domingo, 12 de outubro de 2025

A ambiguidade conservadora - Conservar o que...

Leio bastante material conservador de vária procedência.

Assim como leio bastante material anarquista, comunista, liberal, etc

Busco tudo analisar criticamente e reter o que é proveitoso.

Naturalmente que não me encaixo em nenhuma dessas caixinhas, quadrados ou jaulas mentais.

Folgo não pertencer a qualquer desses sistemas que se me parecem mais bulas de medicamento ou receitas de bolo.

Tampouco sou um irracionalista sincrético, que busca conciliar, por exemplo, a liberdade total do mercado com a proteção a natureza e tenho meu lado: O da natureza e o do bem comum ou da justiça social. Simples assim. 

De fato reconheço a mim mesmo como 'socialista' heterodoxo - Religioso, ético, humanista, etc alinhado com a 'Social democracia' ou com o 'Bem estar social"... Isto é com o 'Socialismo pequeno burguês', hostilizado pelo senhor Marx e comprometido com o liberalismo político ou com o que chamamos democracia - Embora eu mesmo aspire por uma democracia cada vez mais direta ou popular, enfim por uma policracia.

Tanto pior quanto a questão das moralidades. Conservador quanto a fé, os dogmas ou mistérios de Jesus Cristo, a liturgia, etc E, mutabilista e objetivista - Logo Socrático! - quanto é Ética. Sou progressista quanto a moral ou os costumes (Sempre diferenciados e relativos a cada grupo social.) e adversário marcado de qualquer modelo conservador nessa área, assim de qualquer moralismo e particularmente do puritanismo, o qual identifico com o farisaísmo hipócrita fustigado pelo divino Mestre Jesus.

Se ser conservador é ser moralista embiocado ou fariseu puritano, estamos em campos não apenas diversos mais opostos.

Alias conservador em que ou com relação a que... Porque já disse que sou conservador, ao menos em algumas áreas... O termo como se vê é ambíguo e confusionista. 

Conservador 'in totum'... Tão utópico quanto comunismo ou anarquismo - Alias, monstruosamente absurdo. No mínimo clamoroso defeito em termos de conhecimento histórico, porquanto sociedades não são múmias ou animais empalhados, eternamente envolvidos em estreitas faixas. Pelo contrário, todas as culturas e sociedades são marcadas por um grau maior ou menor de dinamismo. Sociedade imutável e fixa é coisa que não existe...

Portanto conservador onde e com relação ao que...

Que se quer conservar...

Se Hildebrand, com razão, apontou os termos direita e esquerda como ambiguos e confusionistas, tenho que o termo conservador o seja ainda mais ou em grau maior.

Alias prefiro os termos socialista, progressista, reacionário e liberal, quiçá com algum adendo. Assim, repito, sou socialista 'heterodoxo', progressista em moralidades, reacionário em termos de cultura, liberal em política, conservador quanto a fé, a Ética e a Estética, enfim, segundo meus críticos uma salada, pois sendo crítico devo ser eclético e não sectário. 

Por isso defino os conceitos e suas áreas ou seus limites: Não sou liberal em economia, como não sou comunista quanto ao socialismo ou progressista\relativista quanto a Ética ou a Estética, e menos ainda moderno ou contemporâneo quanto a cultura - Pois no âmbito das moralidades, dos costumes, da cultura, etc, desde que não haja choque com o Evangelho ou as palavras de Jesus Cristo, sou greco romano... 

Daí - Conservador onde e com relação ao que...

Pois ser conservador na Inglaterra ou nos EUA implica conservar esse modelo podre chamado capitalismo... Embora Scruton e outros se tenham aproximado cada vez mais de formas comunais e campesinas, com acentos reacionários que tocam ao ruralismo e ao primitivismo. A mesma evolução experimentada pelo ilustre professor tomista brasileiro Jorge Boaventura, autor bastante querido dos militares e muito presente na BIBLEX. 

Alias a tendência e os acentos são comuns em diversos graus quanto a um paulatino afastamento do liberalismo econômico e uma aproximação dos socialismos não totalitários, religiosos e heterodoxos do passado - Nada que me venha surpreender. 

No entanto ao menos para alguns autores e para os leitores brasileiros 'médios' o conservadorismo anglo saxão deve ser encarado como em termos de um éthos social recente e portanto em termos de capitalismo, urbanização e avanço ou progresso técnico e econômico. Ainda quando uma de suas referências, J Stuart Mill tenha postulado a doutrina da 'Economia estacionária' e se oposto a mística cristã secularizada em torno do progresso ilimitado.

Quanto a este conservadorismo boçal e de origem protestante (Elemento típico do americanismo) que busca associar o puritanismo, o moralismo ou o fixismo moral com um liberalismo econômico acelerado e a mística do eterno progresso, só posso sentir infinito desprezo, daquele que se sente por tudo quanto seja estúpido ou imbecil. Pois é unir o inútil com o ocioso ou o ruim com o desagradável e, inverter a ordem do verdadeiro progresso, colocando imobilidade onde deve haver mobilidade e mobilidade onde deve haver menos mobilidade ou imobilidade. 

Mas é com isso mesmo que nos deparamos no Brasil, via de regra admirador e reprodutor da cultura Yankee, mormente após os avanços do protestantismo.

Outro o caso de um conservadorismo crítico e limitado posto num pais europeu latino ou de cultura greco romana, na Rússia ou no Brasil, tendo em vista sua cultura, suas tradições, suas raízes, sua identidade, etc Embora eu prefira o termo reacionário.

Naturalmente que não estou me referindo ao escravismo ou ao machismo por exemplo. 

Posso no entanto - E ouso faze-lo - mencionar certos aspectos interessantes e dignos de nosso passado como dignos de serem recuperados: A fé e a liturgia da igreja romana (Anterior ao Vaticano II), as organizações e festas populares (Reisado, Bandeira, festas juninas, etc), o apreço pela lingua pátria e suas referências clássicas, o resgate de nossa musicalidade ancestral (O sertanejo caipira, o samba bahiano, a guarânia, a toada, etc), a retomada de certos hábitos alimentares, o ruralismo, o sentido comunal, a doutrina social da igreja romana, etc

Sem querer dar uma de Policarpo Quaresma os brasileiros precisam sim aprender a valorizar o que é seu, suas tradições, suas raízes, sua identidade cultural. Não estou dizendo aqui que se deva deixar de beber Coca cola ou mesmo de comer sanduíche... Julgo no entanto que esse culto ao MacDonalds, ao Rock, ao jeans e a tudo quanto venha dos EUA deva ser analisado criticamente - Pois já estão os pastores enviados pelo Trump, dando a suas seitas o nome de ''church"!!! E o objetivo é claro: Depreciar nossa lingua, a lingua ancestral, a lingua pátria e substitui-la pelo inglês, até transformar-nos em colônia 'made in EUA'. E digo que tal é um projeto - O imperialismo cultural é um projeto Norte americano e sua ponta de lança essas seitas protestantes.

E o objetivo é substituir, por completo - O pingado pela Coca Cola; o pãozinho com manteiga, o bauru ou o biju pelo mac sei la o que, a toada pelo Rock, o português pelo inglês, a igreja esculachada de Roma por essas churches e todos os nossos hábitos ancestrais por costumes importados dos EUA, até que não mais nos reconheçamos como brasileiros!!! - E há gente que opõe Funk a esse projeto rsrsrsrsrs PASSO... O propósito final é que nos passemos a ver como súditos do grande e decadente império do Norte... 

O que é potencializado pela Globo e por nossas salas de cinema, servidores acríticos da indústria cinematográfica Yankee. Afinal outro agente bastante bem sucedido quanto a implantação da cultura exógena em nosso país é o filme... ou Holywood. 

Portanto, caso não revejamos criticamente nossa prática cultural, ao fim deste processo nos converteremos numa cópia ou plagio cultural dos EUA. Uma vez que nossa cultura é atacada por todos os lados e menosprezada pelos brasileiros vendidos.

Há no entanto coisas ainda mais remotas para conservarmos, as quais são atacadas não pelo americanismo, mas por correntes de pensamento ainda mais difusas, como o anarquismo 'místico' e o pós modernismo. Aqui nos referimos a nossa herança grega em torno da Filosofia perene, do socratismo, do aristotelismo, da afirmação da realidade e da verdade.

Haja visto que o ceticismo, como é bem sabido, ao impossibilitar-nos quanto a avaliar a dor alheia como real, quanto a sensibiliza-nos, etc costuma lançar-nos dos braços de um conformismo prático que confina com o conservadorismo tosco... Afinal por que revoltar-se se não podemos afirmar a realidade da injustiça... E como revoltar-se se não existe um modelo ideal ou programa de ação quanto a realidade futura...

Tal o drama do anarquismo total ou místico (Que invade a cultura e os domínios do saber!) o qual arremetendo-se contra tudo quanto seja antigo ou tradicional, não poucas vezes destrói e destrói com fúria, sem nada construir de duradouro ou resistente - Abrindo espaço, não poucas vezes, para o protestantismo, o americanismo e a 'sifilização' contemporânea. Avalio eu que muitas vezes tais emendas saem piores que o soneto bárbaro... E de fato eu não acredito que o modelo protestante, capitalista, anglo saxão ou americanista seja melhor do que as mazelas da igreja romana ou da ortodoxia e tudo quanto vejo, sob o termo de progresso, é quase sempre piora.

Tenho repetido a exaustão: O melhor padrão de resistência cultural ao americanismo está em nosso passado clássico, em nossa herança greco romana, na Filosofia perene construída por Sócrates e Aristóteles em torno da verdade objetiva. Digo o melhor porque até mesmo o Catolicismo Ortodoxo ou apostólico, enquanto afirmação da verdade, dele depende.

Nossa resistência não poderá ser bem sucedida caso parta do irracionalismo ou do fetichismo. Só poderá ser vitoriosa e feliz caso tome por base a racionalidade e da liberdade. Uma vez que apenas elas podem suportar a afirmação do conhecimento científico, do bem comum e da fruição estética ou artística. É erro funesto repudiar a cultura europeia em bloco ou como um todo sem considerar cada elemento. Com efeito os erros da conquista, do escravismo e do capitalismo não justificam a rejeição de nossa herança grega, com a qual não estão diretamente relacionados. Julgo que posso dizer o mesmo sobre o Cristianismo antigo apostólico ou Ortodoxo.

Penso que nos devidos limites e de modo pontualmente marcado, haja espaço para certo conservadorismo crítico em oposição ao liberalismo econômico e seu projeto iconoclástico de progresso ilimitado e transformação acelerada> Assim a conservação de nosso patrimônio natural ou ecológico i é da fauna e da flora, das florestas e rebanhos, das selvas e colônias, enfim da mãe natureza. É algo a ser protegido com unhas e dentes, mantido, conservado e legado a contemplação das gerações futuras - Alias questão de sobrevivência e bem estar.

Assim a conservação de nosso Patrimônio histórico e arqueológico, igualmente ameaçado pela especulação imobiliária. Aqui, temos diante de nós o nosso passado, fundamento de nossa herança e identidade. Assim nossos monumentos, construções, vestígios, objetos, etc 

O que nos leva ao Patrimônio cultural, a respeito do qual discorremos mais acima. Sabendo que estão conectados formando como que uma simbiose. A portanto, no mínimo três setores em que um conservadorismo ou reacionarismo crítico faz oposição face ao que temos no Norte e que estão tentando implantar ou consolidar entre nós latino Americanos ou brasileiros.

