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Neste ano Batman faz 70 anos, ou melhor, há este tempo o personagem foi criado por Bob Kane. Quero aqui render-lhe um pequeno tributo, a meu modo. Caramba! O que este cara está pensando? Falar de Batman no intelectualíssimo Bobo da Corte? Sim, eu responderia sim aos puristas e ao fim do artigo espero ter convencido de que valeu a "lauda digital" desperdiçada. Espero que Felix não deseje me matar por escrever aqui sobre isso...
Batman é um herói que marca uma mudança conceitual do tipo herói na DC Comics, uma mudança conceitual também para a cultura ocidental. É perfeitamente o oposto de Superman.
Superman tem seus poderes dada a condição especial sobre que nasceu, assim como outros heróis a um acidente especial que mudou suas vidas, a experiência científica a que foi submetido. Se pensarmos sobre uma análise das idéias que estão envolvidas na composição destes personagens veremos que eles nos falam de nossas próprias noções do herói, do homem de talento, do gênio.
Encurtando, para voltarmos ao Batman, o Superman e heróis com poderes especiais representam a nossa crença antiga em filhos dos deuses como Hércules, a pessoas previlegiadas por inspirações únicas, ao nosso mito cultural sobre a inspiração e a condição de sucesso como uma eleição dirigida por algo superior. Estes heróis são tipos alienantes uma vez que sua mensagem última é que "nós normais devemos deixar de buscar demais sonhos grandiosos, devemos deixar isso para os gênios da ciência, ao Superman, ao Bill Gates, pois isso de herói é para predestinados, para pessoas especiais."
Batman por outro lado, é humano, e aos oitos anos de idade, após uma sessão do filme do Zorro viu seus pais serem brutalmente assassinados. Mas ainda sim, Bruce Wayne é super rico, herdou um império de seu pai. Nada lhe custava abandonar tudo e viver uma boa vida de burguês.
Wayne, no entanto, criou seu próprio caminho, não quis se calar diante de seu passado, ou contornar a violência sofrida por seus pais. Treinou dias e noites em sua mansão, recluso, foi para as ruas e começou a se preparar. Aprendeu sobre investigação e em alguns anos se tornou o combatente do crime.
Batman representa a verdade sobre o sucesso, sobre a inspiração, de que Einstein e Darwin não foram previlegiados, (para citar alguns exemplos) mas apaixonados e obstinados por seus ideais. Darwin colecionou besouros a infância toda, viajou durante cinco anos em pesquisa, publicou mais de uma centena de artigos menores ao retornar a seu país de origem para ganhar espaço e então depois de uma vida de dedicação escreveu "A Origem das espécie".
Batman ensina que basta acordar de seu real estado, sonhar com seu projeto de vida, investir em seu objetivo como seu principal projeto, ser obstinado e resistente as falhas e podemos ser herois.
Bruce Wayne abre o mundo do herói a todos. Celebremos os 70 anos deste grande herói!
Obs: O Mito da Criatividade é o nome do livro de Fábio Zugman, eu recomendo. Este post foi elaborado a partir da leitura do livro.
2 comentários:
Hum... o citado Zorro tambem não escapa muito disso, né? Apenas não era tinha armas tão modernas e nem era tão rico (até era, mas não comprava armas diferentes com a dindim).
Sobre os heróis alienantes e a teoria do mononito, creio que sempre existirão, como uma expressão da vontade de jogar a responsabilidade em algém mais "indicado".
Viva ao Batman, ao Zorro, ao McGyver, Poirot, Jame Bond (o dos livros, claro), Miss Marple, Gandhi (?) e todos os heróis em nada de sobrehumano, exceto boa inteligência, força, persistência e caráter! :D
Excelente artigo, concordo com quase tudo. Não sei se o Batman seria tudo isso se nascesse negro e numa favela.
Mas que é bem diferente do Superman isso é, Superman já nasceu super ou se tornou super por causa das condições terrenas. O Batman se construiu a si mesmo.
Parabéns Chris.
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