quarta-feira, 7 de junho de 2017

Seleções de artigos: Repto ao ateísmo > Em busca de um HUMANISMO ateu no plano da Ética

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E DARWIN NÃO ERA ATEU RSRSRSRSRSRSRS 


Manifesto é o defeito comum aos mortais e que consiste em amar os extremos e oscilar entre eles.

Assim enquanto alguns multiplicam deuses ao infinito outros negam que haja qualquer Deus.

Tais os politeístas, tais os ateus.

A principal diferença aqui é que os politeístas são mais discretos e comedidos enquanto que os ateus fazem grande bulha ou gala em torno de seu ponto de vista, encarando-o inclusive como sinônimo de magnitude intelectual.

Qual o filósofo que não seja ateu? Perguntam eles.

Ora bolas: Swiburn e dentre os falecidos Antony Flew, Thibon, Ricoeur, Ellul, Jaspers, Maritain, Marcel...

Mas qual o cientista que não seja ateu? Indagam.

Neil de Grace Tyson, Collins, e dentre os já falecidos Gould, Fermi, Lemaitrê, Einstein, Planck...

Mas Diderot, Voltaire, Rousseau, Galileu, etc não eram todos ateus???

De modo algum - Diderot, Voltaire, Rousseau era todos deístas. Spinosa panteísta. Galileu positivamente Católico.

Stalin este sim, era ateu ou melhor ateísta. Paul Pot também o era. E é claro o Marquês de Sade... Além de um grande número de nazistas alemães. E no entanto os ateus não fazem, a mínima questão de anuncia-lo para que todos saibam!

Mas será que os ateus não podem ter uma ética elevada?

Penso que isto seja coisa que não se discute.

Claro que pessoas ateias podem viver uma vida Ética, mormente quando foram criadas num ambiente religioso, teísta, deísta, etc Afinal á Ética é produto da cultura...

Raramente alguém desconstrói por completo sua Ética apenas por ter abraçado o ateísmo.

No fim das contas as pessoas que se converteram ao ateísmo continuam vivendo como sempre viveram, como espíritas, Católicas, Budistas, etc

Assim o que temos de investigar não é se existem bons ateus ou ateus 'éticos' mas se o ateísmo é capaz de produzir uma Ética sua que corresponda a nossas aspirações mais nobre e elevadas ou se o ateísmo pode dar suporte ao humanismo.

Caso em que temos de considerar as opiniões dos 'idiotas' do Dostoevsky, do Scheller, do Kant, do Locke, do Descartes, do Bacon e por ai afora...

Não pretendo ao menos num primeiro momento, entrar no mérito das tais provas clássicas a respeito da existência de Deus.

Mas questionar os ideólogos ateístas e perguntar-lhes sobre o que nos podem oferecer de concreto em termos de Ética, de comportamento, de ação, de princípios e valores, de bem e mal enfim.

É uma demanda muito importante e penso que deva ser satisfeita.

Caso neste domínio Deus seja necessário, então certamente precisará existir e então certamente existirá. Afinal o problema de nossa espécie e civilização é antes de tudo ético, não técnico. Técnica temos...

De fato vangloria-se o ateísmo, acompanhado pelo materialismo, de ter dado colossal impulso a ciência ou a técnica. Em que pese o fato de Darwin Newton não terem sido ateus e tampouco Kepler Da Vinci. Não perderei tempo malhando em ferro frio. Quem quiser constatar quão poucos ateus fizeram ciência remeto as obras de Poggendorf, ide a elas!

Quanto a ciência ou a técnica no entanto ousarei tecer uma observação ou melhor reproduzir uma - Discutível é o valor de uma ciência sem consciência. 
O espírito da frade acima - O qual faz positivista bater com a cabeça na parede - remonta ao grande Sócrates.

Ouso perguntar destarte: Que fez o ateísmo pela consciência do homem, com o intuito de eleva-la?

Eliminemos Deus do plano da Ética.

Podemos conceber qualquer tipo de lei universal e externa ao homem em seus domínios?

Existirá algum imperativo categórico que transcenda aos indivíduos?

Haverá algum critério objetivo em termos de bem e mal, vício ou virtude, crime ou santidade?

Temo que aqui a resposta possa ser apenas uma: Não.

Afinal como poderá haver lei se não há legislador algum?

E como poderá existir algo de externamente universal exceto em termos de materialidade?

Como poderá ser universal se é individual?

E como haveria de ser objetivo se restam apenas mentalidades separadas cada qual com sua subjetividade fabricando princípios e valores não só distintos uns dos outros mas até mesmo opostos???