Tal o nosso conservadorismo brasileiro, latino americano, apostólico ou grego romano, totalmente diverso do conservadorismo médio anglo saxão ou norte americano. Naturalmente que o brasileiro médio, leitor de um autor tão superficial quanto Olavo de Carvalho (Alias reprodutor acrítico do modelo norte americanista.) ignora tudo isto. Resta-nos convida-lo a ler as últimas obras do profo Jorge Boaventura, de Scruton ou mesmo de John Gray. 

Afinal nada há de conservador ou de conservadorismo em assimilar uma cultura estrangeira que, há mais de século, Eduardo Prado, avaliou como essencialmente oposta a nossa. 




sábado, 11 de outubro de 2025

A oportunização das capacidades

Um aspecto aparentemente irrelevante para a ampliação do conhecimento é a ampliação de direitos e oportunidades.

Como foi salientado por Poincaré, em seus estudos sobre Ética, é a ciência (E assim a Filosofia) uma construção cumulativa e coletiva, não um trabalho individual. Impossível tornar atrás com o objetivo de tudo comprovar novamente... 

Geralmente cada peça de um aparelho representa o trabalho de um cientista.

Por sinal, aqueles que desejam criar algo novo, começam quase sempre elencando o quanto já foi criado em sua área e buscando saber como tais criações foram produzidas. 

Conectar pessoas é como estabelecer sinapses entre neurônios e transformar a humanidade num cérebro.

Isto no entanto depende dos meios, dos meios de comunicação - Cujo papel é favorecer a troca de ideias, a associação e a síntese.

Todavia seria inútil por as pessoas em contato caso não fossemos capazes de garantir a liberdade e os direitos de cada uma.

Pois o exercício da liberdade e a fruição dos direitos é que conferem a cada um de nós as condições ideais para bem pensar. 
É demanda imposta pela gratidão aspirar engrandecer um sociedade ou grupo social que garante nossos direitos essenciais - Assim a Sociedade democrática.

Ao atribuir a todos, sem distinção, a fruição da liberdade e a todos encarar como objetos de determinados direitos a Sociedade democrática cria condições para que cada qual possa dar o máximo de si tanto na atividade da pesquisa, quanto na capacidade reflexiva ou na produção artística.

Cria ela enfim as condições necessárias para que todos se respeitem, convivam, entrem em contato, dialoguem, troquem ideias, pesquisem e reflitam juntos - Criando como que uma teia ou um tecido do saber.

Ao integrar a mulher, o homossexual, o deficiente, o idoso, o trabalhador humilde, a criança, etc a sociedade dos direitos possibilita que o conhecimento circule mais rapidamente. Criando pontes entre indivíduos 'diferentes' na igualdade da pessoa, a sociedade democrática estimula a associação entre as unidades do saber e a produção de novos implementos.

Quanto maior a integração em termos de unidades do saber tanto maior a chance de produzirmos coisas novas e de avançarmos no entendimento geral.

Outro o caso das sociedades elitistas fechadas, que separam e reprimem os indivíduos. Na medida em que discriminam e oprimem. Pois quebrar pontes é impedir a troca de ideias, obstruir o diálogo e dificultar a expansão do saber, fruto - Como já dissemos, de um trabalho comum ou colaborativo. 

Nem por isso me acuse, o leitor de boa vontade, de incoerência ou de pós modernismo. Não nego e jamais poderia negar a existência da Verdade e da Verdade ética objetiva - Súdito de Cristo, porém da mesma forma súdito de Sócrates. Afirmo a existência do bom, do belo e do verdadeiro. 

O quanto devo questionar é a posse de uma verdade imutável, por parte dos que se dizem cristãos, no campo da moralidade. 

Mormente quando por questão de cultura foi o Cristianismo colonizado pela moralidade ou por um moralismo judaico nada divino, nada revelado, nada sagrado e nada Cristão (Do qual não há mínimo vestígio no EVANGELHO) em termos de especismo, machismo, homofobia, escravismo, etc

Se contra os protestantes afirmo a infalibilidade, inerrância e incorruptibilidade da Igreja Ortodoxa, Apostólica e Católica quanto a metafísica, os mistérios de Cristo, os dogmas, os artigos de fé ou a manutenção da Revelação divina, recuso-me terminantemente a afirmar um infalibilidade mecânico\formal da igreja no plano das moralidades ou da Ética, embora reconheça uma ação genérica da providência em parte da igreja ou das consciências que dela fazem parte. 

E compreendo essa ação - No campo da Teologia para tanto mais depurar e esclarecer. - nos campos da moralidade e da Ética como uma distinção cada vez mais radical entre o conteúdo cultural ou natural das moralidades judaicas e o conteúdo sagrado, divino e transcendente do Evangelho ou das palavras e lições de Nosso Senhor Jesus Cristo. Do judaísmo detemos apenas o quanto nosso Instrutor divino apontou e avaliou como Sagrado: O Decálogo, e nada mais. E negamos a sacralidade ou a sobrenaturalidade da moral hebraica.

Portanto não acreditamos que esse conteúdo semita - Que cria uma ponte com o islamismo. - (Machismo, homofobia, escravismo, estatismo, etc) tão caro ao apóstolo Paulo (Fariseu, filho de fariseu e aluno de Gamaliel.) pertença de fato ao Cristianismo ou seja Cristão.

Para além disso encaramos como um marco, quanto a afirmação de direitos civis inerentes a pessoa humana, a atuação do religioso espanhol Francisco no correr do século XVI, enquanto decorrência dos grandes descobrimentos. 

E quero estender-me quanto a isso. 

Partindo do fato segundo o qual o que chamamos de velho mundo ou mundo bíblico constava apenas de algumas partes da Ásia, da África (Então chamada Líbia ou Mizrain) e Europa. Nós mesmos, noutro artigo, já estabelecemos que os antigos israelitas nada sabiam, em absoluto sobre os chineses e indianos, para não falarmos nos povos americanos. Por sinal politeístas e pagãos em sua quase totalidade. E mesmo assim em posse de uma diversidade religiosa bastante significativa.

Para não falarmos nos povos americanos...

Ora a relação entre os povos conhecidos já havia sido marcada - Não pelo Cristianismo, porém a partir da cultura judaica. Agostinho, a partir dela, afirmou que os africanos ou pretos seriam descendentes de Caim ou de Cã, etc portanto amaldiçoados e destinados a dominação ou ao escravismo. Argumento fartamente explorado pelos batistas norte americanos, defensores da escravidão africana, ao cabo do século XIX... Quanto aos pagãos da antiga Europa houve um maior tato, prudência e composição...

Por outro lado o islã estabeleceu a relação em termos bastante simples - Os quais fazem lembrar o padrão israelita com relação aos antigos cananeus (Reproduzido do mesmo modo pelos calvinistas ou 'novos israelitas' nos EUA) - aos povos do livro > Judeus e Cristãos, a Djzya; aos politeístas e pagãos a conversão ou o extermínio. 

A descoberta ou se quiserem integração cultural da América ao 'velho' mundo planteia tal situação para os Cristãos romanos do século XVI e é fecunda quanto a consolidação dos direitos que hora chamamos inerentes e universais (Os direitos essenciais a pessoa humana). É necessário traçar esse esboço histórico apenas para demonstrar que a atribuição de direitos universais e incondicionais não é, de modo algum, obra do pós modernismo, porém do Cristianismo apostólico, da tradição Cristã, da reflexão teológica, etc 

Pois é, como disse, fenômeno que remonta ao contato dos cristãos ocidentais europeus com os povos pagãos ou não Cristãos das diversas sociedades americanas. Mais - Tal reflexão não foi conduzida por incrédulos, materialistas ou ateus porém por clérigos ou religiosos, particularmente pelos Dominicanos, herdeiros do pensamento tomista e, tanto mais remotamente, de nossa herança grega, clássica ou aristotélica.

Problematizemos: Ao tempo em que a América fora descoberta ou integrada ao universo das relações globais, havia a Europa feito um percurso posterior a Aquino e a escolástica, chegando a Renascentismo, e portanto a uma valorização ainda maior da figura e das lições de Aristóteles por um determinados grupos intelectuais, particularmente paduanos e veronenses. Diante deste recrudescimento do aristotelismo podemos dizer que a postura de  Aquino foi tanto mais crítica e temperada pelo Evangelho - Quando havia atrito entre os ensinamentos Éticos de Jesus e os do Filósofo, Aquino optava sempre por seguir o Evangelho.

Diante disto, certo número de Cristãos espanhóis - Como Juan Ginés de Sepúlveda e Fernandez de Oviedo - firmados em Aristóteles e no antigo testamento, alegaram que os indígenas americanos deveriam ser tratados no máximo como os infiéis maometanos, que eram bárbaros, inferiores ou sub humanos, que não podiam ser objetos de direitos, etc Se lhes opôs a Escola de Salamanca sob o comando de Francisco de Vitória. Era representando ele, neste nosso Novo mundo, pelo profícuo e operoso Bartolomeu de Las Casas, pelo Bispo Vasco de Quiroga, etc Da colaboração destes e doutros grandes homens Cristãos: Soto, Bañes, Cano, etc aflorou o Colóquio de Valladolid (1551), ocasião em que, pela primeira vez na História humana foram considerados os direitos inerentes a pessoa humana, posteriormente estendidos a todos os seres humanos.

Aquele foi o ponto de partida. Pois a lógica é a mesma seja aplicada a mulheres, crianças, idosos, deficientes, gays, membros de outras etnias, etc Pois argumentava Las Casas que eram os indígenas livres na ordem da natureza i é independentemente de suas crenças, exceto quando estas produzissem agressões ou violência. E o que está por trás disto é a tradição autenticamente Cristã, apostólica, católica e ortodoxa segundo a qual a fruição dos direitos naturais por parte dos seres humanos independem de suas crenças religiosas ou de qualquer status espiritual.

É proposição tradicional (Implícita nos padres da Igreja e no Evangelho.) e ao mesmo tempo revolucionária - Pois se a fruição de direitos essenciais e naturais por parte dos humanos neste mundo independe da fé ou do estado da pessoa, independe da mesma maneira e com maior razão ainda de quaisquer outras condições externas, tais como: Origem, situação econômica, gênero, opção sexual, idade, saúde, etc Conclusão: A ação externa da pessoa ou sua avaliação moral não deve ser considerada quanto a atribuição de direitos e, alias, mesmo os criminosos não cessam de ser objetos de direitos essenciais, inda quando imobilizados e privados do direito de ir e vir. 

Independentemente de quaisquer atitudes, ser humano algum jamais cessa de ser objeto de direitos inerentes pelo simples fato de ser humano i é um ser racional e livre. 

Portanto mesmo que você, a luz de sua fé, encare os gays ou as feministas, os pagãos ou os dissidentes, os ateus ou blasfemos como condenados ao fogo eterno ou simplesmente como sujeitos a penalidades espirituais, eles continuam sendo sujeitos ou objetos de direitos essenciais - E portanto (Enquanto pessoas!)) credores de respeito e tolerância, em qualquer sociedade deste mundo.

Nem se pode questionar seriamente a distinção estabelecida do ponto de vista da fé ou da crença. Pois caso confundíssemos a esfera natural e imanente da política com o mundo sobrenatural e invisível seríamos levados a questionar o exercício do poder por parte de qualquer pecador. Nada mais pueril do que vincular a fruição do poder político ao estado de graça, uma vez que é, o estado de graça, conhecido apenas de Cristo, inacessível ao conhecimento humano, inverificável, etc Do que resultariam apenas especulações sacrílegas, discussões inúteis, tumultos e revoluções no campo da política. 





sexta-feira, 10 de outubro de 2025

Relativismo cultural: Histórico e confrontação

Posto o problema em seus devidos termos, urge identificar os principais responsáveis ou culpados.

