sábado, 2 de dezembro de 2023

O Estado deseducador ou onde esquerda e direita se tocam...

 Acho difícil ou até ingenuidade acreditar que a educação pública, gerida por um Estado associado ao Mercado e a seitas religiosas fundamentalistas, cumpra seu desiderato, que é a produção de cidadãos críticos e reflexivos.

Até onde podemos observar o Estado, dirigido por demagogos, se tem empenhado em produzir massas manipuláveis já para os empresários, já para os charlatães religiosos e até poderíamos falar num processo de massificação. Mesmo porque o 'político', o patrão e o pastor beneficiam-se da ignorância alheia.

Enquanto profissional da Educação tenho que responsabilizar direita e esquerda - Embora a direita seja muito mais feroz e proativa. - por semelhante estado de coisas. 

A direita pretende fornecer aos cidadãos uma educação sumária ou elementar que o habilite apenas a ler, calcular e, no máximo, decorar uns nomes e umas datas... Nada que permita ao ser racional contemplar, conhecer, avaliar e inclusive transformar o mundo em que vive ou a sociedade em que esta inserido. É a famosa educação positivista ou positiva, destinada a produzir funcionários ou criados. Acho que decidir o futuro dos jovens e crianças e limitar seus horizontes, equivale a um crime hediondo...

Já a esquerda, no afã de inserir os meninos e meninas pobres na escola, satanizou levianamente a reprovação, e, face as mazelas sociais, implantou a aprovação sumária ou automática, sendo acompanhada por muita gente de boa vontade, que alega omissão por parte do poder público - E o lema é: O educando não pode ser responsabilizado... De acordo> Porém converter a educação numa farsa não me parece ser a solução correta.

O resultado desse afã foi uma queda ou rebaixamento abissal no que tange a qualidade da educação. Conclusão: Inserimos muitos para que aprendam muito pouco - Quando deveríamos ter inserido muitos para que aprendessem muito, cobrar o poder público, sanar as mazelas instauradas na estrutura educacional, instruir, cobrar, exigir responsabilidade por parte dos educandos, reforçar a noção de dever e, quando necessário for, punir e reprovar, sem o que não se educa.

Por esse caminho chegou-se a mentalidade pós modernista, insuflada por essa esquerda desmiolada e aproveitada com gosto por aquela direita canalha acima descrita. 

Quero dizer que nossas crianças não mais vão a escola para aprender conteúdos significativos e relevantes ou ferramentas que possibilitem-nas ascender socialmente, mas coisas populares ou que aprendem já em seu ambiente. Não mais se torna de abaixar-se até a realidade do educando para eleva-lo, porém de lá ficar - Abaixo, com o popular ou chulo... Exatamente conforme aquela 'música' horrenda: 'Quero ser feliz na favela em que nasci' > Educação virou isso, escola pública virou isso: Funk, 'ripe rope', dança de rua, capoeira, sei lá mais o que, para essa esquerda cirandeira; economia, projeto de vida, empreendedorismo, etc para a canalha de direita... E a Educação não transcende, não mostra nada de novo ou de diferente para essa clientela, na acrescenta... 

Pois o que chamamos de Educação, a esquerda chama de ideologia burguesa e a direita de ideologia de esquerda. E em níveis diferentes (A direita advertimos é bem mais hostil e nem toda esquerda é pós modernista!) parece que contribuem para produzir cidadãos estúpidos ou imbecis, seja por meio dessa educação positiva\mutilada ou através dessa cultura popular que se dá por satisfeita. 

Em meio a semelhante caos estabelecem-se prêmios ou bônus para que professores, diretores e supervisores aprovem o maior número de alunos possíveis, de modo que os defensores da reprovação passam a ser malvistos e caçados por seus próprios colegas de trabalho. Pois o lema é passar a criatura a todo custo, inda que não saiba ler ou calcular > E chega ela ao sexto ano - Analfabeta ou semi analfabeta. Afinal: A prefeitura ou o Estado não a apoiou como deveria... E não podemos culpabilizar o aluno... Então enganemos o infeliz, dando-lhe um diploma falso, que não significa coisa alguma... E com essa ideia de justiça consolamos nossa consciência ou ocultamos essa fome insaciável de bônus.

E o empenho é tal que nos municípios supervisores pressionam diretores e diretores pressionam professores para que mudem suas notas i é para que aumentem suas notas, de modo a passar a todos e a promover analfabetos e semi analfabetos. A rede estadual de S Paulo vai muito mais longe> Diretores e vice diretores há que falsificam as assinaturas dos professores relutantes em colaborar... Professor há que reprovou formalmente o aluno em Conselho, apenas para ve-lo aprovado no ano seguinte sem saber como... Que o ministério público faça uma grande oitiva ou sindicância nessas organizações...

Uns pela educação sumária e mutilada, outros pela cultura popular, outros - Mais práticos, pela prebenda a que chamam bônus. - parecem que todos estão de acordo quanto a aprovação automática dos analfabetos e semi analfabetos.

Acham inocente ou inócuo promover quem pouco ou nada aprendeu e até ousam dizer que reprovar é castigar o aluno ou vingar-se dele, que é ato de rancor, etc 

Bem - Lhes damos um diploma e lhes franqueamos passagem...

Não chegarão a lugar algum, disse-me um colega suspirando...

Calma professor, disse-me ele, contenha-se, daí não sairão enfermeiros, cozinheiros, arquitetos, médicos, etc

Calei-me... Inutil discutir com pessoas tão bem intencionadas (Bônus). Mas pensei comigo mesmo: EAD.

Caso venham a adquirir uma graninha se vão matricular num curso virtual e pagar para que alguém faça as atividades por eles... Arriscarão na prova... E quiçá com um pouco de sorte cheguem a aplicar injeções, a preparar alimentos ou até a desenhar algum projeto. Dessa rebelião ou ascensão de massas despreparadas e idiotas porém diplomadas resultará o caos...

O número de erros em áreas nas quais o erro acarreta desastres escabrosos aumentará exponencialmente. 

Impossível que a queda, por nós provocada, na qualidade educativa não se reflita, daqui há algumas décadas, no desempenho profissional de parte da população, o qual experimentará considerável declínio. Outra possibilidade é a falta de profissionais habilitados em diversos campos, o que afetará diretamente a oferta de diversos serviços essenciais.

No tempo da ditadura a Educação tinha qualidade porque era para poucos e não para todos...

Triste verdade que não apoiamos.

Hoje, no entanto, parece que é a Educação para todos, mas aparente...

Antes tínhamos educação para poucos - Hoje não há temos para quem quer quer seja i é não temos educação...

Mas sabem ler e escrever... Um maior número de cidadãos.

Ok - Mas não promovam quem não atingiu suficiência. Pois também a reprovação, em certos casos, produz melhorias.

Quiçá nem todos sejam absolutamente iguais, e alguns precisem se esforçar mais ou muito mais. É possível. Neste caso há que se estabelecer certos requisitos mínimos, além de dar máximo apoio possível. Há que se investir... E também de reprovar, quando não houver condições.

Por fim me pergunto quanto essa ideologia anti reprovação significa em termos de economia ou de $$$ e julgo que essa pergunta seja necessária. Afinal, em tempos nos quais o Estado assume uma responsabilidade cada vez maior por parte dos insumos educacionais, a quem cabe o investimento... Nesse caso, aluno reprovado, investimento dobrado.

Antes não era a reprovação satanizada porque os pais arcavam com seus custos. Agora que o Estado assume parte dos custos é a reprovação proscrita como algo essencialmente deseducativo ou maligno - COINCIDÊNCIA...

Saibamos analisar criticamente cada discurso...



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