quinta-feira, 5 de abril de 2018
Introdução ao Canon sociológico contemporâneo.
Segundo o canon sociológico atual prevalecente desde os anos 40 e 50 três seriam as matrizes teóricas da Ciência Social -
A Marxista ou de conflito, esboçada pelo pensador alemão K Marx juntamente com F Engels e sistematizada posteriormente por K Kautsky, Plekhanov, Rosa Luxemburgo, Bukharin, etc
De modo geral os marxistas insistem que existe uma infra estrutura material ou econômica (relacionada com as formas de produção) que da suporte a uma super estrutura cultural que envolve relações pessoais, princípios, valores e crenças.
Nosso período é determinado pela relação - Posse privada dos meios de produção e regime assalariado, o qual determina nossas formas de ser e pensar. Por fim o conflito presente se dá entre os detentores dos meios de produção - que vivem de mais valor - e os assalariados ou proletários.
A Positivista de E Durkheim, M Deat, C Bouglé, M Mauss; sobrinho de Durkheim e outros. O princípio explicativo dessa escola é o da causação funcional. Os fenômenos sociais tem uma causa que pode ser explicada em termos de suas funções sociais.
Já o objeto específico da Sociologia segundo Durkheim seria o fato social, compreendido nos seguintes termos:
Anterior e externo aos individuos
Coercitivo
Geral ou comum e
Objetificável ou coisificável
A Sociologia compreensiva tem por 'pai' o teórico alemão Max Weber, tributário de Simmel - teórico da sociologia formal - Tonnies e outros. Weber tem o mérito de tentar superar o materialismo marxista e o mecanicismo durkheimiano, legados do positivismo. Daí recorrer a um modelo epistemológico alemão elaborado tendo em vista as ciências do homem por Dilthey, Rickert, Windelband e outros. Basta dizer que ele tem o arrojo de incluir a pessoa humana como agente da ação social, uma ação intencional.
Ele não nega o valor da análise marxista quanto a sociedade ocidental contemporânea ou capitalista, que é materialista e economicista. Mas julga que de modo geral, outras culturas e sociedades fogem a este padrão, identificando em algumas a prevalência de um éthos religioso ou espiritual e noutras uma tensão entre o material e o espiritual. Assim o modelo weberiano adota a solução multi causal ou multi fatorial de J S Mill.
Dentre os conceitos cunhados por Weber destacamos a 'afinidade eletiva' entre diversos conceitos, ideias e crenças, conceitos que são capazes de penetrar diversas esferas da existência humana e de aproxima-las e coordena-las em termos de 'civilização' assim a Kalokagatia para os antigos gregos, a vida eterna para os antigos egipcios, a solidariedade para os primeiros cristãos, a tradição dos ancestrais para os antigos chineses, o individualismo para o homem ocidental do tempo. Essa visão orgânica de cultura recebeu o nome de culturalismo.
Enquanto recorte - a Escola de Franckfurt adota o termo - o enfoque marxista (Despojado de suas receitas de bolo futuristas em torno da Revolução cataclísmica < Elemento tomado por Lênin a Sorel > da ditadura do proletariado, do fim da História, etc) é importantíssimo para compreendermos os vícios e defeitos da Sociedade capitalista entregue ao 'Laisez faire' e para buscarmos supera-los. As contradições irracionalistas deste modelo precisam ser bem conhecidas para possibilitar sua transformação, até J S Mill estava de acordo neste sentido e não podemos pensar um pós capitalismo (democrático ou melhor policrático) sem considerarmos criticamente a crítica de K Marx.
Quando usado com liberdade, autonomia e criticidade, é o marxismo instrumento precioso no sentido de investigar seriamente a realidade que nos cerca e identificar suas mazelas. Como credo fechado em si mesmo ou como sistema 'ortodoxo' e partidarista avalio-o como o marxólogo Raymond Aaron apud 'O ópio dos intelectuais'.
Apesar dos vícios positivistas - como a monocausalidade, o reducionismo físico matemático, etc - o modelo de Durkheim é interessante na medida em que visa categorizar ou descrever que sejam fatos sociais, produzindo um objeto específico para nossa disciplina. Para além disto não podemos menosprezar sua contribuição a respeito dos elementos ou fatores que mantém determinada Sociedade coesa impedindo que mergulhe na 'anomia'. Foi ele quem cunho os termos 'solidariedade mecânica' e 'solidariedade orgânica'.
Outro aspecto peculiar a esta corrente foi tentar analisar outras sociedades e outras culturas, inda que sob influxo do evolucionismo linear e do esquema dos 'Três estados'. Houve por certo um ensaio no sentido de se compreender as sociedades tradicionais ou campesinas embora isto envolvesse quase sempre juízos de valor em torno da técnica.
A corrente weberiana é bastante saudável pelo simples fato de considerar o homem ou a pessoa humana como agente (ator) social, e não como peça de uma máquina mecanicamente movida. Neste sentido podemos classifica-la como uma sociologia humana e humanista, a qual foge aos devaneios metafísicos de Durkheim. A já citada compreensão de que as ideais que dominam as instituições possuem afinidade, é ferramenta indispensável para compreendermos a dinâmica das diversas culturas e civilizações. Neste sentido Toynbee foi o continuador natural de Weber no plano da História. Depois C Dawson, H Butterfield, Crane Brinton, etc
Além destes autores temos de citar Le Play, da escola da ciência social, Karl Von Lorenz, Wilfredo Pareto e entre os mais recentes Pitirin Sorokin, T Parsons e Timacheff, dentre outros, como teóricos importantes. Todavia de modo geral, a maior parte dos teóricos deixou-se influenciar em maior ou menor grau por Marx, Durkheim ou Weber. Há no entanto marxistas weberianos como Michael Lowy.
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