Assim a ideologia que ora se converte em dogma, o relativismo cultural.

Refiro-me ao ponto de vista segundo o qual não se pode falar em culturas superiores ou inferiores. Devendo todas ser avaliadas como iguais.

Segundo essa opinião inexiste notação cultural, posto que tudo quanto é produzido pelos humanos é cultura.

Aqui o 'confusionismo' é evidente. Pois do fato de que tudo quanto seja produzido pelos humanos seja cultura não se segue que todas as produções culturais da humanidade tenham o mesmo valor...

Que toda a cultura produzida pelo ser humano tenha igual valor é algo que se afirma, mas que jamais se demonstra. É portanto um juízo de valor, demasiado subjetivo e arbitrário que a pós modernidade irracionalista aspira converter em dogma inquestionável, a ponto inclusive que criminalizar os oponentes.

É, repito, opinião indemonstrável e caprichosa, emitida por antropólogos como Franz Boas, R Benedict, M Mead, J Herscovitz e outros desde os primórdios do século XX e convertida, nas últimas décadas, em arma política, por parte de minorias ambiciosas, inspiradas por modelos religiosos totalitários.

Inútil argumentar que a Helade clássica produziu o esporte, o teatro, a Filosofia, os cânones da arte, a Democracia, etc enquanto que as antigas tribos israelitas nada produziram de equivalente. Ocioso alegar que a civilização cristã bizantina produziu um modelo de serviço social e assistência, enquanto que a Europa ocidental nada produziu de similar. 

Outros contrastes?

O reino de Angkor e os povos das estepes.  A Itália Renascentista e a França feudal do século XIV. A Bélgica romanista, guiada pelos sábios da Louvain e a Inglaterra do século XIX. Os países escandinavos do bem estar social e os EUA nas últimas décadas do século XX...

Para os irracionalistas, funcionalistas e pós modernos é absolutamente tudo igual. Assim o projeto islâmico para a Europa e o projeto calvínico/pentecostal para o Brasil e a vigência das instituições liberais do tempo presentes. Afinal, se tudo quanto existe são narrativas, e se toda verdade objetiva nos foge, como postular diferentes projetos sociais e políticos, estabelecendo uma escala de valores???

Em última análise é o relativismo social ou cultural fruto da epistemologia kantiana ou do ceticismo metafísico. Seja como for o temos de analisar atenta e profundamente, de modo a fazer-lhe oposição.

A primeira assertiva, alias, até certo ponto justa, é que não podemos comparar grupos ou sociedades que floresceram em diferentes espaços e eras. Quanto ao espaço, há certa lógica. Pois sem chegarmos a F Ratzel e ao determinismo geográfico, temos que admitir que o fato da Revolução Inglesa se ter dado na Inglaterra, cujo solo é, por assim dizer, um  pedaço de carvão, é bem mais do que uma coincidência. Tampouco podemos negar que os habitantes dos desertos, estepes e montanhas sejam mais agressivos que os agricultores das grandes planícies aluvionais - Ou que as primeiras cidades se tenham formado junto as margens dos grandes rios (cf Metchenicoff). 

A questão aqui é se a condição geográfica determina ou apenas possibilita, ficando os resultados na dependência do éthos específico de um dado grupo humano. O que nos leva a questão central i é se qualquer povo, num dado espaço e num dado tempo, procederia da mesma e exata forma que outro... Ratzel foi pelo determinismo espacial... Porém V de La Blache e J Brunhes foram na direção da síntese a que chamamos Possibilismo... Indicando que a ação dos grupos humanos não é homogênea, havendo diferenciação, mesmo quando o tempo e o espaço sejam similares.

Para rematar a questão devo admitir que entre povos que habitam espaços bastante diferenciados as comparações devam ser, quando feitas, cuidadosas e sumárias. Outra questão a ser analisada é que dada a peculiaridade das culturas não devamos considerar a transferência da cultura nos diversos espaços... Faço as mesmas reflexões sobre o tempo - Admitindo o absurdo de compararmos as culturas da Idade da Pedra com as culturas da antiguidade. Outro o caso de compararmos as culturas ágrafas subsistentes com as culturas contemporâneas propriamente ditas.

E é por aqui que chegamos a teoria relativista e pragmática da pós modernidade, chamada FUNCIONALISMO. De fato, nas mentes dos antropólogos cientificistas, que abraçaram o ideário positivista, deve a 'ciência' numa perspectiva empirista e materialista (Não meramente material) todo e qualquer conteúdo que fuja a materialidade e admita qualquer coisa de ideal, deve ser repudiado. Pelo simples fato de que o ideal implica suspeita de imaterialidade ou de metafísica - A qual Kant classificou como impossível... Então eles estabelecem os limites e as fronteiras do saber pela materialidade > O que também produzirá problemas, alias ainda mais grave, no campo da Psicologia.

Antecipando tudo isso E J Litreé, pelos idos de 1860, esboçou a direção do positivismo> A Negação da Ética, enquanto modelo materialmente inexistente posto para a realidade dada nas áreas da Ética e da Estética. Segundo Litreé, não poderia o conhecimento verdadeiro ou científico estabelecer uma meta para o que não existe ou não possuí materialidade - Noutras palavras, nada se pode predicar de Objetivo quanto ao que vá ser feito, estipulando como deve ser feito. O que implica a negação da Ética e da Estética enquanto ''supostas" orientações valorativas sobre o que não tem existência real. O positivismo, a ser coerente, foi meticuloso e chegou a negação da Ética e da metafísica. Poincaré foi mais ou menos do mesmo ponto de vista. 

Não há Filosofia, não há metafísica, não há idealidade não há objetividade fora da materialidade, não há qualquer padrão para juízos de valor, e portanto, não há Ética e tampouco Estética como entendiam nossos ancestrais gregos. Devemos, quanto ao bem e ao mal, quanto ao belo e o feio, e também, quanto a verdade e o erro (E todas as questões que se distanciam em demasia da percepção ou da sensação.) nos conformar com aquilo que é dado ou com aquilo que os gregos chamavam 'doxa' i é opinião. Pois em última análise seria problemas insolúveis, ociosos e, consequentemente, sem importância.

O tiro de Litreé todavia saiu pela culatra. E após as negativas dos positivistas, em favor daquilo que é, existe ou é dado (Ciência descritiva); enfim da inércia conservadora que apenas analisa, estuda ou conhece sem jamais preceituar ou interferir, estouraram as bombas dos anarquistas e comunas da propaganda pelo fato... Ravachol e turma... Os quais eram a um tempo idealistas e a outro materialistas - Vai entender... Abolida a Ética, engendrado o Darwinismo social, proclamado o conformismo, etc chegamos rapidamente a primeira grande guerra mundial. As vésperas da qual tornaram os intelectuais a falar sobre Ética... 

Naturalmente que a reabilitação da Ética ou da moralidade, no contesto do pós guerra foi encarada pelos anarcos, comunas e mesmo por parte das pessoas comuns como mera estratégia oportunista. Admitida a lógica de Trasímaco e lançada ao lixo a de Sócrates, por primeira vez na História o lado 'fraco', representando pelos dominados, ameaçou romper as cadeias da sujeição... Diante disto o desmantelar do positivismo ortodoxo ou do cientificismo crasso foi encarado por muitos como um dourar a pílula - Era Trasímaco amaciando ou buscando ocultar seu discurso e para tanto apelando a conceitos como paz, respeito, amor, bondade, etc tornando a atribuir-lhes sentido meio século depois. E se um Ayer continuará negando ferozmente o sentido de tais palavras sempre encontrará resistência.

Quanto aos pensadores modernistas nada posso dizer sobre a honestidade dessas idas e vindas - Posto que se lhes trouxer alguma vantagem ou benefício são capazes de resgatar a existência de Deus. Os papistas - Assim Emile Boutroux em 1895 cf "Questões sobre moral e educação" ou mesmo em 1883 em "Sócrates, fundador da ciência moral" - no entanto já levantavam a questão da objetividade da Ética ou do Socratismo, e consequentemente da Metafísica, da idealidade, da validade dos saberes, etc cerca de dez ou mesmo vinte anos antes da calamidade de 14.  

E foi exatamente nesse período que toda essa questão passou aos domínios da antropologia. Quando em 1903, L Levy Bruhl na "Moral e ciência dos costumes" - Ocasião em que o autor, dando moral por Ética (Como tantos outros) afirmou que a Ética inexiste como objeto próprio, objetivo e universa, não passando de uma construção social relativa a cada grupo. Cada grupo social teria sua Ética ou moral específica - Daí diversos sistemas de Ética contraditórios ou sem qualquer conexão. 

Isto quanto a Ética, em oposição ao universalismo objetivo de Sócrates.

Quase que simultaneamente, Boas e seus colaboradores elaboraram sua teoria relativista da cultura, com base no funcionalismo, algo, como veremos perfeitamente pragmático. Postulando que é absurdo avaliar uma dada cultura partindo tanto de um universalismo Ético objetivo quanto dos princípios e valores externos a ela ou procedentes de uma outra cultura. E que o único modo de avaliar uma dada cultura é através de sua função, noutras palavras, se aquela cultura foi ou é útil tendo em vista a sobrevivência ou o bem estar do grupo. Portanto se um dado elemento promove a sobrevivência ou a manutenção de certo grupo social deve ser classificado como útil, benéfico ou vantajoso pelo grupo, uma vez que a conservação do grupo é o bem supremo ou o único critério a ser considerado.

Tal o modelo funcionalista, como se vê, derivado do utilitarismo, uma vez que tudo quanto se considera é a utilidade para o grupo em termos de continuidade e bem estar. Não cabendo qualquer juízo valorativo por parte a uma cultura mais evoluída ou a uma instância Ética universal. 

A conclusão aqui é bastante simples: Caso a mentira, a traição, a pedofilia, a castração de mulheres, a tortura, o assassinato, etc traga alguma vantagem para determinado grupo social, mantendo-o coeso e equilibrado, deve ser avaliada como algo bom naquele grupo e para aquele grupo... E o mais é puro preconceito...

Imaginemos porém nossa própria cultura ou algum agregado social próximo a guerra, a tortura, a tirania, etc se tornassem úteis tendo em vista o equilíbrio ou a conservação social... Entendem porque tantos e tantos teóricos tem buscado demonstrar a utilidade da mentira, da traição, da guerra, dos vícios (Bernardo de Mandeville), etc... Pois do ponto de vista do funcionalismo ou do relativismo ético, aquilo que é útil é necessariamente bom... Podemos portanto, demonstrando que qualquer coisa seja útil, transforma-la em algo bom ou desejável, mesmo quando de fato seja anti ética e essencialmente má.

E como parte dos cidadãos é individualista ou ignorante - No sentido de não ser capaz de compreender a teoria. - fica fácil argumentar que tudo quanto seja bom para o outro grupo, assim a castração de mulheres ou a burka para as sociedades islâmicas, também pode ser bom para o nosso grupo... E é exatamente aqui que as coisas se complicam. Pois embora esteja eu pouco me lixando para as tribos do deserto que lavam o c... com areia, acharia preocupante caso viessem eles morar na capital de S Paulo e propagar entre nós as prodigiosas vantagens de sua higiene 'peculiar'...

