segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Carta a uma nação cristã





Ontem, passei minha tarde e parte da noite lendo o opúsculo de Sam Harris, Carta A Uma Nação Cristã.
O autor sabe argumentar bem, tem um estilo cativante que prende um leitor, (li em português, não sei se em inglês difere, ou afeta o texto, creio que não) é realmente uma conversa com o leitor.
Carta a Uma Nação Cristã é bem diferente de Deus Um Delírio de Richard Dawkins, onde se vê um Dawkins quase hidrófobo, que não sabe argumentar, ao menos não com a elegância de Sam Harris.

Sam Harris em seu livro ele não chama os crentes de idiotas ou de burros, mas faz ver que suas crenças podem ser perniciosas. Ele mesmo disse na obra não ter escrito para cristãos liberais e/ou moderados mas para aqueles que são fanáticos.

O autor demonstra que o Velho Testamento com seus ensinamentos horríveis não pode ser a "Palavra de Deus", e nesse ponto concordo com o autor. Quando ele fala acerca do Novo Testamento, quando Jesus pregou o inferno eterno, seria preciso que ele recorresse ao grego língua na qual foi escrito o Novo Testamento. O que vem a ser a eternidade para Jesus? O que é o inferno na mente de Jesus? Claro, Harris leu os evangelhos na visão do pentecostal, mas isso não quer dizer que o que ele lê em inglês corresponda necessariamente ao grego. Até porque no original grego quando Jesus fala de castigo eterno ele usa kolasin aionion que significa castigo corretivo por tempo indeterminado, ou por eras de eras, visto que a palavra aion (era) está no plural e a palavra eterno mesmo, eterno que significa sem fim não tem plural em grego. Se Jesus quisesse mesmo falar em inferno eterno como querem a maioria dos estúpidos cristãos, ele usaria o termo aidios timoria que significa catigo eterno com vigança. Penso que Sam Harris deveria usar este argumento contra os cristãos fundamentalistas. Conclusão Jesus não foi esse cara mau demonstrado pelos cristãos toscos e pelo autor da Carta A Uma Nação Cristã.

Sam Harris demonstrou que a "moral cristã" nem é moral nem cristã, porque a moral deveria estar associada a empatia, ao amor pelos semelhantes. Uma moral que não se importa com a dor alheia não é uma moral, mas apenas uma convenção criada para favorecer aos caprichos de líderes religiosos.

Soube desenvolver bem o tema do aborto e das células troncos, no primeiro caso quando disse que 50% das mulheres sofrem abortos espontâneos e no segundo quando afirmou que para engenharia genética qualquer célula humana é potencialmente um ser humano. E que os cristãos só não permitem pesquisas com células troncos, graças a sua ignorância em biologia e são ignorantes por causa de suas crenças, nesse caso irracionais. Pensam que moral é agir de acordo com regras da Bíblia ou com opiniões não fundamentadas de seus líderes.

Em seu discurso Sam Harris fez um brilhante ataque ao Desing Inteligente (D.I), que é uma espécie de criacionismo mais sofisticado e tão falso quanto o criacioniosmo clássico.

Concluindo, gostei muito da leitura desse livro, isso não quer dizer que eu concorde 100% com o seu autor. Mas é bom por que ele sabe provocar sem insultar, e sabe demonstrar as falácias dos fanáticos com uma linguagem acessível a todos. Vale a pena ler a Carta A Uma Nação Cristã.

Um comentário:

Gonçalves disse...

Não existe inferno de fogo. Lamentavelmente isso é uma invenção difundida por falsos cristãos. Quero ver alguém provar na Bíblia onde relata este inferno em que as pessoas más são torturadas eternamente. Você imagina um pai amoroso que ao ver seu filho nascer, prepara um local específico para que seu pior inimigo torture seu filho, caso ele o desobedeça ? Se um homem, mortal e imperfeito, não é capaz disso, então Deus, que é o próprio amor, faria ? Os verdadeiros cristãos conhecem a Bíblia e deploram estas mentiras que sujam a palavra do nosso Criador.