- Resta declarar, quanto ao século XIX, que há muita coisa boa: Maine de Biran, Damiron, Jouffroy, Victor Cousin, Mme De Stael, e muita coisa excelente: F A Trendelemburg, Franz Brentano, R Eucken, Dilthey, Nartorp, Brochard, Windelband, H Rickert, Deat, Zeller, Mauss, Simmel, Weber, L Bloy, Pe Thiago Sinibaldi, o próprio Lênin (Nos domínios da gnoseologia cf "Materialismo e empiro criticismo"),etc a par de muita porcaria, como os já citados Fichte, Schelling, Feuerbach, Stirner, Nietzsche, Mach, Avenarius, Guyau, etc O século seguinte (XX) escolheu e valorizou o que havia de pior e mergulhou de cabeça no irracionalismo, digo, no absurdo nihilista.
Tivemos ainda alguma coisa boa - M Buber, M Scheler, Berdiaeff, Maritain, Sciacca, Mondolfo, Mounier, K Jaspers, G Marcel, Dawson, Butterfield, Voeglin, etc Todavia, de modo geral, predominou a herança irracionalista ou anti metafísica alardeada por Kant e o kantismo conheceu o status de dogma. Após Kant reinaram Marinetti, Gattari, Deleuze, Foulcault, Barthés, Lyotard, Baudrillard, todos herdeiros de F Nietzsche, para o qual há apenas discurso, jamais verdade. E a Filosofia, que a partir dos positivistas tornara-se analítica, converteu-se agora em exercício de hermenêutica ou em Semiótica ou semiologia com Pierce e Saussure. A busca agora é pelo significado, não pela realidade concreta ou pela verdade. Após a fé, razão e percepção foram postas de lado, restando apenas o nada ou o vácuo absoluto. O pós modernismo ou o irracionalismo retirou-nos tudo e não ofereceu coisa alguma em troca, pois ele sequer ousa afirmar-se como verdade, a exemplo de seu irmão gêmeo, o ceticismo.
- Dentre os principais teóricos irracionalistas temos:
Jacobi, Goethe, Fichte, Schelling, Stirner, Nietzsche, Wallas, MacDougall, Bergson, Heiddeger, Sartre... além dos pós modernistas acima citados, os quais em sua maioria são céticos. Os demais tomaram por critério o sentimento, a vontade, o ego, o inconsciente, a intuição, além é claro da fé, critério como vimos já adotado por Montaigne.
- Firmado nos EUA o pós modernismo tratou logo de forjar um vocabulário próprio: Lugar de fala, apropriação cultural, etc invadindo é claro as esferas da História e da Sociologia e arrebatando a esquerda fanfarram ou carnavalesca, especialmente no Brasil, onde até os Comunistas abandonaram o sóbrio realismo gnoseológico de Lênin e aderiram a moda. Claro que os pivôs ou as pontas de lança desta corrente espúria foram os anarquistas, os quais do plano político - Onde tinham alguma razão de ser - passaram ao Filosófico ou gnoseológico, criando - A partir de Fayerabend - o anarquismo epistemológico ou gnoseológico. Segundo esta corrente ideológica ou metafísica todos estavam errados desde Descartes, inclusive Comte, e Marx e sobretudo o velho Aristóteles... Nada de Método experiencial, de Lógica ou de Dialética, pois o conhecimento dispensa quaisquer métodos.
- Ao refugo acima esta ligado o relativismo, seja epistemológico ou cultural, e os pós modernistas fazem grande bulha a respeito disto. Quanto ao primeiro sentido querem dizer que tudo é verdade, pelo que não existe verdade ou erro que se lhe oponha. Se as verdades são todas relativas não pode haver qualquer verdade absoluta... Assim pensam eles. E sendo tudo mera produção subjetiva da consciência nada há de objetivo. Forjamos nossas experiências, como forjamos nossa lógica e produzimos o que chamamos de conhecimento objetivo, projetando-o nos objetos. Tudo no entanto é produto nosso - Da imaginação, da fantasia, do inconsciente, do ego... E vivemos apenas de ilusões ou aparências.