E decerto, caso avaliemos as coisas pelo critério deles ou do funcionalismo, o problema é a burka, a castração de mulheres, a sharia e as instituições do deserto transplantadas para nossa cultura em lugar de seus elementos e instituições... Então nem seria o caso de buscar demonstrar que são superiores ou melhores porém que são as mais adequadas a nossa realidade. E é o quanto bastaria para combatermos a islamização ou a protestantização.

Nossa maneira de proceder, enquanto Cristãos ou Católicos, ou ainda enquanto herdeiros da civilização greco romana, é a mais adequada tendo em vista nossa estrutura social. E parece não haver indício ou evidência alguma que ao menos neste local ou nesta época as culturas protestante, judaica ou islâmica seriam melhor sucedidas. Como pura e simples conjectura a respeito de um futuro que ainda não existe, tal opção equivaleria sempre a uma aposta, pela qual poderíamos vir a pagar um preço demasiado caro.

Além disto possui a funcionalidade um outro viés, que é do igualitarismo social. Dando por suposto que em dado lugar e tempo todo e qualquer grupo humano agirá da mesma forma, estruturando o convívio do mesmo modo, fica demonstrada a 'igualdade' da espécie enquanto ser social. Por outro lado, se, dadas as mesmas condições, os diversos grupos procedem de modo diverso, com maior ou menor habilidade, temos que não há igualdade social entre os grupos que compõe a espécie.

Então o receio aqui, alias um receio justo até, é que a partir do fato da desigualdade cultural ou social, se possa aduzir um desigualdade em termos de pessoa ou ser humano. Pois as massas tendem a confundir as coisas muito facilmente. Ora, o quanto podemos dizer sobre isto é que a igualdade humana (Universal) em termos de capacidades (Da espécie) não é ativa porém potencial - Todos os humanos tem um potencial racional para a abstração, para a metafísica, para a construção da linguagem, para a predição ou o juízo, para a lógica, para a pesquisa, etc No entanto, como ser humano algum nasce a parte de um determinado construto social, acabamos sendo condicionados pela Sociedade em que nascemos e vivemos na medida em que ela limita ou não a expressão ativa da racionalidade. 

Importante saber que num dada formação social ou cultura há uma condição de relativa igualdade ou de igualdade média, exceto quando as oportunidades são negadas intencionalmente com o sórdido objetivo de produzir alienação ou massificar. Tomo por modelo uma sociedade ideal de informação e reflexão, inda que marcada por desigualdades sociais possíveis de serem superadas. Num dado grupo social ou cultural podemos supor certa margem de igualdade posta para a reflexão e para a liberdade. Então a questão da igualdade humana absoluta não se coloca em função da cultura - O quanto podemos postular é uma igualdade relativa no interior de uma dada cultura. Face, as desigualdades reais impostas pela cultura, o quando podemos afirmar em termos de universalidade é a potencialidade.

Devemos salientar ainda que os indivíduos que migraram de seu universo cultural para outro estarão em vantagem ou desvantagem conforme migrem de um cultura mais elaborada para um cultura mais simples ou de uma cultura mais simples para uma cultura mais elaborada. Resta-nos inferir que o problema da limitação não está na natureza humana ou na potencialidade comum e sim no construto cultural mais ou menos completo, o qual impulsiona mais ou menos o potencial humano, ampliando-o ou restringindo-o. Portanto, na hipótese de que exista uma cultura superior, tanto mais complexa e melhor tendo em vista o estímulo integral de nossas potencialidades é importante ter plena consciência dessa superioridade.

Diante disto, dentro dos limites do tempo e do espaço, não posso deixar de encarar as culturas: Suméria, Egípcia, Grega, Chinesa ou Inca como superiores as demais ou como mais desenvolvidas. Do mesmo modo como a Evolução biológica nos dá a entender que certas linhagens se vão tornando mais complexas na medida em que se adaptam a um meio estável ou instável e logram sobreviver, assim algumas entidades culturais mostram sua superioridade na medida em que estimulam com maior eficácia as capacidades do Homo Sapiens. E estimulam produzindo determinados construtos sociais - Assim entre os antigos Sumérios a escrita, o bronze, o arado, a roda... Entre os egípcios a escrita, o papiro, a mitologia, a medicina... Entre os gregos a Democracia, a Filosofia, o Teatro, o Esporte, a Mitologia, etc Entre os modernos a justiça social, a Democracia, a Imprensa, o Rádio, a TV, a Internet, o avião, a Ciência, etc É a criação de tais meios, suportes ou entidades que estimulam nossas habilidades potenciais.

Por outro lado podemos e devemos classificar como culturas inferiores não as que permanecem estacionadas noutro nível, porém equilibradas, mas sobretudo aquelas cujos membros, tendo conhecimento das conquistas acima citadas, buscam elimina-las. Assim os que buscam eliminar a arte, a ciência, a justiça social, a democracia, a ciência, o esporte, a tecnologia, etc com o objetivo de nos fazer retroagir - Pois uma coisa é corrigir para melhorar e outra destruir por completo.

Então o que queremos dizer em alto e bom som é que não podemos encarar o iconoclasmo, o negativismo científico, a eliminação da técnica, a supressão da democracia, a negação dos direitos naturais, etc como um padrão de cultura igual ao nosso e sim como uma ameaça, ao menos a um projeto (Inda que desviado ou mal esboçado.) de civilização. Longe de nós encarar a sharia, a teocracia, as inquisições, o fetichismo, o criacionismo, o geocentrismo, o terraplanismo, o maniqueismo, etc como algo neutro ou inocente que se deva tolerar. Suprema loucura conceber o islamismo, o protestantismo pós calvinista ou a judaização como propostas alternativas de sociedade quando na verdade representam a barbárie. Barbárie contra a qual devemos reagir forte, poderosa e conscientemente - Inda que para tanto devamos nos opor aos novos dogmas da pós modernidade como o funcionalismo ou o relativismo cultural.

Pois na base do despejo dos jihadistas em solo europeu e enquanto fundamento de tão irresponsável iniciativa estão tais ideologias ou resíduos de um pós modernismo que nega a verdade substituindo-as pela narrativa. Narrativa por narrativa não é a narrativa islâmica que querem os europeus... Tampouco a maior parte dos latino americanos de hoje desejam aderir a versão protestante ou americanista de sociedade. Logo, o ponto de partida de nossa luta pela cultura será a valorização de nossa identidade, de nossas tradições e de nossas vivências. 








quinta-feira, 9 de outubro de 2025

A ferramenta do relativismo Cultural: Islamização, protestantismo e judaização....

Vivemos em tempos de impérios em conflito. Pois embora tenhamos diversos blocos políticos: Índia, China, Rússia, 'Europa', 'América latina'... apenas dois exercem um proselitismo cultural em larga escala, buscando, obviamente, criar um padrão universal.

Assim o americanismo, com o protestantismo; assim os islamismo. Um despejando-se pela América latina e, consequentemente, pelo Brasil, com suas seitas, bíblias e pastores. Outro despejando-se pela Europa e África. Com grande risco para as demais culturas, tradições e identidades.

Surpreendentemente - Por via do antigo testamento, Mikra ou Tanak - apesar da oposição credal, existe uma certa afinidade de espírito em termos de protestantismo e islamismo. E é algo mais profundo que o iconoclasmo, por tocar o anti cientificismo e o totalitarismo... Percebeu-o o grande humanista francês Gilherme Postel e compôs uma obra pioneira a respeito.

Assim se o islã predica uma transcendência absoluta e anti encarnacionista, o protestantismo judaizante - Devido a sua ênfase no antigo testamento. - (Em oposição a Fé Ortodoxa) recusa-se a levar o Encarnacionismo as últimas consequências: Daí sua objeção as imagens ou representações, a 'Mãe de Deus', a presença real do Senhor no Sacramento, ao Domingo, a comunhão dos Santos, etc 

De fato a proximidade existente entre as Igrejas apostólicas e a Imanência - Uma decorrência necessária da Encarnação de Deus! - choca de tal maneira os protestantes a ponto de assumirem o discurso muçulmano segundo o qual, foi o Cristianismo antigo ou Histórico, poluído e esmagado pelo paganismo! Importante salientar que muito antes de Calvino ou Blaurock se manifestarem neste mundo, os rabinos e ulemás já apresentavam a igreja de Cristo como quintal do politeísmo e da idolatria.

O próprio Jesus, quando mencionado nos registros do povo é classificado como sedutor, feiticeiro, politeísta e idólatra. Ele disse: Se eles falaram mau de mim, que sou o Senhor, como não haverão de falar mau de vós que sois os servidores... Já os infiéis das Arábias inculpam ora Paulo, ora João, ora Orígenes, ora Tertuliano, ora Atanásio, pelas 'blasfemias' politeístas da Cristandade apostólica. (Os protestantes só tem coragem de ir a Clemente de Roma, Inácio, Pápias ou Policarpo - Ouvintes dos apóstolos!). 

Mas estão de pleno acordo quanto ao juízo lançado contra a Igreja Histórica. E como o protestantismo é recente e muito mais jovem que o judaísmo ou o islã, podemos dizer que judaiza e islamiza. Novidade alguma - Pois já no séculos VIII e IX parte dos nossos, pretendeu aproximar-se do islã, embarcando na canoa furada do iconoclasmo. O mesmo se observa no papismo, o qual buscando reconquistar os protestantes foi mergulhando mais e mais no lodo agostiniano, até - Com o Vaticano II - mergulhar no protestantismo, e (Pasme!) no pentecostalismo fetichista (Com a tal RCC)... 

No entanto foram os iconoclastas, os papistas e os neo papistas que se perverteram, guiados por mestres tão cegos quanto os agarenos e os protestantes... Tal a ilusão das aproximações.

O protestantismo, aproximando-se do judaísmo e do islamismo (Por via do antigo testamento) foi perdendo mais e mais seu caráter 'Cristão' e encarnacionista, até nada mais ver ou poder ver no Cristianismo Histórico que o odiado paganismo, o qual anseia destruir até os fundamentos.

E não pode haver mínima dúvida quanto a tais desígnios, digo quanto a proposta tanto do islamismo quanto dos protestantismos pós calvinistas. Os quais encaram o paganismo antigo ou ante Cristão como absolutamente maligno ou diabólico, porfiando destruir seus últimos vestígios, assumidos pela Cristandade apostólica, assim as artes a que chamamos de sacra e a tudo quanto se destaca pela simples beleza.

Outro o programa da igreja, outra sua atitude, outra sua obra...

Todavia, tornando ao islamismo, o que ele pretende destruir são os fundamentos mais remotos de nossa civilização Greco romana, pelos quais respira ódio mortal. O judaísmo é tanto mais civilizado, embora conte também ele com certo número de fanáticos.
Sobre o protestantismo pós calvinista, todos nós o conhecemos muito bem. 

Tal o significado nu e cru da destruição das ruínas de Palmira e Nínive pelos fanáticos do ISIS. Caso você compreenda que cada um daqueles 'Aladlammús' esmigalhados representa as raízes de nossa cultura e as fontes da nossa identidade, terá compreendido tudo e qual seja o objetivo final do islamismo. 

Não nos deixemos ludibriar ou enganar: O Museu do Cairo ali está apenas enquanto significativa fonte de riquezas ou enquanto algo 'vigiado' pelas grandes potências do mundo civilizado. Eis porque, apesar dos esforços empreendidos pelos egípcios esclarecidos e de boa vontade, ele escapou por um tris da destruição... Outro o caso do Museu de Cartum, no Sudão - Onde os tesouros das Cândaces fora pilhados e quiçá derretidos pelos fanáticos...

