ATENÇÃO
O texto que segue abaixo foi escrito no dia 27 de fevereiro e foi postado no facebook.
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O livro tem pouco mais de 60 páginas e dá informações sobre o que é ser um bagrinho e o que é a vida de um estivador no cais. À guisa de introdução conta um pouco da história dos bagrinhos no início dos anos 60, após isso o autor passa a contar a nova crise que se instalou em 2010. Mas para falar dessa crise é preciso saber que os estivadores estão divididos em dois grupos: os sindicalizados (registrados também conhecidos como carteiras pretas) e os bagres (que são conhecidos como cadastros ou senhas) os últimos não podem escolher o trabalho, pegam o que sobra.
A crise se instalou quando o OGMO (Órgão gestor de mão de obra) introduziu mais 250 cadastros pois segundo a empresa não havia mão de obra suficiente, ante isso os bagrinhos tentaram conversar com os representantes da OGMO reivindicando que 250 cadastros passassem para registros. A OGMO prometeu fazer estudos e nada, então os bagrinhos decidiram acampar em frente a sede do OGMO com uma barraca de camping 24 horas por dia com revezamento de vários bagrinhos. Nesse ínterim surgiram duas comissões a dos cadastros antigos que lutavam por seus próprios interesses e a comissão dos cadastros novos que lutavam pelo interesse geral dos bagrinhos.
A reivindicação dos bagrinhos para se tornar registros tinha como pontos os itens abaixo:
* Ser maior de 18 anos
* Ter as horas necessárias para se tornar um sindicalizado
* Não ter recusado 3 trabalhos ininterruptamente ou 5 trabalhos ao longo de 6 meses
* Ter o kit da OGMO
* Viver exclusivamente do cais e não ter vínculo empregatício com outras empresas
* Ser habilitado entre outras coisas.
Diante das reivindicações dos bagrinhos a OGMO resolveu fazer pressão sobre os estivadores e os bagrinhos diminuindo o número de fainas (trabalho - principalmente de açúcar) e proibindo trabalhar turnos seguidos.
Em suas cartas Lênin mostra a evolução e o retrocesso do protesto na forma de acampamento, a solidariedade dos bagrinhos e a falta de consciência política em outros e também mostra como a OGMO soube manipular grande parte dos cadastros.
Fico imensamente feliz em ler um livro produzido por um operário pois assim fico livre das interpretações de intelectuais de gabinetes que não sentem na pele as angústias do trabalhador, do operário. Eu sempre tive um pé no obreirismo e detesto esse academicismo principalmente dentro dos partidos de esquerda. Assim como detesto esse negócio de vanguarda e de quadros. São os trabalhadores que farão a revolução, são eles que transformarão o mundo.
Como professor de geografia fico grato ao Lênin por ter aprendido tantas coisas boas sobre o nosso porto e seus trabalhadores, é um livro que todo bom professor de história e de geografia deveria ler para conhecer o porto a partir da visão de um bagrinho.
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