Afinal sem Deus que elemento unificador resta em termos de Ética?

Sem Deus há nações, religiões, clubes, agremiações, indivíduos... cada qual com suas leis e lei alguma comum.

Excluída a existência do numinoso temos um multidão de seres, de pessoas, de indivíduos alienados uns dos outros.

Cada individuo é lei para si mesmo e nada para os demais.

Humanidade para além dos domínios da Biologia é coisa que não existe. Quebrou-se o espelho em milhões de fragmentos minúsculos. Em termos de idealidade estamos completamente isolados uns dos outros. Até podemos formar grupos porém jamais um grupo que englobe todos os seres humanos.

Em termos de Ética jamais haverá acordo, mas conflito aberto.

Por via alguma poderá fugir, o ateísmo, a uma solução individualista e relativista em termos de ética.

Tanto a noção de bem quanto a noção de mal é relativa ao individuo, tendo cada qual o direito líquido e certo de produzir a sua ética ou a sua moralidade em oposição a ética do rabanho...

Quando chegamos exatamente aqui, precisamente neste ponto o ateísta encara-me curiosamente e pergunta: Sim, mas qual é o problema? Perceba que o ateísmo é libertador!

Libertador???

Pois sim...

Perceba com Sartre como somos ilimitadamente livres para fazermos o que bem quisermos ou o que bem entendermos???

Qualquer coisa?

Digo, aquilo que você considerar bom.

Cada qual pode fazer aquilo que considera bom?

Exatamente.

Mas e se estiver equivocado?

Como poderá equivocar-se se é padrão de autoridade para si mesmo?

Neste caso sempre estará certo?

Ao mesmo para si.

Ótimo, e se por acaso considerar que o estupro seja bom, poderá neste caso estuprar? E se considerar que a tortura seja boa, poderá torturar? E se considerar o assassinato, o rouco, o engano... como coisas boas?

Julgo que não devamos fazer causar dano ou prejudicar outras pessoas.

Mas e se o julgar de modo diferente?

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Acaso sua opinião não é válida apenas para si mesmo?

Certamente...

Neste caso a opinião do assassino, do estuprador, do ladrão... também será válida para cada um deles e isto pelo simples fato de cada qual minimizar seus próprios crimes ou defeitos.

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Agora considere quais seriam os resultados caso semelhante teoria, sobre o direito de assassinar, torturar, estuprar, roubar, trair, etc fosse levada a sério pelos elementos de uma determinada Sociedade?

Imagine só com quanta alegria e contentamento seria a boa nova de Sartre recebida por todos os psicopatas e celerados que povoam o submundo da criminalidade???

De fato o ateísmo parece libertar algo que existe nos homens, mas não o homem mesmo.

Que o homem tenha direito de conquistar seu espaço, de realizar-se, de afirmar-se enquanto pessoa; longe de mim negar. Que seja livre e que tenha direitos essenciais e objetivamente fixados, e inalienáveis, digo a mesma coisa...

E no entanto se este homem compreender que sua liberdade implica - para ser plena ou absoluta -suprimir as liberdades alheias ou rivais?

E se este homem acreditar que tem o direito de abater os demais seres humanos, de domina-los, de subjuga-los, de oprimi-los, de escraviza-los em benefício próprio?

E caso este homem esteja persuadido de que os demais sendo-lhe inferiores não possuem direito algum?

E se este homem pensar que pode matar, torturar, estuprar, roubar e enganar impunemente compreendendo que tais ações criminosas para ele constituem um direito???

Você continuara dizendo que a falta de um Deus, o árbitro supremo pertence a ele, enquanto indivíduo???

Bela doutrina esta do individualismo especialmente quando posta no acesso de tarados, psicopatas ou de pessoas com instintos perversos; as quais bem poderiam vir a perpetrar tais ações conscientemente e a justifica-las metafisicamente em nossos tribunais apelando a 'benção' da liberdade, da liberdade ilimitada e absoluta é claro.

Claro que diante disto você ateu procurará, e não duvido apenas sorrio, reformular, reformar, reeditar ou colorir a sua doutrina ética, polindo-lhe as arestas (Mas a que custo).

Não é coisa nova.

Também J S Mill homem genial e de convicções agnósticas (Sequer era ateu!) consagrou seu engenho ao polimento da doutrina pragmática (formulada pelo deísta Benthan) buscando torna-la mais humana e aceitável. Afinal era necessário estabelecer que satisfação, prazer ou felicidade deveria prevalecer... E lá vai nosso positivista genial, tomar empréstimos logo a quem? Aos odiados essencialistas Sócrates, Platão, Aristóteles, Jesus, etc os quais eram igualmente deístas ou religiosos declarados.

