segunda-feira, 18 de julho de 2016

SANTO AMBRÓSIO LIVRO DE NABOT DE JEZRAEL (ML 14, 767)




A história de Nabot aconteceu há muito tempo, mas se renova todos os dias. Que rico não ambiciona continuamente o alheio? Que rico não pretende arrebatar do pobre sua pequena posse e invadir a herança dos seus antepassados? Nem é Nabot o único pobre assassinado. Todos os dias se renova seu sacrifício, todos os dias se mata o pobre.
Transtornado pelo medo, o pobre abandona suas terras e emigra em companhia de seus filhos, dom do amor. Segue-o sua mulher chorosa, como se acompanhasse seu marido à sepultura... Até onde pretendem os ricos levar sua cobiça insensata? Por acaso são os únicos habitantes da terra? Por que expulsam de suas posses quem tem uma natureza igual à deles e reivindicam só para si a posse de toda a terra? A terra foi criada indistintamente para todos, ricos e pobres. Por que se arrogam o direito exclusivo do solo? Ninguém é rico por natureza, pois esta gera a todos igualmente pobres. Nascemos nus, sem ouro nem prata. Nus vemos a luz do sol pela primeira vez, necessitados de alimento, roupa e bebida. A terra recebe nus os que dela saíram e ninguém pode levar consigo para o sepulcro todos os seus bens. Um pequeno pedaço de terra é bastante na hora da morte, tanto para o pobre quanto para o rico. E a terra, que não foi suficiente para acalmar a ambição do rico, cobre-o completamente.

Nenhum comentário: