Hoje é dia da consciência negra, mas por ironia acabou por passar em branco. Não vi as mídias falando dessa importante data, não vi manisfestações culturais. E hoje seria mais importante que nunca já que a sociedade vivencia episódios de ódio contra negros, nordestinos e homossexuais.
Na quinta-feira última, enquanto eu aguardava o HTP (horário de trabalho pedagógico) na escola onde estou este ano, eu conversava animadamente com os colegas de trabalho e conversa vai e conversa vem e o assunto caiu em racismo. Infelizmente, para meu desgosto meus colegas de trabalho que possuem nível superior argumentam de forma igual ao "povão", isto é, ao senso-comum.
Meus colegas diziam que hoje os negros tem as mesmas chances que os brancos, que os negros são mais racistas que os brancos, porque muitos deles se casam com brancas ou porque tiram sarro de outros negros, que tem a pele mais escura ou traços mais fortes de negro. Disse por meu turno que os negros se tornaram preconceituosos, porque a sociedade introjetou neles o racismo, de modo que ter pele escura, cabelo carapinha, não são características de um povo, de um povo igual a qualquer outro povo, não, isso é um estigma. Talvez por isso homens negras prefiram mulheres brancas, de preferência loiras de olhos azuis, para que possam desse modo "purficar" a "raça". Talvez muitos negros façam isso de modo inconsciente, talvez conscientemente, todavia não querem que seus filhos sejam vítimas de preconceitos como eles o são.
Uma professora soltou esta pérola: "Negro pode andar com camisa ou colocar adesivo no carro 100% negro ou orgulho de ser negro. Mas vai um branco, colocar um adesivo 100% branco, ou orgulho de ser branco pra ver o que acontece. Negro pode, branco não".
Respondi ao "gênio da lâmpada elétrica queimada" que os negros tem que mostrar mesmo orgulho de sua cor, de suas características físicas, de sua cultura. Porque o Brasil é um país racista e nem é preciso ir longe. Demonstrei à professora e aos demais colegas que o racismo está explícito em frases como estas: "negro quando não faz na entrada, faz na saída", "é negro mas tem alma de branco", "é negro mas é honesto" e outras coisas tão bizarras como estas. Perguntei então ao grupo que me rodeava, se já ouviram expressões assim: "branco quando não faz na entrada faz na saída", "tinha que ser branco", "é branco, mas é honesto", "é branco mas tem alma de preto", etc... Eles nunca ouviram e foram forçados a concordar comigo por causa do peso de meus argumentos didáticos.
Só esqueci de perguntar aos professores que acham que negros são racistas, se eles já viram grupos de negros que matam brancos, que odeiam os brancos, se já encontraram uma versão de skinheads para negros. Tudo bem, fica para a próxima.
Um comentário:
Axo que não concordei totalmente, aqui na Bahia principalmente, onde se tem muitos "negros", posso dizer que os "brancos" são algumas vezes rejeitados, seja pelo símbolo sexual que a negritude exerce, seja pelo símbolo de força ou achar que os brancos se acham superiores. Mas no geral aqui é tudo tranquilo, preconceito aqui não rola muito.
Abraços! =D
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