Que resulta disto, que sai da forja de Mill?

Segundo o pensador inglês o que deveria prevalecer - Veja bem! - era o máximo grau de felicidade estendido ao máximo número possível de pessoas possível, seja a nação ou a humanidade. Quem não percebe aqui que nosso homem avança já pelo terreno do personalismo ou mesmo do socialismo? Formulando que a felicidade geral da nação deve prevalecer face ao ideal de felicidade traçada por um indivíduo? Sacrifica nosso autor o idolatrado individualismo ao pragmatismo imprimindo-lhe uma conotação social...

Mas isto não será excelente?

E no entanto tem pés de barro...

E por que?

Porque quando Sócrates, Platão, Aristóteles, Sófocles, Jesus e outros mestres dos tempos passados afirmavam o primado já da pessoa, já da Sociedade, cada qual em seu espaço; afirmavam-no em nome de um Legislador supremo, e portanto enquanto algo essencial, universal, objetivo e imutável; de modo algum como algo relativo e questionável. Era algo que até podiam ser discutido sobriamente como pessoas de boa fé, mas que no fim das contas deveria ser aceito sob pena de determinados prejuízos espirituais...

Queremos dizer que a Ética essencialista podia ser afirmada e imposta face a todos os homens e culturas em nome de um poder Supremo, e isto a ponto de exigir submissão e ser capaz de controlar os caracteres mais difíceis, obstinados e problemáticos, com raras exceções. Tratava-se aqui de um princípio interno, que se introjetado com sucesso exigia fidelidade e auto controle, o que vai muito além da ação militar ou policial i é duma coerção externa.

As pessoas não deixavam de matar por temerem a prisão, mas por temerem sansões e punições espirituais ou por temerem poluir a si mesmas e grande coisa é temer violar uma lei divina e contaminar a consciência. Se o homem estiver persuadido de que as coisas funcionam assim certamente buscara controlar a si mesmo.

Naturalmente que há o outro lado da moeda... E que como tudo quanto é humano, esta ética possa sofrer abuso e grave abuso, degenerando numa moral judaizante, equivocada, maniqueista, puritana, repressora.. Com as imagens danosas e prejudiciais do inferno, dos castigos eternos, do fogo, etc e a decorrente elaboração de complexos, traumas, bloqueios, etc E é claro que temos de reformula-la numa perspectiva verdadeiramente ética e humanista (que é a do Evangelho) considerando Freud e seus colaboradores...

O abuso no entanto nem tolhe o uso nem torna a coisa abusada desprezível em si mesma.

Consideremos então se é possível recuperar o essencialismo ético, recolocando-o nos trilhos indicados por Jesus ou pelos antigos mestres gregos, como Aristóteles.

Mesmo porque, sempre que Mill afirmar sua teoria Ética em seu próprio nome, como J S Mill qualquer individuo sempre poderá discordar dele não? Acaso discordar não é direito líquido e certo do homem face aos juízos, opiniões ou teorias formuladas por outro homem?

Neste caso qualquer degenerado, tarado, psicopata poderia encarar o pensador inglês e argumentar: Compreendo perfeitamente mas julgo ou continuo julgando que as aspirações do indivíduo são tudo e que devam prevalecer sempre face a ideia de 'bem estar geral' ou social formulado por você?

Mas quem é que haverá de discordar de J S Mill, quem discordará??? Antes dele Max Stirner e após ele Ayn Rand como imensa horda de seguidores, todos individualistas. E ciosos quanto a suas dignidades individuais.

Tal seu caso. Você até poderá declarar pomposamente - E nem sei com base em que... - que o 'Direito de um termina onde começa o direito de outro'. Trata-se certamente de uma frase bastante bela e diria essencialmente verdadeira. No entanto como passará aos olhos do outro como formulação puramente humana ou opinião individual, ele sempre poderá dar com os ombros (A pretexto de qualquer coisa) e declarar: Compreendo, mas discordo e opino que...

Você poderá teimar obstinadamente e declarar em seu próprio nome que nós seres humanos devemos nos identificar uns com os outros tendo em vista a similaridade de condição. Assim se o outro ao ser ferido sofre e não gostaríamos de ser feridos, devemos nos abster de ferir! Mais se ao ser enganado o outro sofre devemos revelar-lhe a verdade! Não, não devemos fazer ao outro o que não queremos que façam a nós; melhor ainda - Façamos ao outro tudo quanto aspiramos que nos faça! Absolutamente nobre, mas... Mesmo assim... Assistiria a qualquer individuo o direito líquido e certo de dizer que não esta de acordo, que não concorda, que não aceita e que tudo isto não passa de besteira...