Pois para a imensa maioria dos xeques e dos muçulmanos devotos, os tesouros contidos em nossos Museus nada mais são do que imundice pagã cujo fim é a destruição... Imaginar algo diverso é pura ingenuidade de quem ignora o verdadeiro caráter do islã.

Aqueles que no passado destruíram as bibliotecas de Cesareia marítima e de Skandaryia bem poderão, uma vez no poder, acabar com os Museus de Londres, Paris (Louvre), Berlim, Prado e Vaticano, assim como as principais Bibliotecas do velho mundo, destruindo por completo o quanto nos resta de um Ésquilo ou de um Aristóteles... E não podemos assistir de braços cruzados uma catástrofe semelhante. 

Pôde a Europa nos séculos passados exumar e resgatar as fontes na nossa cultura. Pois nas pessoas de um Champollion, um Lepsius, um Montet, um Layard,  um Gsell... pode passar a Ásia e reconstituir nosso vetusto passado. Agora ameaçada a Europa como haveremos nós de transpor o mar oceano para salvar as relíquias da nossa cultura...

Caso permaneçamos de braços cruzados, em poucas décadas, assistiremos a destruição da nossa cultura, das nossas raízes, de nossas tradições e de nossa identidade. Caso permaneçamos indiferentes a Europa se converterá em quintal do islã...

Tolos aqueles que esperam proteção e defesa por parte dos EUA. Pois os Yankees são, ao menos em parte, descendentes daqueles mesmos puritanos que deixaram a Inglaterra por não terem podido destruir as torres, cruzes e sinos das catedrais. Para o yankee é a Europa, inclusive a Inglaterra, um território indômito e contaminados pelas relíquias da Ortodoxia ou do Papado: Catedrais, calvários, torres, sinos, etc E tanto se lhe dá que o maometano de cabo do poder o Papa romano... ou dos Bispos...

O próprio papado encarou as coisas desse jeito, no século XV, com relação a Ortodoxia. A atual visão dos EUA outra não é em nossos dias com relação ao papado... Pois existe certa unidade de mente, como assinalamos entre o protestantismo e o islamismo. Destarte o que não pôde o protestantismo fazer ou completar na Europa, é esperado que seja feito pelo islã, quero dizer a destruição do símbolo.

Digo mais - A introdução do islã nos territórios Ortodoxos e romanistas é uma plataforma comum aos EUA, ao sionismo, aos comunas e aos anarcos e quiçá a única plataforma comum que teem eles, por ódio a Cristandade histórica... Os protestantes ressentem por não terem eliminado a igreja romana do mapa ou convertido os Ortodoxos, os sionistas esperam algum alívio caso os jihadistas avancem na direção da Europa, os comunas e anarcos esperam apoio político por parte dos muçulmanos - A ONU e a maçonaria executam e os governantes safados se deixam comprar...

Quem perde é o povo europeu, sejam romanistas, Ortodoxos ou liberais honestos, envolvidos pelos apóstolos da sharia. Quem perde são os cidadãos livres. Quem perde são aqueles que estão em posse de algum direito outorgado por lei. Assim as mulheres, os homossexuais, as minorias religiosas... E os amigos das artes, da ciência e da democracia; da civilização enfim ou do que lhe resta.

Portanto precisamos defender a América latina, quanto ao imperialismo protestante e a Europa, quanto ao imperialismo árabe, enfim quanto a ambas teocracias ou totalitarismos. Ambos fantasmas ou abutres, que ameaçam a civilização, precisam ser ousadamente combatidos.

No entanto antes de entrar nesse assunto - Da resistência ao protestantismo e ao islã, devo aborda de passagem as relações entre o Cristianismo nascente ou a Igreja primitiva e o paganismo ou nossa ancestralidade. Ressaltando que, apesar do 'fantasma' do judaísmo ou da cultura semita, não foi ela totalmente negativa\negacionista, mas em parte assimilacionista.

Já porque a ideia de um Deus encarnado - Fundamento e centro da fé Cristã. - sendo procedente dos céus, não tem afinidade alguma com o judaísmo antigo (Cuja mentalidade estava voltada para a transcendência absoluta ou para uma divindade apartada do mundo material.) e sim com o paganismo. Portanto se algum protestante ou judaizante tem algo contra o paganismo que se faça ariano, unitário ou muçulmano uma vez que a ideia de que deuses se façam mortais ou gerem filhos humanos é pagã e de modo algum semita. 

Não é a doutrina da mãe de Deus que é pagã como afirmam os protestantes mais ingênuos - Pagã é a ideia de que Deus se faça ser humano, repito. E no entanto tal é o fundamento pétreo de nossa fé uma vez que, segundo o Evangelho escrito, o fundador do Cristianismo reivindicou para si a natureza divina (Disse que julgaria os mortais no último dia, que perdoava pecados, que não tinha pecado, etc), merecendo por isso ser classificado como pagão e idólatra pelos judeus...

Eis porque não foi o Cristianismo antigo absolutamente iconoclástico ou negativo quanto ao paganismo antigo. Radical e intransigente face ao politeísmo e suas representações - Enquanto foram elas objeto de adoração. - não anatematizou a arte ou seja a pintura, a escultura, a arquitetura, a poesia, a música e o canto, apropriando-se de cada uma dessas expressões com o objetivo de abrilhantar a adoração verdadeiro. De modo que a adoração ao Deus encarnado Jesus Cristo foi provida de uma expressão estética ausente tanto no judaísmo e no islamismo, e assim nas seitas protestantes filhas da reforma.

É algo que se justifica facilmente nos padrões opostos a Encarnação. Outro o caso da religião em que a divindade tornou-se visível, audível e palpável no complemento de sua natureza humana. Ao encarnar-se o Deus Cristão entra no acesso dos sentidos e se torna perceptível. E como todos os aspectos de nossa condição foram os sentidos santificados pelo mistério da Encarnação, e assim a percepção humana.

Adoramos em espírito decerto ou guiados pela razão, pela mente, pela consciência, mas adoramos no corpo santificado pela Encarnação e pelo Batismo, e adoramos pelo corpo ou através dele, não fora dele ou como espíritos puros. É o espírito princípio e fonte do culto verdadeiro que prestamos no corpo. Por isso expressamos esse ato interno do espírito por meio de um aparato simbólico externo.

Adoramos em espírito e verdade e o fundamento de toda verdade é a Encarnação que santifica nossos corpos e que nos autoriza a empregar uma linguagem simbólica e gestual. Quanto a isto estamos de acordo com os odiados pagãos e não com os judeus ou com os muçulmanos, pois ao contrário deles adoramos um Deus encarnado e não um ente descarnado ou puramente espiritual.

É Deus Espírito e por isso o princípio da adoração é interno, derivado do sentimento, do afeto, do amor... E no entanto esse mesmo Deus que é Espírito puro, ao assumir e santificar um corpo material, sanciona o emprego do corpo na adoração. 

Daí a presença de arte no padrão apostólico, no catolicismo, na Ortodoxia. É nosso Deus Bom, verdadeiro e belo. Deve, nossa adoração, ser boa (Impedindo aqueles que estão fixos no mal ou no pecado de exerce-la.), verdadeira (Pela afirmação dos Mistérios da fé.) e bela, em seu aparato material e simbólico: Ícones, círios, incenso, gestos, ordenação de palavras, poesia, canto, etc

Eis porque, nossos excelentes ancestrais, conduzidos pelos apóstolos, tomaram aos pagãos, seus ancestrais, todos esses ofícios e capacidades e colocaram-nos ao serviço do Deus verdadeiro, de sua parentela, de seus apóstolos, de seus membros... Do que resultou um Calendário eclesiástico ordenado, uma liturgia simbólica e soberbas catedrais com cúpulas e torres encimadas por cruzes e adornadas com sinos. E esses ofícios solenes, executados através dos séculos em cada catedral constituem um hino de glória ao mistério da Encarnação.

Por isso, na medida em que as estátuas e pinturas dos deuses foram cessando de ser cultuadas não tivemos problema algum em conserva-las, de reconhecer o belo que há nelas e de mante-las, não como algo religioso ou sagrado, porém enquanto obras de arte. Ao contrário dos muçulmanos os cristãos não precisam destruir os vestígios dos deuses antigos pelo simples fato de não serem mais adorados. 

E o resultado disto é que não apenas podemos como devemos conservar esse legado artístico nos espaços a que chamamos Museus com o objetivo de apreciar sua beleza. Pois ainda que tais obras não tenham sido postas a serviço da verdade, ao menos neste mundo sublunar, são aptas para exprimir o belo e exprimindo o belo beneficiar nossas almas. Pois nos alimentamos tanto do belo e da verdade quanto do bem, os quais só se encontram unidos na pessoa de Jesus Cristo.

Enfim essa noção de Bondade, verdade e beleza - Kallocagathia tem uma História, que faz parte de uma dada cultura. É o quanto buscaremos explorar na segunda parte deste ensaio, confrontando com os demais modelos de cultura e sobretudo com a ideologia do relativismo cultural. 







domingo, 5 de outubro de 2025

Episcopalismo, Ortodoxia, Catolicismos e ciência - Problematizando De Candolle e folheando Poggendorf

Nos três artigos anteriores elencamos, creio eu, quase duas centenas de cientistas, das diversas áreas do saber, todos romanistas ou Católicos Ortodoxos com o objetivo de demonstrar cabalmente que o padrão apostólico não se opõem a produção científica.

Pois entre os protestantes fanáticos (Calvinistas e batistas inclusive.) corre a lenda de que a igreja romana ou mesmo nossas igrejas apostólicas e Ortodoxas, são incompatíveis com a produção científica. Quando, ao menos aqui no Brasil, são exatamente eles ou sua seitas, que em nome da bibliolatria repudiam a Evolução biológica dos seres vivos, a esfericidade da terra, o heliocentrismo, a causa natural das doenças, etc aspirando reformar a Física, a Astronomia, a Biologia, a Geografia, a Medicina, a História, a Sociologia, a Psicologia, etc

De nossa parte não aspiramos demonstrar que a Ortodoxia ou que os Catolicismos sequer sejam mais favoráveis a produção científica que o protestantismo como um todo - Embora o sejam, indubitavelmente, face a certos grupos protestantes, notadamente mais 'ortodoxos' ou fundamentalistas, ou ainda calvinistas e pós calvinistas (Batistas) - uma vez que não acreditamos no paradigma da monocausalidade, e julgamos que a produção científica seja ativada não apenas por qualquer fé religiosa, mas, por um conjunto de fatores, assim também pela materialidade, pela cultura, pelo talhe psicológico, etc de uma dada sociedade (Podendo uma determinada religião atuar positivamente em conjunto com os demais fatores.)

De fato, os protestantes mais civilizados ou evoluídos, como Alphonse P de Candolle ou De Candolle o 'menor' (1806 a 1893) na "História da ciência e dos sábios nos últimos dois séculos" 1873, num determinado momento, tiveram de reformular a capiciosa tese de seus ancestrais e limitar suas pretensões. Efetivamente, na obra citada A P d C, após fazer um levantamento sobre as crenças de um determinado número de sábios 
(Limitado aos sábios 'matriculados' das duas grandes academias científicas - De Londres e de Paris.) constatou que proporcionalmente, face a fé exercida pela população, o protestantismo levava vantagem, e concluiu que o protestantismo seria, ao menos, mais favorável ao desenvolvimento científico que a fé apostólica romana.

