistem. UM DEUS em TRÊS PESSOAS e aqui não há qualquer contradição formal. Não cremos num só deus em três deuses e tampouco numa pessoa em três pessoas; mas em Um Deus em Três pessoas...

É portanto a Trindade uma doutrina peculiarmente Cristã, ignorada pelo paganismo antigo e nem por isso judaica posto que os judeus além de afirmarem a unidade da essência, afirmavam com a mesma tenacidade a unidade da personalidade divina e não podiam conceber ou aceitar que a unidade divina contivesse uma pluralidade de pessoas, o que tomam levianamente por contradição. A bem da verdade eles confundem a Unidade com a Essência divina porque sua teologia é bastante pobre. Nós Cristãos, afirmamos com os judeus a Unidade divina e com Jesus de Nazaré, o supremo Instrutor vindo dos céus, afirmamos igualmente a pluralidade pessoal existente nesta unidade essencial, a saber a existência de uma Trindade.

Alguns desejam tomar a Trindade por uma síntese sublime do Judaísmo e do Paganismo. Nós a tomamos por uma doutrina divinamente revelada ou auto comunicada por Deus.

Totalmente outra é a questão da Encarnação de Deus, pela qual o Cristianismo, afastando-se decididamente do judaísmo - e a principal diferença entre as duas religiões é exatamente esta e acima de tudo esta - aproxima-se do que havia e há de sublime e magnífico no paganismo antigo uma vez que este concebida a possibilidade de que seus deuses se encarnassem ou fizessem homens assumindo a natureza que eles mesmos haviam planejado e criado.

Por mais genial e admirável que seja a doutrina da Trindade Excelsa, a divindade por assim dizer, ficaria sempre distante do mais sublime ideal de perfeição caso não se tivesse feito carne mostrando-se solidária, assumindo as vicissitudes, dores, necessidades, etc dos seres que criou. Pela doutrina da Encarnação aquele que é Perfeito, aquele que é Sublime, aquele que é Pai torna-se um de nós e se faz companheiro. É Emanuel, Deus que caminha conosco, descendo ao palco ou a arena da vida... ao invés de lá ficar, no 'camarote' observando. O que torna a doutrina da Encarnação atraente é seu conteúdo solidarista ou fraternal - Deus sendo Pai, se faz irmão... adotando a natureza e a condição comum. Deus não nos contempla da eternidade apenas, vive e sofre, e morre conosco... Para retomar sua vida como Deus encarnado e subir aos céus, antecipando o futuro comum do gênero humano porque morrera.

Apenas e somente o Cristianismo apresenta-nos este Deus presente e solidário, e fraterno até as últimas consequências...

Diante deste ato de amor e compaixão que é a Encarnação que dizem os judeus, os muçulmanos e seus repetidores, os unitários???

Embora seus livros testifiquem que Deus é o Deus do impossível e eles atribuam-lhe os milagres e prodígios mais absurdos, seus líderes e mestres declaram que é IMPOSSÍVEL que Deus se faça homem. Mas como não pode ser fazer homem aquele que fez o homem? Perceba o leitor a idiotice contida no argumento deles. A princípio em seus livros afetam ser Deus Todo poderoso... ai, quando dizemos que por isso se pode fazer carne, objetam que isto é IMPOSSÍVEL. Cadê a lógica??? Cadê a sobriedade???

Há de fato coisas impossíveis ao Todo Poderoso?

Grosso modo a piedade nos obriga a declarar (em oposição aos judeus ortodoxos, muçulmanos e calvinistas) que o Deus Santo faça o mal. É impossível que Deus faça o mal, não porque lhe falte poder mas porque lhe falte vontade. Não porque não possa faze-lo, mas porque não queira, uma vez que sua vontade, esta imutavelmente fixa no bem. Deus por ser Perfeito é imutável e imutavelmente fixo no bem, não podendo aspirar ou querer o mal e tampouco mudar, pois aquilo que muda não é perfeito.

Por outro lado, tudo quanto seja bom e Deus possa querer certamente dispõem de forças para executar.

Assim a única objeção séria que se poderia fazer a sentença segundo a qual Deus pode fazer-se homem ou encarnar-se seria demonstrar que fazer-se homem é uma ação má. O que só se pode suster e afirmar caso admitamos que o homem, criado por Deus é essencialmente maligno em sua natureza... No entanto como este homem ou esta obra poderia ser essencialmente má se procede de Deus mesmo, o qual é bom??? Como poderia o Deus benevolente fabricar uma criatura intrinsecamente má, sem ser ele mesmo mau??? Claro que o homem, sendo uma criatura de Deus, é essencialmente bom em sua natureza e mal apenas circunstancial e provisoriamente pela vontade livre e mutável. Portanto se a natureza humana é boa, nada há que impeça Deus de assumi-la caso tal seja conveniente ou exigido por sua perfeição.

Pode Deus encarnar-se porque pode e pode encarnar-se porque a natureza humana não é essencialmente má. O quanto de fato Deus não pode fazer, é cometar maldades ou pecar e isto certamente não fez nem faz, uma vez que a Encarnação não determina que ele peque. Quanto a auto limitar-se e não pecar, claro que não pode faltar semelhante poder ou força a Deus, pelo simples fato de ser Todo poderoso.