E que outro indivíduo estaria acima dele? Que autoridade superior seria capaz de convence-lo? Mas... Entre homens livres não há autoridade superior no plano da imanência, e tampouco Deus. Logo, a qualquer um é defeso manter sua opinião!

Até posso ver e antever a ideia que lhe passa pela cabeça:

Como dez cabeças pensam mais do que uma, deve o individuo submeter - Ao menos quanto as coisas comuns - suas decisões a sansão da sociedade em que vive (Seja cidade, província, nação ou país), especialmente numa perspectiva democrática e conformar-se com o veredito comum, o veredito da lei.

Eis o que dizem e declaram os juristas ateus, materialistas e positivistas - Kelsen, Alf Ross, etc - alegando que as leis formuladas pelo Estado devam ser sempre acatadas não em nome de uma Lei natural, a qual não existe (Não pode existir Lei natural sem que haja um Deus legislador!), mas enquanto ato positivo realizado pelo corpo social, ou seja, enquanto algo formalmente autoritativo.

Aqui passamos de um extremo ao outro.

Pois face a bela solução do direito puro ou positivo, alias encarado como algo supra social ou neutro (!!!) somem-se tanto o individuo com suas pretensões toscas quanto a pessoa com seus direitos inalienáveis engolidos pelo estado. Pelo que chegamos a mais vil estatolatria, encarando o estado ou o parlamento como um organismo divino que jamais é capaz de errar!

E no entanto este mesmo estado - e numa perspectiva democrática, não totalitária - decreta que um Sócrates beba cicuta e que um Jesus seja crucificado. Aplaudamos!!!

Que dizer então sobre os estados totalitários governados por um Hitler, por um Stalin ou por um Bush??? Obedecer sem questionar a instância legislativa superior, eis a norma, regra e lei. Desobediência civil ou resistência nem pensar, afinal quem é ou o que é a pessoa humana face ao novo legislador supremo dos 'outros' neo ateus, o Estado???

Negada uma onipotência transcendente temos duas opções apenas: Indivíduos pretensiosamente onipotentes como Ed Geyn ou um estado onipotente nos termos da Alemanha Nazista ou da Inglaterra absolutista dos Tudors... Tais as opções éticas dadas aos ateus ou fornecidas pelo ateísmo seguido numa linha escolástica de coerência.

Afinal no fim das contas o significado não é dado pelo que você formula - E você até pode formular conceitos bastante nobres e elevados, por que não? - e sim por quem ou em nome de quem a tese é formulada. Pois caso tenha sido formulada por você individuo, sempre poderá ser negada! Outro porém será sentido do discurso caso apresentado em nome de um princípio supremo como a consciência Universal ou a alma do mundo!

Percebem como Hamurabi, Manu, Tages, Licurgo, Labarna, Numa, o suposto Moisés e até Maomé quando impuseram seus códigos legais em nome de seus deuses???

Quem é o homem ou o indivíduo para que legisle face aos demais exceto se tem força para coagir e dominar?

Qual o estado ou grupo social que tomando uma decisão qualquer sejam impermeável ao erro?

Assim sua solução extremista e radical, de apelar ao estado, sequer abalará os paladinos do individualismo, os quais com boas razões apresentarão os pecados cometidos pelo Estado: Os campos de concentração, os expurgos, os holomodores, os campos de cultivo, as invasões e guerras imperialistas, os julgamentos corrompidos (Como o de Sacco Vanzetti) etc. Lançarão os crimes deste Leviatã em face de seus servos, para em seguida darem com os ombros e declarar: Até compreendo seu ponto de vista, mas... Como individuo livre que sou, discordo e sustento a tese oposta: A liberdade do individuo é ilimitada, absoluta, total; podendo ele fazer tudo quanto desejar ou o que bem quiser!

Agora aprecie a derradeira pedra adicionada a construção pelo francês Ch Foulcault: Com que direito internamos nossos psicopatas e histéricos em clínicas e hospitais, afinal de contas, quem sabe se no fundo, no fundo tudo isto não passa de um controle político tendo em vista a erradicação dos elementos questionadores e inconformados da Sociedade??? Enfim os verdadeiros gênios acham-se em nossos presídios psiquiátricos após terem queimado, esquartejado, torturado, estuprado, etc no exercício de suas liberdades. Tudo isto não nos faz lembrar as teorias de Raskolnicoff sobre o direito do homem superior fazer tudo quanto quer, inclusive assassinar? Obviamente que o critério de genialidade - Esta é do policial Porfírio - é individual, logo...