Perceba que o autor não pretendeu afirmar que o papismo ou que nossas igrejas apostólicas, assim a fé Ortodoxa, seja adversária do padrão científico. O quanto sugere o pesquisador é que o protestantismo seja tanto mais favorável a ele. Isto repito, porque, proporcionalmente, o grupo não protestante, contaria com um número maior de sábios. E para cortarmos caminho, após declarar que diversos sábios eram filhos de pastores (E lá chegaremos), De Candolle junior, credita o 'sucesso' protestante no campo das ciências ao livre exame ou ao fato do protestantismo ser menos autoritário (kkkkkk Perdoem-me kkkkkk).

Tão menos autoritário que Lutero - Já que De Candolle citou Descartes, vamos citar o profeta alemão. - assim se referiu a Copérnico: 

"Houve menção a um certo novo astrólogo que queria provar que a Terra se move, e não o céu, o sol, e a lua. Isso se daria como se alguém estivesse andando em uma carroça ou em um navio e imaginasse que ele estava parado, enquanto a terra e as árvores estivessem se movendo. [Lutero observou:] “Então é assim que funciona: qualquer um que quiser ser inteligente não pode concordar com nada o que os outros estimam. Ele precisa fazer algo por conta própria. Isto é o que esse sujeito faz, desejando virar toda a astronomia de cabeça para baixo. Mesmo diante dessas coisas que são colocadas em desordem, eu acredito nas Sagradas Escrituras, uma vez que Josué ordenou que o sol parasse, e não a Terra [Josué 10:12].” Table Talks"

Já o churrasqueiro genebrino refere-se aos heliocentristas como desvairados, loucos e possessos do diabo em seu Sermão sobre a primeira carta do abençoado apóstolo Paulo aos Coríntios. E se o dr Sproul não conhece qualquer defensor do geocentrismo no tempo presente, que venha ao Brasil e visite nossas seitas judaizantes... Vanhacouto de milhares de terraplanistas, geocentristas, criacioburristas, anti vacis e compradores de pseudo milagres...

Observe portanto o leitor benevolente que entre a autoridade excessiva de um ser humano ou de um livro não há diferença alguma. Pois o que importa de fato é o grau da autoridade atribuída... Logo, a crença na inspiração plenária e linear da bíblia pode ser, e é, mais prejudicial do que a fé em alguns concílios gerais ou em algumas bulas do papa romano...

Vamos porém a De Candolle... 

Validada a conclusão do ilustre Botânico Suíço, sobre a desproporção entre o número dos cientistas romanos e protestantes, comparado com o grosso da população, deveríamos concluir que no tempo presente é a irreligiosidade muito mais favorável a produção científica... Ou mesmo que o Cristianismo, de modo geral, é um padrão anti científico...

Todavia, as aparências sempre podem ser enganosas. Assim a suposta contradição insolúvel entre fé ou Cristianismo e ciência. O que de fato temos é uma contradição insolúvel entre a bíblia ou o antigo testamento (E por consequência entre o protestantismo e a ciência.) desde os tempos de Simeon Seth ou desde os tempos de Copérnico e Galileu. A qual agravou-se ainda mais, com Lamarck, Darwin e wallace, no século XIX... Ou julga o Dr Sproul que caso Seth, Copérnico ou Darwin, acreditassem na inspiração plenária chegariam as mesmas conclusões...

Contradição alguma entre a totalidade das religiões ou da religiosidade humana (Desprovida de fetichismo) e a ciência. Contradição alguma entre os ensinos de Jesus de Nazaré e a Ciência - Uma vez que Jesus jamais envolveu-se com a imanência ou invadiu os domínios da ciência (Jesus nos veio comunicar o conhecimento sobre o mundo invisível ou REVELAR.) - contradição alguma entre o Evangelho e a ciência. Contradição alguma entre o Catolicismo, a Ortodoxia ou a Fé Apostólica (Voltada para as coisas divinas e celestiais) e a ciência.

Desonesto alegar que Galileu foi torturado ou morto, quando diversos clérigos papistas haviam aderido a tese de Copérnico antes dele. Desleal mencionar o nome de Mivart, o qual foi excomungado pelo cardeal Vaughan por ter questionado o dogma maléfico das penas eternas, não por ser evolucionista. Tendencioso omitir que o Bispo de Sura, acompanhado por diversos membros da Igreja papa, abraçou, quase que imediato a teoria da Evolução das espécies.

É portanto este falso dilema, um problema do protestantismo (E dos cristãos apostólicos judaizados, fetichistas e protestantizados.) e não da fé Cristã. Nem mesmo problema de judaísmo é, uma vez que os judeus há muito abriram mão de seus próprios mitos! É problema de bibliolatria... E por isso esse choque tremendo não apenas apartou definitivamente os protestantes 'ortodoxos' (Bem como seus aliados ou amigos infiltrados em nossas Igrejas) da produção científica como converteu-os em apóstolos do negacionismo.

O negócio da Ortodoxia é com a Trindade, com a Encarnação, com a divina Graça, com o Batismo, com a Eucaristia, etc e não com este mundo, não com a astronomia, com a biologia, com a psicologia, etc

Outro o caso do biblismo ou do Sola Scriptura, o qual necessariamente conduziu parte das populações protestantes ao letramento. Foi no entanto este letramento um impulso direto para a ciência... 

Ouvi de um erudito que muito provavelmente o ceticismo protestante direcionado contra a igreja antiga e os mistérios de Jesus Cristo, voltou-se contra a própria bíblia ou melhor, contra a tal inspiração plenária, a qual conscientemente buscaram demonstrar investigando o mundo natural. E na medida em que constatavam a puerilidade dessa crença, tornavam-se aberta ou dissimuladamente incrédulos e transferiam sua dedicação a pesquisa científica. 

É uma suposição bastante plausível que os bíblicos quisessem defender ou por a prova a autoridade do livro e que a partir daí se embrenhassem pelos caminhos da ciência. Como interessando-se pelo livro acabaram interessando-se igualmente pelo manejo da lingua ou pela literatura, campo há muito dominado pelos padres, os quais jamais seriam desalojados. 

De fato, ao preparar os artigos anteriores, nos conformamos com os padrões arbitrários do positivismo. Para cujos defensores a Filosofia e as ciências humanas são são conhecimentos legítimos ou dignos de credibilidade. A classificação arbitrária remonta a Kant. Nós no entanto acompanhando Dilthey, consideramos a Filosofia (Assim a estética e a arte literária) como um conhecimento válido e a História, a Sociologia, a Psicologia, etc como parte da produção científica. Produção alias, em que os Ortodoxos e os Romanos foram quiçá mais bem sucedidos que os protestantes. 

Outra a questão dos pastores e seus filhos. Padres ou ao menos Bispos e monges, não produzem filhos, por serem celibatários. Apesar disto o celibato lhes permite ou permitiu assistir os enfermos, os órfãos, os idosos, os miseráveis, etc prestando um trabalho social relevante. Naturalmente se tivessem filhos, teriam estes sido educados com esmero. Que os filhos dos pastores letrados tenham recebido uma educação primorosa não é algo com que nos devamos espantar. Quiçá nos devêssemos espantar de que nem todos se tenham obtido a genialidade... E todavia me parece ainda mais espantoso que não se tenham tornado igualmente pastores porém cientistas. Quando os padres casados do Oriente criaram autênticas dinastias sacerdotais...

De fato a ciência e o empenho desses homens veio a beneficiar amplamente a pobre humanidade (Tal o caso de Linneu, aquele a respeito do qual foi escrito "O que nosso bom Deus um dia criou. O nosso Linneu ora classificou!". Mas não a instituição Cristã, cujos pais haviam beneficiado diretamente. Diante disto folgo perguntar: Por que tais homens não se quiseram dedicar ao ministério eclesiástico... E a mim mesmo respondo: Quiçá por se terem fartado do livro, por se terem decepcionado com ele, por terem perdido a fé, etc Quiçá por considerarem o mundo natural ainda mais belo que o mundo invisível da fé... 

O que nos leva a um problema de protestantismo relacionado com a opinião de De Candolle mas de modo algum considerado por ele. 

Com que direito os protestantes reivindicam honestamente o grande Newton... O qual, sabido é, escreveu contra o Deão Sherlock, a propósito da divindade de Cristo, assumindo a perspectiva unitária - Acaso os protestantes consideram o unitarismo como protestante... Não. E todos os dias negam-no diante dos romanos e dos Ortodoxos... E no entanto Voltaire e outros franceses costumavam afirmar que a Inglaterra estava já toda incrédula desde os setecentos, alias, época de Hume... E que seus sábios quando iam as igrejas iam apenas por costume ou distração. 

Tanto na Alemanha de Reymarus quanto na Inglaterra de Chillingworth a incredulidade se converteu em problema de protestantismo desde o século XVIII.

Quantos protestantes, desde então, sequer acreditavam na Trindade ou na Encarnação, quanto mais nos mitos do antigo testamento... ou na bíblia. 

O que nos leva a outro problema, de resolução ainda mais difícil - Ao menos quanto a Inglaterra, que é o do anglicanismo e seus distintos departamentos. 

Pois se com o passar do tempo foi de fato, a igreja de Inglaterra, protestantizando-se mais e mais - A ponto dos protestantes de hoje (Os quais contemplam o passado com as lentes do presente) ousarem apresentar o passado desta comunhão como totalmente protestante ou reformado - nós, pesquisadores e estudiosos, sabemos que nem sempre foi assim. 

Posto que a cabo de séculos oscilou entre uma estrita lealdade a tradição ou a identidade e a inovação. 

Que desde seus mais remotos primórdios contou ela com um poderoso partido episcopal, animado por uma fé bastante próxima da fé Ortodoxa ou do papismo (Muitas vezes, inclusive, opondo-se apenas a monarquia papal ou a sua política). Que esse episcopalismo consciente e militante, firmado por Elizabeth e liderado por William Laud, contou com sete teólogos padrão do mais alto nível. Que edificou soberbas catedrais, como a de St Paul. Que estabeleceu uma uniformidade litúrgica odiosa aos olhos dos sectários protestantes. Que produziu um H Hody e um Colenso. Que mereceu a simpatia e o apoio de diversos Bispos Ortodoxos Gregos como Erasmo de Esparta. Que deu origem ao movimento de Oxford...

E que foi avaliado como 'papista', herético, idólatra e anti Cristão pelos fanáticos bíblicos. Isto a ponto de O Cromwell transformar a Catedral de S Patrício, da Irlanda, num estrebaria...

Ouso dizer portanto, que a maior parte dessa Igreja jamais foi protestante... Como o setor anglo Católico ainda hoje não o é, militando no anglicanismo por questões de ordem política ou cultural.

Portanto classificar os anglicanos ou ingleses, em bloco, como protestantes, mesmo como luteranos - Senão como presbiterianos ou batistas, chega a ser pérfido.

Entre Hooke e Boyle, anglicanos leais e um não conformista qualquer uma larga distância.

Diante disto, alegar ou sugerir que a totalidade ou a quase totalidade dos cientistas anglicanos, dos séculos XVII e XVIII eram protestantes é no mínimo problemático. 

Que, Maxwell ou Faraday tenham sido protestantes é fato - Que Newton, Hooke ou Boyle o tenham sido é mais que duvidoso... Haviam unitários e haviam episcopais, anglo católicos... etc De modo algum uma uniformidade protestante.

Parte daqueles anglicanos certamente se sentiria muito mais próxima da Ortodoxia ou do papismo do que dos sectários não conformistas de seu tempo.

Já quanto aos sócios correspondentes de cada país, teríamos de considerar ainda o cálculo político - Uma vez que a partir dos séculos XVIII e XIX a posse de uma cadeira qualquer em tais sodalícios como que substituiu os títulos de nobreza. Por outro lado os franceses, a partir do século XVIII, assumiram - Ao contrário dos ingleses e alemães. - uma incredulidade sem aparências...

