A entrevista tratou do meio ambiente, do criacionismo, do D.I, e de um artigo do The guardian que aponta Marina Silva como uma das 50 pessoas que podem "salvar" o planeta.
A pré-candidata à presidência da República mostrou-se altamente fanática, fazendo várias referências à Bíblia, e não podia deixar de ser assim, posto que a entrevista foi feita por jovens judaizantes (que seguem mais a Moisés do que a Jesus).
A entrevistada disse que os cristãos tinham (e em se tratando de certas facções ainda tem) uma mentalidade de que Deus criou o mundo para eles e que podiam fazer o que bem entendessem, matando animais, destruindo as matas e poluindo os rios, devido a leitura do texto: "...enchei a terra e submetei-a. Dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todos os animais que se arrastam sobre a terra" (a entrevistada não citou o texto, mas aludiu ao mesmo nas entrelinhas).
Que esse texto leve ao desprezo da natureza há muito tempo que não é novidade para mim, a novidade foi que a senadora Marina Silva, demonstrou a farsa desse cristianismo fundamentalista.
Ela disse que os cristãos estão tomando consciência da natureza hoje (um pouco tarde né?). Muita gente já tinha a consciência de preservar o meio ambiente sem ler a Bíblia ou ter inspirações divinas.
O que chamou a minha atenção é que ela se confessou criacionista, claro não abertamente não com todas as palavras para não melindrar cristãos evolucionistas, agnósticos e pessoas de outras crenças e sem crenças adeptas da Teoria da Evolução.
A ex-ministra teve a ousadia de comparar a Teoria da Evolução ao criacionismo. Afirmou bom o fato da sociedade de um ensino pluralista, para que as pessoas possam escolher entre os diferentes pontos de vista. Era só o que faltava, a Teoria da Evolução não é mais um fato estabelecido, comprovado e que passou pelos testes de falseamento. Agora o evolucionismo é um ponto de vista, um palpite e por isso pode ser apresentada como uma mera opinião, assim como o criacionismo, e aí a pessoa terá a liberdade de escolher entre uma e outra opinião. Ela não precisa mais aceitar aquilo que é um fato estabelecido, ponto pacífico, porque todas as pesquisas, todas as evidências acerca da evolução não passam de palpites.
É ser muito desonesta ou ser uma pessoa completamente desinformada para colocar ciência no mesmo patamar que a religião. Crença não se prova, não pode ser falseada nem discutida, não pode ser pesquisada, etc... O D.I já foi demonstrado ser uma falsidade absoluta, quando Michael Behe foi refutado no tribunal no caso Kitzmiller.
Marina Silva quando propões que ambas "opiniões" sejam ensinadas em pé de igualdade, fere a laicidade do Estado, e sem perceber propõe a união entre o Estado e a Religião. O Estado laico não permite o ensino religioso mas tão só o ensino laico.
Caso a pré-candidata Marina Silva seja eleita presidente (que isso não aconteça!) para quem governará? Sim, ela tem chances de ser eleita, porque é da Assembléia de Deus e os fiéis dessas facções pentecostais votarão nela de olhos fechados porque em sua maioria não possuem estudos e fazem tudo o que seus pastores mandarem. Outros fanáticos verão em Marina Silva a fortaleza contra a "impiedade neodarwinista", e por isso não só votarão nela, como farão propaganda gratuita. A questão ambiental para um assembleiano, um iurdiano, presbiteriano é de pouca importância. São essas pessoas adeptas do criacionismo e do DI é que destróem a natureza, porque acreditam que Deus pode recriar tudo de novo do mesmo jeito e/ou até criar espécies novas como acreditava Georges Cuvier.
Se os dois "palpites" podem ser ensinado nas escolas, é evidente que a maioria optará pela opinião que Deus criou o mundo de acordo com o Gênesis ou que certos órgãos requerem projetista inteligente dada a complexidade irredutível da mesma, o que em outras palavras quer dizer que não houve evolução alguma, e se houve alguma foi através de um passe de mágica. A maioria dos alunos apoiará o criacionismo fundamentalista ou aqueloutro travestido de ciência, e isso porque o ensino de biologia das escolas públicas é deficiente, e por ser deficiente os alunos se curvarão perante a pseudociência. Se o criacionismo ou DI entra nas escolas laicas, não entra como ciência, porque não é ciência, entra como ensino religioso para tentar debelar a ciência.
O evolucionismo não é um ponto de vista como quer a futura presidenciável Marina Silva, não. Lamarck, Darwin, Wallace, Haldane, Dobzhansky entre outros não eram meros aventureiros, mas pessoas que dedicaram suas existências às pesquisas. Muito diferente de padres, pastores, rabinos e xeques que já tem verdades reveladas e que podem "refutar" a ciência com versículos e suratas.
Se o leitor deseja um Estado leigo, com um ensino melhor ou menos ruim não vote em Marina Silva; Agora se deseja ver um talibã tupiniquim aí é outra conversa...
Segue o vídeo da entrevista da Marina Silva para os que preferem ver com os próprios olhos e ouvir com os próprios ouvidos as pérolas da ex-ministra do meio ambiente.
#111 Entrevista com a Ministra do Meio Ambiente Marina Silva from Matheus Siqueira on Vimeo.
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