Em primeiro lugar porque sou um ex protestante.
Em segundo lugar porque também sou ex romano.
Tendo sido um protestante convertido ao papismo bem posso comparar os dois sistemas religiosos, como fiz após acurado estudo.
Comte dizia - Para poder julgar qualquer sistema é necessário ter passado por ele e dele saído.
Foi o que fiz. Ao menos quanto ao protestantismo e o romanismo, e bem posso dizer:
"A natureza e a educação fizeram-me protestante, a o estudo da História me fez romanista e uma reflexão mais cuidadosa me fez Católico Ortodoxo."
No entanto minha grande fonte de inspiração tem sido naturalista e racional assim a cultura greco romana, numa perspectiva socrático aristotélica que me foi descortinada pela igreja romana, a qual muito grato sou.
O protestantismo ofereceu-me o antigo testamento... em péssimas traduções sem notas. Fez-me a mim um des serviço. Alias foi educado nessa lei repressora e insidiosa tomada ao antigo testamento. Educação que sequer os judeus atuais podem suportar. Permitam-me dizer: Nada mais pernicioso do que essa vida bíblica, cujo objetivo é tornar as pessoas amargas e infelizes.
Não vejo nada de belo numa pobre criança de sete ou oito anos andar de terno e gravata pelas ruas num calor de quarenta graus. Acho isto doentio. Já Rousseau dizia: No calor vistamos nossas crianças com roupas leves e curtas. Mas... A bela religião da bíblia não aceita o corpo ou a nudez, cuidando que tudo isto seja mau, e que cobrir ao máximo o corpo seja um ato religioso. Pelo jeito os antigos fariseus e saduceus que pregaram Jesus na Cruz muito têm a nos ensinar em matéria de traje...
Bem, a igreja romana apontou-se para o Evangelho, palavra e Lei de Jesus Cristo Verbo encarnado, e indicou-me a Filosofia greco romana, melhor dizendo a Aristotélica. Ofereceu-me o que há de melhor: Parmênides, Anaxágoras, Zenon, Cícero, Sêneca, Horácio, Virgílio...
Seja como for bem poderia eu lá deixar o protestantismo em sua paz e ignora-lo. Não fosse um aspecto seu que bem conheço: Sua politicagem e aspirações pelo poder político, noutras palavras sua disposição para controlar os seres humanos, como se não basta-se seu puritanismo ou moralismo insípido, que o protestantismo a bem da verdade a todos deseja impor, servindo-se do Estado e é claro de meios inquisitoriais. É apenas este projeto ambicioso, transplantado da horrenda Genebra para Londres, de Londres para os EUA e enfim dos EUA para o Brasil, em meados dos 900, que me faz combate-lo. Combato-o por cre-lo anti democrático ou melhor dizendo teocrático.
Mesmo antes da estrutura totalitária de Genebra calvinista se ter desfeito no décimo oitavo século já haviam eles enviado mestres a Inglaterra e por meio de Oliver Cromwell criado algo similar na Inglaterra. Tendo-se desfeito o modelo inglês, antes do original, lá foram os puritanos - incomodados pelas cruzes, bispos, torres e sinos - para o outro lado do Oceano caçar índios 'pagãos' (Cananeus!) e queimar bruxas ou mocinhas histéricas em nome do 'belo' livro chamado bíblica. O próprio Blackstone teve de dizer que existiam bruxas porque estava na bíblia i é no A T - Daí as fogueiras e atos de fé nos quais os protestantes - Apud Heredia 'Fraudes espíritas e fenômenos parapsicológicos'
No entanto tal e qual na Genebra, na Inglaterra ou em qualquer lugar que o homem pense e tenha dignidade, foi esse sistema, mais tacanho e mesquinho que o papal/medieval, vítima do tempo, desfazendo-se por assim dizer... Desde 1789 foram os sectários protestantes alijados do poder nos EUA, em nome de uma República secularizada ou laicista e pluralista. Afinal qual das centenas ou mesmo milhares de seitas haveria de controlar o poder?
Apesar disto os bíblicos, em sua grande parte calvinistas, mas também batistas, jamais aceitaram o novo regime, tendo-o em conta de ateu, sacrílego, blasfemo, etc mesmo porque a democracia é coisa que não faz parte do AT, documento essencialmente teocrático. Desde então apenas foram controlados pelo exército, lá pelos cantos do Belt Bible, espaço tão arisco e infenso a civilização quanto o Afeganistão ou o Sudão... O nome ali só muda de maometano para 'cristão' ou melhor protestante. Para os fanáticos vindos remotamente da santa Genebra foi uma grande frustração a perda dos EUA, sua última esperança em termos de uma sociedade controladora nos moldes da Torá ou do AT, em que bruxas, romanistas e pagãos pudessem sere queimados no jardim com as bençãos do velho jeová...
A esperança de todo é que não perderam. Cerca de 1890/1900 divisaram os sulistas fanáticos e alguns pastores fundamentalistas do Norte uma vasta porção de terra povoada por massas analfabéticas, o Brasil. E para cá enviaram logo as 'devotas' Márcia Brown e Charlotte Kemper, as quais conceberam as esperanças da colheita, no sentido de que algum dia no futuro seria este Brasil um país protestante e fiel as leis bíblicas, i é, a ressurreição do velho sonho ou pesadelo calvinistas com seus centos de: Calebs, Jededias, Naftalis, etc jamais Antonios, Josés, Marcos, Lucas, etc O espírito do calvinismo se revela até nos nomes e pequenos detalhes...