Observe o leitor amigo a que extremos de moralidade chegaram os ateus! Uns sustentando a onipotência da Sociedade ou a estatolatria, e consequentemente eliminando a razão, a livre vontade, a consciência e a pessoa! E outros, situados no extremo oposto, forjando opiniões a respeito da liberdade dos alienados e declarando que não temos o menor direito de prende-los! Resta-nos esclarecer se podemos prender os verdadeiros criminosos, i é, os assassinos, os torturadores, os estupradores, os fraudulentos, etc???

Admitidos os pressupostos da ética ateia, segundo o qual o individuo é lei suprema para si mesmo, não; exceto se os convencermos de que cometeram crimes e de que devam arrepender-se. Do contrário se afirmam obstinadamente que cometeram ações lícitas, discutir o que, se o homem é a lei suprema de si mesmo e as leis sempre podem estar equivocadas não passando de preconceitos impostos pelo poder??? Claro que dispondo do poder sempre poderemos prender e punir tais sujeitos! Mas e convence-los de que cometeram um crime ou uma monstruosidade, conseguiremos convence-los partindo do individualismo??? Temo que não... O sujeito continuará sentindo-se lesado em seus direitos e oprimido??? E é torturador, estuprador, assassino, ladrão... Feito vítima por obra e graça da doutrina individualista...

Afinal, do ponto de vista do individualismo a única diferença considerável se dá no sentido de quem possui a força ou tem as armas. Assim os criminosos são apenas arbitrariamente declarados criminosos, quanto na verdade limitaram-se a agir livremente ou no exercício da tão afamada liberdade! Afinal, se Deus inexiste a liberdade é tudo... Se Deus não existe absolutamente tudo me é permitido - E assim o é! Explica-me como você, homem igual a mim, pode decidir em meu lugar e regular minha vida? Você é lei apenas para si e não para mim... Eis os tarados e criminosos convertidos em mártires face a um poder ilegítimo e arbitrário!

Se de fato há uma ética, é como já se disse sem sansão. Coisa de contrato social que possa ser revisto. Adere quem quer... E quem não quer aderir mas continuar prevaricando e acometendo os semelhantes?

Ah Madame Holland foste sábia quando exclamaste: Liberdade, liberdade; quantos crimes se cometem em teu nome!

E no entanto os neo ateus - dominados pelos elementos da cultura - ao menos e suma maior parte, não fazem escolástica a partir de seus princípios como a liberdade individual ilimitada. Apenas Sartre, Camus, e alguns outros fizeram alguns ensaios difíceis de serem lidos, como aquele da peça em que o filho degola serenamente a própria mãe e depois, já não me recordo bem, senta-se na poltrona da sala para fumar ou beber, alguma coisa assim.

Todavia no exato momento em que romperem com a herança negativa do positivismo (em torno da ética) e aceitarem o desafio de elaborar uma Ética propriamente sua, veremos o que resultará disto! E como saíra essa nova ética sem Deus!

Pois no momento exato em que reconhecermos ao individuo o direito de causar dano ao semelhante ou de cometer verdadeiros crimes em nome da liberdade, a sociedade estará por um fio e a civilização definitivamente condenada. Cindida a humanidade em dois campos, teremos a um lado o pesadelo de Hobbes i é a luta do homem (convertido em lobo) contra o homem nos termos de uma guerra total; e a outro o sonho de Hobbes i é o domínio absoluto do Leviatã.

Digo por fim, a guiza de conclusão, que semelhante dilema - terrível - só será capaz de ser superado a partir do velho conceito de Lei natural, essencial, universal, superior ao homem e imutável; além de racional. Recuperamos nosso elemento unificador perdido e iniciamos um diálogo prenhe de possibilidades ou caminhamos para o caos! Estabeleceremos novamente o necessário equilíbrio entre as prerrogativas e exigências da pessoa e as exigências da Sociedade ou sucumbiremos enquanto projeto de civilização, o que será imensamente trágico.

Temos de retornar imediatamente aos antigos gregos, aos socráticos, a Aristóteles, Jesus, aos salmanticenses - Vitória, Bañez, Cano, Soto, Suarez... - antes que seja tarde demais.

No entanto caso não exista um Deus...

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