Não me julgo fanático, exceto pela liberdade.
Compreendo assim que livremente assumida a continência sexual ou o celibato, representem valores dignos de respeito. Assim se alguém gerencia ou controla sua sexualidade sem tornar-se neurótico ou por ter um propósito/sentido mais elevado, quem sou eu para critica-lo? Nem posso deixar de encarar o que chamam de sexismo i é a super valorização da dimensão sexual como algo negativo. Quando afirmamos que a sexualidade não deve ser satanizada/negativizada mas encarada com naturalidade não queremos dizer com isto apresentar o sexo como supremo valor da vida humana ou a sexualidade como seu aspecto mais importante. Para nós a sexualidade, mesmo quando encarada com naturalidade, sempre será parte da vida, não a vida. Nós não assumimos a posição de um Marquês de Sade, deplora-mo-la, tanto quanto deploramos o maniqueísmo. Uma coisa é o corpo ser aceito, outra negado e outra idolatrado... fugimos aos extremos.
No entanto, enquanto parte, defendemos uma sexualidade livre e isenta de pre conceitos.
E quanto a continência ou ao gerenciamento da vida sexualidade, encara-mo-lo como possível valor apenas quando livremente assumido pelo sujeito a partir de suas conclusões, i é, apenas quando é significativo para ele e jamais como algo imposto por alguém ou mesmo pela sociedade.
Como fator formativo da personalidade humana a dimensão sexual da vida deve ser considerada com todo cuidado e certamente ser gerenciada pelo sujeito. Claro que no setor familiar da Sociedade serão oferecidos ou mesmo impostos certos tipos de conduta como desejáveis, isto a guiza de educação. Desde que não haja excessos, como a agressão, temos um fenômeno normal. Certamente que a partir daí podem resultar seríssimos problemas. Tal no entanto é o curso da vida, ao menos em seus primeiros passos. Agradeça a natureza ou a Providência aquele que teve a sorte de obter pais ou educadores amorosos, liberais e pacientes. Os demais só tem a chorar...
No entanto para além da infância e da adolescência, é normal e justo que o homem adulto, na posse de sua liberdade, reconsidere os princípios e valores recebidos, mormente quando lhe parecem já sufocantes, já tacanhos; e quando produziram em si determinados problemas ou patologias psíquicas, assim traumas, bloqueios, fobias... Pois tudo isto e muito mais pode produzir uma sexualidade artificial, reprimida ou excessivamente limitada. Então é justo que, apesar das ameaças dos padres arrogantes ou dos pastores imbecis, a pessoa se reavalie e reconstrua a si próprio, questionando a educação sexual que recebeu.
Normal que os pais controlem - até certo ponto e apenas com determinados meios - a sexualidade dos filhos e não trataremos mais disto. Parece um direito ou uma necessidade natural, mesmo quando sofra os mais terríveis abusos por parte de pais neuróticos.
Agora por que raios aspiram os padres e pastores (No tempo presente estes antes de todos)- Por vezes os reis, presidentes, generais e patrões... gerenciar a sexualidade alheia?
Já disse que sexo é poder e que o exercício da sexualidade implica relações de poder, mais talvez que de afeto... Controlar a dimensão sexual do outro é controlar o outro, é domina-lo, é dispor dele. Quando alguém dispõem do poder de uma Nefer Nefer de 'O egipcio' (Mika Waltari), de uma Dalila, de uma Lais, de uma Gruchenca... estebelece-se a relação senhor/servo, uma escravidão. A dependência afetivo/sexual pode ter a força de correntes e cadeias, advertem o padre e o pastor, partindo da fina psicologia do antigo testamento, cujo fundo talvez reconheça a grande força ou o grande poder da líbido sobre o sexo masculino. Não vou entrar aqui nos termos da relação Homem, Mulher e Líbido ou dependência -
Sucede porém que a mesma relação por assim dizer 'se reproduz' sempre que outrem, seja padre ou pastor, passa a direcionar a sexualidade alheia. Também aqui, por meio de uma continência ou de uma abstinência imposta (Na qual muitas vezes não se vê o mínimo sentido.) por uma autoridade externa, estabelece-se uma relação de dominação e poder, mesmo porque, quem admite ser guiado externamente quanto a própria sexualidade dificilmente estabelecerá limites ou fronteiras quanto a qualquer tipo de controle externo, concedendo em ser dirigido por completo i é quanto a todos os setores da vida. Uma pessoa dominada por outra quanto a todos os setores da vida, tendo abdicado de sua liberdade, converteu-se num boneco ou numa marionete.