Chegando ao dogma da Encarnação, do padrão niceno ou atanasiano, fielmente conservado pelo Catolicismo Ortodoxo podemos responder positivamente a pergunta sobre a existência de um Cristianismo não judaico, e a resposta já esta dada acima. Um Cristianismo trinitário pouco terá de judaico e um Cristianismo reconciliado com a Imanência, que não assume o erro da transcendência absoluta, nada terá de judaico. Será repudiado pelos hebreus ou até odiado por eles, e não nutrimos qualquer rancor por eles neste sentido. Eles não podem alcançar a doutrina da Transcendência/Imanência e é exatamente aqui que nosso paganismo ancestral se mostra superior e divino.

Parte dos antigos pagãos nossos ancestrais, guiados pelos filósofos e pensadores da Jônia e da Hélade e não pelos mitos dos sacerdotes, jamais perderam de vista o dogma da ilimitação ou da infinitude divina pela qual Deus transcendendo o universo abarca-o ou contem-no. Se Deus é informe e ilimitado e o universo 'formal' e limitado, é necessário admitir que Deus não esta no universo ou em qualquer lugar (espaço), mas que todos os espaços e locais, o universo enfim e todos os seres criados estão em Deus como uma esponja imersa num Oceano. Deus é o Oceano e o Universo a pequenina esponja. Esta Deus no universo, mas não é contido ou limitado por ele... Sua presença é difusa e ele não esta localizado ou situado em qualquer lugar, pelo simples fato de ser espiritual, incorpóreo e ilimitado...

A conclusão é óbvia - Os judeus erraram feio ao postular um deus ou um ser transcendente totalmente separado da natureza criada, porque se ele é separado é limitado e se é limitado esta localizado em algum espaço fora deste universo, assim Deus tem um espaço ou lugar, algo maior, superior a ele. Daí alguns terem imaginado a Eternidade como lugar ou espaço de Deus, enquanto a eternidade não passa de um atributo que subsiste em sua essência. Supor um Deus separado ou transcendente será supor sempre um Deus limitado e localizado em algum lugar, o que é monstruoso... Pois Deus, caso exista, será necessariamente infinito, ilimitado, informal, não localizado e espaço ou lugar de todos os seres, de todos os universos, de todas as coisas... Os judeus jamais pensaram deus deste modo mas com um homenzinho de carne e ossos sentado num trono material sobre nuvens materiais num céu material. Este deus folclórico, ainda hoje pintado pelos ateus, certamente não existe - Ele é o escárnio de Deus!

Agora se as coisas criadas, os objetos, seres, universos já estão em Deus e Deus neles; se o Espírito Supremo e Consciência infinita quis relacionar-se eternamente com a matéria, organiza-la, conduzi-la a perfeição e corooa-la; qual problema há em que aproximando ainda mais intimamente dela, ele se encarne e faça homem na posse de um corpo físico? Nenhum... Só a problema aqui, quando imaginamos o velho deus transcendente, limitado, localizado, corpóreo, sentando sobre nuvens, rodeado por cortesãos alados, etc Caso imaginemos um Deus de fato espiritual, o paradoxo aduzido a partir da existência da matéria... é que ele possa encarnar-se sem maiores problemas. Pois sempre esteve ou sempre desejou estar associado a ela. Do contrário não a teria organizado ou produzido.

Os judeus e os semitas de modo geral jamais puderam compreender este tipo de visão. Já os pagãos, encaminhados pela mitologia e instruídos na Filosofia não tinham qualquer motivo sério para repudia-la, melhor dizendo já estavam familiarizados com ela e isto foi um grande benefício para o Cristianismo antigo, Católico, Apostólico, Ortodoxo... O Catolicismo antigo a seu tempo - com tristes exceções, especialmente no Ocidente sempre meio bárbaro - jamais encarou o paganismo antigo como algo totalmente mau, diabólico ou demoníaco, inda de consciente de suas limitações e equívocos. Nossos apóstolos e elderes sabiam que tal e qual o zoroastrismo, o budismo e o hinduísmo o paganismo ocidental foi uma busca pelo sagrado ou uma tentativa - falha é clara, mas nem por isto dsonesta! - de se atingir o numinoso. Por isso os sucessores dos apóstolos e teóforos Justino, Clemente, Orígenes e Eusébio, dentre outros, apresentaram este paganismo antigo, que o judaísmo satanizara, como precursor do nosso Cristianismo e parte dos antigos Filósofos como 'profetas'... E digo mais, os primeiros Cristãos, os mártires nossos ancestrais, folhearam as síbilas com não menos fervor do que folhearam os profetas dos judeus.

Ainda hoje nas alturas do Monte Atos, no interior de nossas igrejas e santuários, estão pintadas as figuras excelsas de Homero, Hesíodo, Sócrates, Platão e Aristóteles ao lado dos profetas hebreus que previamente anunciaram o Cristo Instrutor de todos.

Concluo dizendo a tantos quantos aspiram e demandam por um Cristianismo peculiar, consciente, cristão e não judaico que este tipo de Cristianismo deverá ser necessariamente Trinitário, encarnacionista, sacramental, eucarístico, mariano, dominical, iconófilo e tradicional - Será o Catolicismo Ortodoxo, ainda hoje florescente no Oriente, ou não será!

Há portanto uma opção Cristã para Cristãos - uma opção Católica, tradicional e Ortodoxa, cujos contatos e similaridade com o paganismo antigo analisaremos com maior cuidado ainda no próximo artigo.


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