No plano da cultura isto significa que o próprio conceito de progresso ou evolução histórica, social e cultural é falacioso. A contrapartida é simples: Não há cultura melhor ou pior, superior ou inferior, mais ou menos evoluída... Todas são absolutamente iguais, dos Bosquimanos e Ianomamis a Grécia antiga ou a França do século XVII, passando pela Suméria, pela Índia e pela China antigas. Nada é melhor ou mais valioso e se você ousar discordar deles gritarão dizendo que és racista, posto que confundem maliciosamente o conceito de cultura com o de raça ou etnia. No momento seguinte, caso o amigo leitor ouse afirmar que entre a cultura do antigo israel e a cultura assirio/babilônica vai um abismo ou que a cultura clássica produzida na hélade é superior a qualquer coisa produzida na floresta herciniana de então, classificar-lhe-ão como fascista... E por força de rotular seus opositores, os dogmatizadores do pós modernismo vão espalhando o terror aqui e ali. Se você discorda quanto a teoria monstruosa e grotesca do relativismo cultural eles te impõem o ferrete de racista ou fascista... E com que sanha.
- Aos poucos tais aberrações, já dizia R Barthés, vão destruindo um projeto educativo multi secular e impregnando nossa vida cultural, desde o nível superior ao fundamental, posto que penetram o currículo e impõem a versão do igualitarismo cultural absoluto ou do relativismo cultural. No Brasil a moda consiste não em apresentar nossos diversos núcleos de cultura como uma amalgama - muitas vezes sincrética - de elementos indígenas, africanos e europeus, de informar objetivamente sobre as culturas ameríndia e africana. Não nos opomos ao estudo da cultura indígena pré cabralina ou da História africana. É benefício conhecer a pluralidade das culturas justamente para poder julgar livremente seu processo formativo, ao invés de repetir-se automaticamente dogmas pós modernistas... Não somos contra a presença destes estudos e culturas no currículo, mas sim contra a forma - relativista - como tais conteúdos são apresentados. Temos o direito de discordar e de assumir uma perspectiva evolutiva ou progressivista, avaliando as diversas culturas a partir de determinados critérios e julgando que umas são mais avançadas ou melhores do que outras. Importa saber onde surgiram a Filosofia ou a Ciência ou onde foram concebidas e produzidas determinadas regras em torno das artes ou ainda determinada normatividade Ética... Onde o teatro veio a luz ou o direito foi sistematizado... Se tudo isto é irrelevante ou deve ser desconsiderado admito nada ter compreendido em termos de História... O próprio comunismo e mesmo o anarquismo surgiram num contesto histórico e social bem definido, não em outro...
Apesar disto os profetas do pós modernismo amam viver entre nós, em meio a nossa Civilização tóxica (A qual afetam odiar) e mais particularmente ainda amam pontificar nas cátedras da Sorbonna ou de Oxford, receber comendas, medalhas, menções honrosas, 'honoris causa', etc Caso aconselhe-mo-los a trocar o terno ou o paletó por uma tanga e banquetear-se com larvas no meio da floresta, viram a tromba e recebem tal conselho como tipo de insulto. Eles que vivem publicando as glórias das culturas tribais sejam africanas ou ameríndias... Mas viver estas culturas e assumi-las verdadeiramente não querem, e vivem longe da 'praxis'... Limitam-se a forjar um discurso pomposo destinado a agradar a opinião pública. Caso acreditassem no que ensinam teriam abandonado a muito o padrão cultural que tanto criticam e se exilado nos desertos, campos e florestas, distantes das grandes metrópoles... Não é o que se observa ou vê. De minha parte tendo e desconfiar daqueles que não vivem seus próprios ensinamentos...
Como T S Elliot e Eric Voeglin, dentre outros, deploro não apenas o anarquismo epistemológico quanto o relativismo cultural, elementos pertencentes a mesma salada ou sopa pós modernista e indigesta.
- Não temos pensamento atual mas quase que total ausência de pesamento. Por isso estamos em crise e a merce de tantos fundamentalismo religiosos. Ao destruírem nossa confiança na percepção e na razão os pós modernistas desarmaram-nos face aos sectarismos e extremismos religiosos. Abriram um alçapão e os homens caíram no abismo da fé cega. Urge reabilitar imediatamente a razão e a percepção, assim a boa Filosofia, com metafísica e a uma Ciência que não seja cientificista.
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