Li antes de tudo a 'Antologia ilustrada do folclore brasileiro' da Edigraf. Desta coleção faziam parte diversos contos sobrenaturais de Minas, Rio, São Paulo, Mato Grosso e Goias. Tinha doze anos de idade e até hoje releio alguns destes contos como a 'Missa dos mortos', a 'Procissão das almas', o 'Negro dágua', etc
A partir de então interessei-me sobre o tema. No ano seguinte, adquiri e devorei o recém publicado 'Contos de assombração' da Ática. Era este volume uma coletânea de que faziam parte contos de diversos países Sul americanos como a 'Mulata de Córdoba', a 'Saiona', etc
Devido a uma série de circunstâncias cessei de ler tal gênero de obras pelo espaço de uma quinze anos. Foi o preço que paguei por uma formação intelectual esmerada. Nada de romances, nada de literatura, apenas um pouco de poesia (clássica ou acadêmica é claro) de quanto em quando... Os romances, contos, etc - inclusive Machado de Assis - haviam de esperar...
Retomei a leitura dos contos, romances e ficção há coisa de uns doze anos...
Buscando recuperar o tempo perdido.
Assim sendo, entre um Machado e outro, de permeio a um 'Quincas Borba' e um 'Memórias póstumas de Braz Cubas' fui retomando o 'terror'.
Uma das primeiras obras que li após o prolongado jejum foi a 'Vênus de Ille' de Merimeé.
Foi uma leitura impactante...
Fazia-se mister recuperar o 'tempo perdido'.
Assim pouco tempo depois li 'O castelo de Otranto' de Walpole.
E sucessivamente diversos contos e narrativas de Poe, Kliping, Doyle, Bierce...
Entremeados pelas 'Histórias' de: Frank de Felitta, Stephen King, etc
Devorei dentre outros: o 'Fantasma da Opera' de Leroy, o 'Drácula' de Stocker, o 'Romance da múmia' de Gauthier, 'Os ancestrais' de Kline, o 'Espírito do mal' de Blatty, o 'Horror em Amityville' de Anson, os 'Mortos vivos' de Straub (meu autor predileto)...
Foi quando descobri H P Lovecraft.
Coisa de uns seis sete anos. Convidado para avaliar e adquirir um espólio dei com o título sugestivo "O que sussurrava nas trevas e outros contos". Era um volume dos anos 60... comprei-o juntamente com os mais e levei para casa.
Passados alguns dias larguei o estudo habitual da Sociologia ou da Filosofia para 'distrair', tomei o volume de contos do tal H P Lovecraft e comecei a ler. Era noite e posso dizer que varei a madrugada... a 'aurora dedirosea surgiu matutina' e lá estava eu vidrado no jovem autor norte americano.
Nos dias que se seguiram a leitura destes cinco ou seis contos comecei a pesquisar sobre o autor e sua obra, em termos de biografia e bibliografia.
Disto resultou a aquisição de mais uma coletânea em espanhol e do Ch Dexter Ward.
Habituei-me assim a ler Lovecraft e penso ter lido já umas vinte obras suas mais ou menos.
Procuro conter-me para não esgotar a fonte duma vez já que nosso homem não escreveu mais do que cinquenta e duas obras.
Muitas das quais filmadas!
O filme 'A bolha assassina' por exemplo inspirou-se no conto 'A cor que caiu do céu', 'Beyond' ou do além (1985) tem por base o conto homônimo de H P Lovecraft. Congo é em parte uma adaptação da narrativa 'A verdade sobre o falecido Arthur Jermyn e sua família' e Re animator uma versão de Herbert West - reanimator. 'Nevoeiro' inspira-se tanto em Stephen King quanto em Lovecraft. 'O legado de Waldemar' dirigido pelo genial Jose Luis Aleman é uma obra emblemática.
Temos assim seis bons filmes para degustar...
O essencial é Lovecraft, há no entanto pitadinhas ou temperos de Poe, King, Maugham, etc o que torna cada um deles ainda melhor.
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