Outra questão relevante é a dos monges ou religiosos, os quais por voto (A exceção dos jesuítas.) de obediência ou por imposição do que acreditavam ser humildade, não podiam ingressar em tais instituições, mesmo quando convidados. 

O próprio período em questão, meados do século XVII, há cerca de 1850 tampouco deixa de ser arbitrário, pois desconsidera o período que vai de 1520 a 1660 i é quase século e meio em que a contribuição científica da igreja romana foi provavelmente maior. Tampouco considerou De Candolle as associações austríacas, italianas, espanholas, portuguesas ou húngaras.

O que torna sua pesquisa demasiado limitada e controversa, senão ideológica e eu a avaliaria como um recorte.

Outro o caso de um Poggendorf. Cuja pesquisa, muito mais abrangente, tanto nos domínios do tempo quanto do espaço - E sem limitações institucionais, afetou que dez por cento dos cientistas e pesquisadores eram clérigos papistas. Dez por cento sem contar os clérigos ortodoxos ou anglo católicos! Nada mal.

Não pude, a partir do 'Biographisch literarisches hansworterbuch zur geschichte der exacten wissenschaften' de Poggendorff - contabilizar o número dos cientistas e sábios romanos, ortodoxos ou anglo católicos, julgo porém que é bastante significativo...

Por fim, advirto que, caso os protestantes desejem reivindicar Newton, estejam dispostos a admitir que o neo arianismo ou unitarismo é de fato fruto de sua 'reforma' e muito teríamos a discutir.





sábado, 4 de outubro de 2025

O padrão apostólico, o Catolicismo Ortodoxo, a igreja romana e a Ciências III (Período posterior a reforma protestante) - Simples esboço

Tendo o propósito de estabelecer que o Cristianismo Episcopal, Católico, Apostólico ou Ortodoxo não é adversário da Ciência ou infenso a ela (Como malevolamente insinuam os sectários protestantes - Grande parte criacionistas, geocentristas e terraplanistas.) compusemos um catálogo com cerca de cinquenta sábios da antiguidade e da I Média, ressaltando a contribuição dos luminares do Oriente, de Edessa, Nusaybin, Bazra, Mossul, Gundishapour, Bagdad, etc os quais foram Oscufs, Abunas ou Cassis, Rahibs, etc E temos que essa nossa contribuição é inédita no Brasil.

Também elenquei os Frank: Bradwardine, Bacon, Grosseteste, etc - Que os fetichistas protestantes associam as trevas enquanto reproduzem entre nós os mitos grotescos da Torá. 

Naturalmente que esses pequenos e despretensiosos ensaios também servirão de impugnação ao mito ateísta ou materialista de que toda religião é necessariamente inimiga da ciência. Certamente vale tal afirmação para as 'religiões' do livro i é da Mikra ou do Corão. Não para os Catolicismos ou para a religião daquele Evangelho que não predica sobre a imanência, que respeita a demarcação e que respeita o campo da ciência tendo e vista a doutrina do M N I. 

De fato o criacioburrismo, geocentrismo, terraplanismo, dilúvio, etc e e mesmo a continuidade dos milagres (Eu sou cessacionista, conforme a fé, e admito apenas os milagres feitos por Jesus Cristo e pelos santos apóstolos, admitindo que cessaram por após a morte destes.) não fazem parte dos mistérios da fé ortodoxa, católica e apostólica. 

Agora, para completar minha obra, componho um segundo Catálogo referente aos homens da Renascença, em especial os Jesuítas e demais religiosos papistas, adicionando outra meia centena de homens ilustres.

Agora apenas mencionarei, neste terceiro elenco, os nomes dos pesquisadores e sábios Ortodoxos e papistas dos séculos XIX e XX.

Começando pelos mais ilustres -

  1. Enrico Fermi.
  2. Nicola Tesla.
  3. Antoine Lavoisier
  4. Theodoro Dobzansky
  5. Gregor Mendel.
  6. Dimitri Mendeleiev
  7. Georges Lemeitre
  8. Louis Pasteur
  9. Alexander Fleming
  10. Louis Braille
  11. A C Becquerel
  12. A H Becquerel
  13. Claude Bernard
  14. Theodor Schwann
  15. Jacques Barrande
  16. E E D Branly
  17. G T Cori
  18. P J W Debye
  19. P J Pelletier
  20. C A de Coulomb
  21. Karl Landsteiner
  22. Charles Nicolle
  23. Champollion 
  24. A I Silvestre de Sacy
  25. A H Anquetil-Duperron 
  26. L N Vauquelin
  27. Agustin Cauchy
  28. P A Letreille
  29. A W Conway
  30. John Casey
  31. H V Regnault
  32. De Chasles
  33. Jacques Babinet
  34. Amazat
  35. J Britten
  36. J H C Fabre
  37. Gay de Lusac
  38. Urban Le Verrier
  39. Feliz Dujardin
  40. P C F Dupin
  41. T H Boveri.
  42. A Alzheimer 
  43. J B Biot
  44. M E Chevreul
  45. G G de Coriolis
  46. J Boussinesq
  47. B Bolzano
  48. Pierre Duhen
  49. J B Dumas
  50. J P Muller
  51. Maxwell 
  52. H Fizeau
  53. J B de Crèvecoeur de Pertez
  54. Léon Foucault 
  55. M S Haldeman
  56. J B J O d'Halloy
  57. Stefan Banach
  58. Joseph Von Fraunhoffer
  59. A J Fresnel
  60. R J Hauy
  61. Charles Hermite
  62. J L Lagrange (Convertido in extremis)
  63. V Grignart
  64. Charles de la Vallé Poussin
  65. Victor Hess
  66. L J Thénard
  67. Camille Jordan
  68. W Killing 
  69. J J Audubon
  70. H L Le Chatellier
  71. Charles Nicolle
  72. Emile Picard
  73. Alexis Carrel
  74. Grigori Ricci
  75. Edouard Roche
  76. Angelo Secchi
  77. Paul Sabatier
  78. Teilhard Chardin
  79. Henri Breuil
  80. Ignaz Semmelweis 
  81. J B Senderens
  82. Joseph Stefan
  83. Gyula Féyni
  84. Ramon y Cajal
  85. T Wulff
  86. Carlos Chagas
  87. E T Whitakker
  88. Erich Wasmann
  89. John Von Newman
  90. Karl Weierstrass
  91. Paul Gibier
  92. Geoffroy St Hillaire
  93. J Tolkien
  94. Carl Von Hugel 
  95. Stephan Endlicher
  96. Guglielmo Marconi
  97. Pierre J V Van Beneden
  98. Alfred Wegener
  99. G Moscatti
  100. C F P Von Martius
  101. Hervé Faye
  102. Maria Klenova 
  103. Ed Heiss 
  104. Jean Theodore Lacordaire
  105. Johann Von Lamont
  106. J J Von Littrow
  107. Morgan Hebard
  108. Paul Dirac
  109. Vasily Dokuchaev
  110. Gabriel de Tarde
  111. Georg Jackson Mivart 
  112. Ph Pinel
  113. J E D Esquirol
  114. L R E Tulasne
  115. R Allers
  116. Henri Milne Edwards
  117. Louis de Broglie
  118. K J H Windschmann
  119. Franz Bopp

    Incompleto, porém suficiente. 

    58 + 94 + 120 = 272

sexta-feira, 3 de outubro de 2025

O padrão apostólico, o Catolicismo Ortodoxo, a igreja romana e a Ciências II (Período posterior a reforma protestante) - Simples esboço

Estando já em operação a reforma protestante, o cidadão germânico Georges Agrícola (01), vivendo entre eles porém mantendo-se fiel as crenças antigas tornou-se pai da mineralogia ao escrever a obra "De natura fossilium".

Um século depois Nikolaus Stenio (02), sueco e protestante convertido a IAR e feito cardeal, lanço os fundamentos da estratigrafia e geologia contemporâneas.

Michele Mercati (02) foi um dos primeiros a reconhecer que o material lítico pertencente a Idade primitiva é de origem humana, isto no século XVI. 

O conde L F Marsili (03) é tido como pai da oceanografia. 

Embora a partir de Johannes Kaub (Apostólico romano - apud Artigo precendente), os protestantes Otto de Brunfells (Discípulo de Lutero, o qual após se ter feito ariano foi o primeiro moderno a questionar a fidelidade dos Santos Evangelhos), Fuchs, Rauwolf e H Bock tenham se destacado como Botânicos na Alemanha, deve-se considerar que os primeiros jardins botânicos modernos foram criados num país papista - Nas cidades de Pádua (1545) e Piza (1546) - por iniciativa dos membros dessa religião e que se Rauwolf (04) fez suas viagens exploratórias pela Palestina e Mesopotâmia, os papistas Guilandinus (05) e Prospero Latini (06) fizeram suas viagens pela Grécia e Egito, recolhendo grande número de espécies.

Em 1566 é criado o 'Orto' di Roma, por Andrea Cesalpini (07), o qual produziu seu Herbário, com 260 páginas e 768 espécies de plantas, em 1563 para o Bispo Tornabuoni. Já em 1583 publicou ele o "De plantis libri XVI" produzindo a primeira tentativa científica de classificar as plantas, a qual muito influenciou John Ray. Compôs enfim o "De matallicis libri III" (1596), concordando com Agricola e sendo citado como referência por Lyell. 

Todavia foi Ulisses Aldrovandi (08), de Bolonha, o criador do jardim botânico (1568) daquela cidade, que mereceu - Tanto por parte de Linneu quanto por parte de Buffon. - o título de pai da "História natural" - Seu monumental Herbarium continha cerca de 4760 espécies e compreendia dezesseis volumes. Consta ter produzido ainda diversos catálogos de entomologia, ictiologia, ornitologia e mastozoologia. Ele compôs centenas de obras e parece ter criado o termo Geologia. Era parente do papa romano Gregório XIII, o qual apoiou seus trabalhos. 

Apesar disto o primeiro cientista a definir ou conceituar um vegetal foi Joseph Pitton de Tournefort (09). Aluno dos jesuítas, esse homem piedoso classificou cerca de 6.893 plantas, as quais dividiu em gênero e espécie. Foi seguido pelos Jussieu, cujo expoente máximo foi Antonie Laurent de Jussieu (10). O qual organizou um bem sucedido modelo de classificação. 

Entre 1570 a 1577 o Dr Francisco Hernandez (11), nomeado proto médico geral das Índias, elaborou um fichário colossal (Vinte e dois volumes) chamado "História natural da nova Espanha", o qual era, grande parte, derivado do conhecimento tradicional retido pelos povos originários do México. 

Já em 1590 o Jesuíta José Acosta (12) publicou a "História natural e moral das índias." O primeiro levantamento natural e antropológico sistemático sobre o continente americano. Cerca de meio século antes Fernandez de Oviedo (13) havia editado parte de sua não menos genial "História geral e natural das índias..."

Pierre Bellonius (14), o grande expoente da ornitologia (L histoire de la nature des oyseaux - 1555) do século XVI destacou-se igualmente por sua adesão a fé romana e oposição ao protestantismo. Ele também publicou um atlas sobre os animais marinhos: A "De aquatilibus" (1553), sendo seguido por Hipólito Salviani (15) com seu "Aquatilium animalium historiae" (1554) - Esse Salviani foi médico de diversos papas romanos.

Giovanni Alfonso Borelli (16) foi pioneiro na investigação da biomecânica ao estudar pela primeira vez as contrações musculares e foi um dos primeiros a idealizar um submarino. 