Talvez por ausência nada disto foi produzido no Brasil pela velha igreja romana. Mesmo com sua presença nada semelhante na Hispano América. Por isso Schwatz pode escrever "Cada uma na sua lei" descrevendo as atitudes liberais dos papistas daqui, fazendo-as reportar a velha península ibérica. Como registrou um cronista do Estado pouco antes do último jubileu "O papa clama contra o divórcio e os 'católicos' divorciam."... Por isso os 'Católicos' ousaram discutir o divórcio e aprova-lo, em que pese o Papa... Quanto aos clamores do hipócrita Paulo VI (O mesmo que deu fim a Missa antiga assumindo uma adoração protestante - Apesar de todo seu moralismo ridículo.) sequer foram considerados pela gente sã. Não estou dizendo aqui que o divórcio corresponda a um tipo ideal. Na maioria dos casos porém, mostra-se a melhor solução e a mais realista - Ruim com ele pior sem ele!
O problema do protestantismo é que se alguém disse "Está na bíblia!" o divórcio jamais será sequer proposto, debatido ou discutido. Não será, pois no protestantismo ortodoxo tudo se resolve ao "Maktub" ou "Está escrito!" - E todos dizem amém ou obedecem. Por isso prefiro o papismo, onde os súditos do papa mandam toda esta moralidade tacanha, tomada ao judaísmo, ao inferno!
É verdade que um ou outro papólico fanático tem cogitado controlar a sociedade ou dar conselhos ao Estado. Mas - oh coitado, basta dizer que seu belo papa, tão moralista, reformou o irreformável: A Tradição, a missa... E que eles papistas não tem idoneidade para qualquer coisa, posto que violaram seu próprio princípio> A tradição... Todo esse moralismo é sinal claro de decadência e crise. Não o imoralismo, mas o moralismo ou puritanismo, tomado a cultura protestante a menos de quatro século. A Idade Média, tão apedrejada, foi época de imoralismo ou 'indecência' e por isso tão odiada pelos protestantes ou bíblicos. E ela era mais ética, mais evangélica, mais fiel a tradição e mais Cristã! A reforma com sua moralidade puritana avançou no sentido do judaismo antigo ou do AT e assim foi um retrocesso, assimilado pelo neo catolicismo... Por isso Paulo VI e J P II fixaram-se na moral judaica, aproximaram-se do protestantismo e abandonaram o Dogma isso é a integralidade da divina Revelação... Perderam de vista a Trindade, a Encarnação, A sinergia, os Sacramentos, etc para se fixarem em posições sexuais, masturbação, procriação, etc ou em mitos judaicos como o dilúvio... Quanta miséria! Que patético!!!
Com líderes tão ridículos a humanidade não tem porque assustar-se, mas, o clamor bíblico protestante continua amedrontador, como evidenciam o criacionismo e o terraplanismo.
A Igreja romana tem coisas melhores para oferecer a seu público do que mitos judaicos e moralidade tosca. O protestantismo além de ter apenas a Bíblia e 'Ó tragédia' priorizar o que nela há de menos nobre: As páginas fetichistas e agressivas do Antigo testamento, fixou-se morbidamente nelas. Tornando-se irredutível.
Um amigo meu, após chegar a conclusão de que as sinistras Brown e Kemper parecem estar ganhando - Na medida em que o Brasil se vai convertendo em outro Estados Unidos ou em algo ainda pior (Sem o Norte irreligioso para contrapor!) - assim expressou-se "Enquanto nossas igrejas (Católicas ou Episcopais) fizeram opção preferencial pelos mais pobres os mais pobres parecem ter feito opção preferencial pela assembleia de deus."
Num pais em que se produzem massas mesmo este papolicismo degenerado não se sustenta. Nina Rodrigues já o dissera "O 'catolicismo' é Teológico" exigindo aparato filosófico e certo nível de conhecimento, o que demanda uma sólida estrutura educacional. O protestantismo, sendo fetichista, alimenta-se de esperanças mal direcionadas ou de utopias movidas pela ignorância. A associação entre miséria e ignorância, criada pelo liberalismo econômico, beneficia-o... Eis porque é o liberalismo econômico endossado por eles... Angustiadas e sem esperança as pessoas se lançarão nos braços do fanatismo!
O Brasil tem tudo para converter-se numa república confessional e fundamentalista nos moldes do Antigo Testamento ou de Genebra, o que por si só é tremendamente ameaçador. Em tais circunstâncias que seria dos incrédulos e dos dissidentes, digo, dos cidadãos ou contribuintes livres? Que seria nas minorias culturais e religiosas??? Que seria dos jovens e crianças??? É todo um mundo de gente ameaçado pela espada de Damoclés do sectarismo...
O papismo como o hinduísmo ou o budismo não têm pretensões. O pentecostalismo insolente tem-nas em demasia, qual o islamismo... E não podemos ignora-las ou permanecer de braços cruzados enquanto atacam casas de candomblé/umbanda, restringem nossas liberdades ou tomam posse de nossas escolas, quando não dizem ser "Feliz a nação" cujo deus é o senhor deles ou que a bíblia esta acima de nossa Constituição ou da Lei. Só falta mesmo partirem para cima das wiccanistas para queima-las porque até mesmo santuários papistas invadem com o intuito de profanar as estátuas... Para nós nada disso é estranho, por isso, conhecendo o espírito teocrático, combatemos o protestantismo. E não toleraremos qualquer fé que queira controlar e uniformizar o corpo social as custas de nossas liberdades e direitos, pelos quais bem vale morrer, lutando e de pé.
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