Voluntariamente assumido por uma pessoa adulta a Continência ou o Celibato podem ser libertadores e contribuir no sentido de constuir-se uma personalidade heroica, no pleno sentido da palavra. Já dissemos: Controlar, dominar ou gerenciar a concupiscência ou pulsão (Impulso) sexual, transferindo esta energia para outro setor qualquer da vida e escapando a neurose, é quase uma obra divina.
Abdicar artificialmente da sexualidade por imposição externa, além de ser a porta de entrada da neurose e da insanidade, pode estabelecer uma relação desigual de poder e assim dar vezo a um controle moral, econômico, social e político. Generais, técnicos de futebol, demagogos politiqueiros, patrões ambiciosos, etc sucedem cada vez mais ao charlatão ou déspota religioso, buscando impor a transferência de energia, e obter um time ou exército vitorioso ou uma maior produção de bens...
Felizmente patrões, técnicos, ideólogos, etc não dispõem do mesmo poder que os padres e pastores ou dos meios de um General. E o atleta, o proletário, o afiliado e mesmo o soldado (Fora da caserna) sempre poderão farrear e burlar ou mentir. Os líderes religiosos apenas podem possuir a alma e o coração do homem, mesmo quando o ameaçam com os míticos fogos do inferno... e é aqui que o controle obtém sucesso e se torna absoluto. Caso o lider decrete: Vocês, meus fiéis, transarão ou farão sexo assim e assado (Estabelecendo um roteiro ou receita em nome de Cristo), a situação esta decidida e aqueles que concordam sinceramente convertem-se em matéria plástica... como cera quente.
Nem se trata de chegar ao celibato ou a abstinência provisória absoluta. Basta que as formas sexuais sejam dadas ou definidas por outrem no sentido de permitido e não permitido. Admitido este tipo de moralidade temos o controle. Talvez por isto o Verbo Jesus praticamente não revindicou autoridade sobre a sexualidade humana ou apresentou seu Evangelho como um Kama Sutra, dum Deuteronômio ou de um Sahi (Hadith), recusando-se a fazer o jogo dos oportunistas e ambiciosos e confiando no poder da verdade. Quando leio o Evangelho, buscando mostras de controle sexual e falhando em encontra-lo, não poucas vezes consolida-se minha fé na Divindade deste Jesus que tem tão pouco em comum com os manipuladores de homens e demagogos.
Tornando ao tema em questão, depreende-se do quanto foi escrito e do fato segundo o qual, não possui a sociedade política sólidos e profundos conhecimentos psicológicos a respeito da personalidade humana, a ponto de, tal e como os pais e responsáveis, gerenciar a sexualidade alheia ou mesmo educa-la, impondo qualquer tipo de padrão comum ou coletivo. Os pais exercem tal gerenciamento por necessidade absoluta, dentro dos limites de seus lares. E cada lar assume um tipo de olhar, lei ou padrão distinto, não cabendo a sociedade ou ao poder político selecionar ou padrão ou julgar o tema. Mormente quando devem estes jovens obter a autonomia, fugindo inclusive a autoridade paternal. De modo algum poderia o Estado assumir este caráter paternal ou paternalista - a menos que o velho Filmer estivesse correto rsrsrsrsrs - apresentando-se como cuidador de um rebanho de adultos, aos quais pelo contrário convém dirigir todos os assuntos do Estado, desde que principiem por obter a autonomia que os caracteriza como pessoas humanas e não como vil rebanho de alimárias!
Alias a simples ideia implícita no projeto do Estado anti liberal brasileiro educar sexualmente os jovens, sugerindo-lhe modelos de conduta, já pressupõem a intenção de gerenciar e uniformizar e assim de dominar o futuro cidadão, convertendo-o em simples tutelado, impedindo-o de atingir a autonomia e consequentemente frustrando os ideais liberais e democráticos. É uma refinada e oculta forma de controle e opressão imposta por um governo híbrido ou amorfo, parte militarista e parte economicista liberal, inspirado nos modelos irracionais e sectários importados dos EUA.
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