Francesco Redi (17), aluno dos jesuítas, demonstrou experimentalmente o equívoco da geração espontânea e tornou-se pioneiro na área da parasitologia. 


André Vesalius (18) - Autor da "De humanis corporis fabrica" e considerado como o pai da anatomia moderna era outro filho dedicado da igreja romana. Vesalius formou G Fallopio (19), o qual formou G F de Acquapendente (20) - Pai da embriologia. -  e este enfim Casserius (21), toda uma estirpe de anotomistas paduanos. Bartolomeo Eustachi (22) foi seu êmulo obtendo (Em 1550) a dispensa papal necessária para dissecar. 

M R Colombo (23), em Pádua, foi o primeiro a perceber o circuito pulmonar e disputa com Fallopio a descoberta do clitóris. 

J G Duverney (24) esta na base da teoria da audição. Completada por Domenico Cotugno (25). 
O sucessor de J G D, Jacob Winslow (26) fez diversas descobertas e contribuições na área da Osteologia. 


Paracelso (27), pai da Toxicologia e da antissepsia, foi clamorosamente apostólico romano até a morte. E seus trabalhos foram continuados e ampliados pelo insigne J B Van Helmont (28), considerado por muitos como o 'Fundador da química pneumática'. 

Abraham Ortelius (29) - Autor do "Theatrum orbis terrarum" e pioneiro quanto a Teoria da deriva continental não apenas era papista como foi recomendado ao rei Filipe II por Benito Arias Montano. 

Giambattista Della Porta (30) foi um polímata e empirista italiano que colaborava ativamente com as obras sociais dos jesuitas. Reaumur (31) foi também um polímata, porém francês, o qual inventou o termômetro que trás seu nome, estudou os corais, elaborou um catalogo entomológico, analisou a dinâmica das populações humanas e é considerado como um dos criadores da Ethologia. 

O Pe B Castelli (32) foi o pioneiro da Hidráulica e professor de Evangelista Torricelli (33). Seu 'opus magnun': "Sobre a medição das correntes de água" foi publicado em 1628. Torricelli também notabilizou-se pela piedade religiosa - A ele se deve a invenção do barômetro. 

O grande Galileu (34) - Que jamais foi torturado e menos ainda morto pela inquisição. - além de ter tido uma filha freira e ser o cientista que foi, sempre deu mostras de sincera piedade religiosa. Foi além disso pioneiro quanto a 'Demarcação' dos saberes ou MNI - Magistério não interferente. Foi ele que descobriu as fases de Vênus, já supostas pelo citado Castelli. Viviani (35), seu discípulo jaz sepultado consigo em seu jazigo. 

Também o Pe T Campanella (36), escreveu sobre a 'Demarcação' ou o MNI, além de compor a 'Cidade do sol' um ensaio de 'Utopia'. Alias o primeiro a escrever uma 'Utopia' foi o humanista Thomás Morus (37). E por citar Morus podemos citar seu amigo Erasmo (38), o pai e príncipe dos humanistas, o qual no fim de sua vida, percebendo o perigo, atacou a pseudo reforma protestantes em seu "Hyperapistes". 

A respeito de Johannes Kepler (39) muito se tem discutido sobre sua possível adesão ao papismo, uma vez que viveu e compôs parte de seus trabalhos junto a corte do Sacro Império, sob Rodolfo II. O Pe Paul Guldin (40), amigo e colaborador de Kepler, descobriu o Teorema que trás seu nome e que possibilita a determinação da superfície e o volume de um sólido em revolução. 

Também o terceiro astrônomo do tempo G D Cassini (41) não somente era papista como homem de grande devoção religiosa. 

O Jesuíta Scheiner (42) é cotado como possível descobridor das manchas solares e elaborou a primeira obra científica sobre o astro rei. 

Em 1639 o Jesuíta G B Supri (43)observou pela primeira vez as faixas de Júpiter. 

Joseph Von Fraunhofer (44), inventor do espectroscópio também foi um devotado apostólico romano. Da mesma forma J N Delisle (45), o qual era fortemente ligado aos jesuítas. 

O Pe Piazzi (46) publicou, em 1803 uma celebre catálogo contendo 7,646 estrelas e descobriu Ceres.

Girolamo Cardanus (47) foi o primeiro a introduzir as ideias gerais das equações algébricas, a formular os primeiros princípios sobre as probabilidades e descobriu os princípios da 'Junta universal'. 

Foi o Pe Cristoforos Clavius SJ (48) que ofereceu a Descartes (49) e a Leibnitz (50) a edição 'princeps' de Euclides. Já o Pe Marsenne (51) foi companheiro e par dos grande matemáticos abaixo citados> Descartes, Pascal (52), Fermat (53) e Gassendi (54). 

Da mesma forma os matemáticos Descartes - Autor do "Discurso do método" e Fermat eram Católicos devotos e praticantes, assim como Personier (55), Viète (56), Cassini (57), Boscovic (58), Fresnel (59). O Pe B Cavalieri (60) mereceu os aplausos e elogios tanto de Galileu quanto de Leibnitz. Jacopo Riccati (61) descobriu a equação que leva seu nome e seu filho Vicenzo SJ as funções hiperbólicas. Tampouco devemos esquecer o genial Towneley (62), inglês e colaborador de Boyle.

Teodorus Moretus SJ (63) - Suas contribuições no campo da óptica foram reconhecidas por Robert Hooke. Também fez descobertas no campo da Física, Astronomia, da Hidráulica e da Teoria musical. Athanasius Kircher SJ (64) foi polímata - Foi um dos primeiros a observar os micróbios num microscópio e a sugerir que eram eles agentes patológicos, dedicou-se a invenções mecânicas (Parece que inventou o megafone e sugeriu a Lanterna mágica.) e criou um dos primeiros Museus (O Kircherianum) e segundo Alan Cutler, foi o último ocidental ao deter todo conhecimento de seu tempo. Ainda, segundo E W Schmidt foi ele "O último homem da Renascença". 

Bartolomeu Amicus SJ, explorou e desenvolveu o conceito de vácuo, relacionado com a filosofia aristotélica. 

O Pe Jean Picard (65) foi o primeiro cientista a medir com razoável grau de precisão em 1669\70 e a descobrir a fosforescência do mercúrio. Adrien Auzout de Ruão (66), amigo dos Jesuitas, construiu grandes telescópios para poder observar tanto as órbitas dos cometas quanto as crateras da lua e também fez importantes observações sobre o ar e o mercúrio no barômetro. 

O padre Edme Mariotte (67) descobriu a lei do volume dos gases independentemente de R Boyle. Ele também formulou uma das Leis da aerodinamica. Foi ainda inventor do 'Berço de Newton' e descobridor do ponto cego dos olhos. 

J M Marci (68) amigo dos Jesuítas foi pioneiro quanto o estudo das cores em relação com a luz. 

Leibnitz, após corresponder-se com  J B Bossuet, Bispo de Meaux, escreveu uma apologia perfeitamente Ortodoxa ou Católica e converteu-se em 'extremis' a igreja papa. Foi ele quem concebeu pela primeira vez as ideias de calculo diferencial e integral. 

Grotius (69), pioneiro quanto ao direito internacional, buscou conhecer a fé Ortodoxa e parece ter aderido a fé romana as vésperas de sua morte. 

Também o médico papista Malpighi (70) foi o primeiro a empregar o microscópio em estudos de anatomia. 

Quanto ao uso de balões temos por pioneiro um Padre, alias de Santos - Brasil > Bartolomeu Lourenço de Gusmão (71). Seguido pelos irmãos Montgolfier (72), igualmente papistas. 

O Pe G B Riccioli (73) elaborou o primeiro mapa conhecido da lua e também fez as primeiras investigações sobre a aceleração da gravidade na superfície da terra, testando empiricamente a Lei da queda dos corpos, teorizada por Galileu. 

Pierre Gassendi foi pioneiro quanto ao estudo das partículas da luz. Era sacerdote. Foi seu continuador o Pe F Maria Grimaldi (74), o qual descobriu o fenômeno da difração da luz.

Mihail Lemonosov (75) foi um polímata russo do século XVIII notável por sua devoção a fé Ortodoxa. Ele montou um laboratório em que fez mais de quatro mil experiências e enunciou a lei da conservação das massas quatorze anos antes de Lavoisier, anteviu a teoria cinética dos gazes e foi o primeiro a observar a atmosfera de Vênus e a obter mercúrio congelado. 

A respeito de Laplace (76), o qual para a glória do Cristianismo apostólico, ousou postular - Pela primeira vez na História - (Em seu "Sistema do mundo") um sistema natural expurgado de quaisquer intervenções inúteis (A única intervenção divina ocorre no mundo dos homens ou na História e é a Encarnação de deus.), corre uma narrativa distorcida sobre uma conversa que teria tido com Napoleão, na qual, segundo os ateístas, teria ele negado a Causa primeira. Quando o que de fato repudiou foram as tais intervenções 'a posteriori' feitas pelo Bom Deus com o objetivo de ajustar a máquina do mundo, o que de fato é ocioso. 

Por sinal a ideia de sucessivas e repetidas interferências de Deus na ordem do mundo já havia sido avaliada por Leibnitz como injuriosas a sabedoria divina. Já Laplace consta ter morrido como bom Cristão, assistido por dois sacerdotes romanos.

Luigi Galvani (77) legou a posteridade a obra intitulada "De viribus electricitatis in motu muscularis" 1791\1794 tornando-se pioneiro na área da bio eletricidade.

Também J B Lammarck (78) morreu, segundo necrológio publicado por sua filha nos principais jornais de Paris, confortado com os últimos sacramentos e assim como apostólico romano. E ele merece ser contado como um dos descobridores da Teoria da Evolução.

Alessandro Volta (79) inventou, em 1800, a primeira bateria, a qual veio a ser chamada pilha Voltaica e foi ela que possibilitou as descobertas feitas por sir Humphrey Davy, pouco tempo depois. 

André Maria Amperé (80) tornou-se famoso por deslindar as leis que regem os fenômenos elétricos e herdou a piedade religiosa de sua mãe. 

Era ainda papista devoto G B Morgagni (81), pai da anatomia patológica, o qual em 1761 publicou o "De sedibus et causis morborum per anatomem indigatis". Foi professor de anatomia em Pádua por 56 anos e sócio efetivo da Sociedade real de Londres e da Acadêmia de ciências de Paris.

O Pe Lazaro Spallanzani (82) foi pioneiro quanto ao estudo do processo digestivo. Foi também ele que descobriu o processo de fecundação entre os mamíferos. 

O médico Laennec (83), inventou o estetoscópio. 

Crítica bíblico documental -

Pereyré (84), convertido ao romanismo, foi o primeiro homem moderno a opor-se ao monogenismo. 

O igualmente convertido J Morinus SJ (85) (Com o protestante L Cappel.) endossou as primeiras dúvidas face a Massorá, a partir do pentateuco samaritano. O Pe Richard Simon (86) sistematizou a controvérsia na "História crítica do velho testamento". O médico romanista Jean de Astruc (87) identificou as fontes Javista e Eloista. O pe A Geddes (88) nas "Observações críticas sobre as escrituras hebraicas" 1800 antecipou grande parte do quanto seria constatado pela futura crítica alemã. Os doutores Salmeron (89), Mazius (90) e Bonefrerius (91) também deram suas contribuições sobre o assunto.

Por essa época J J Winckelmann (92) criou a arqueologia científica em Pompeia. 

Lista bastante incompleta.