quarta-feira, 15 de junho de 2016

SANTO AMBRÓSIO SOBRE OS DEVERES DOS MINISTROS (ML 16, 196)




Julgaram os filósofos pagãos como forma de justiça que o bem público pertencia ao público e o bem privado ao cidadão particular. Isto, sem dúvida, não está de conformidade com a natureza, porque esta deu a todos todas as coisas em comum. Deus dispôs a criação de tal forma que tudo constituísse alimento comum para todos e a terra pertencesse a todos em comum. A natureza engendrou, pois, o direito comum e a usurpação fez o direito privado. A este propósito dizem que, na opinião dos estóicos, tudo o que a terra produz foi criado para uso do homem e que os homens foram criados por causa dos homens, para que pudessem ajudar-se uns aos outros.
De onde tiraram esta doutrina, senão de nossa Escritura? Pois Moisés escreve que Deus disse: "Façamos o homem à nossa imagem, como nossa semelhança, e que eles dominem sobre os peixes do mar, as aves do céu, os animais domésticos, todas as feras e todos os répteis que rastejam sobre a terra". E Davi diz: "Sob seus pés tudo colocaste: ovelhas e bois, todos eles, e as feras do campo também; as aves do céu e os peixes do oceano que percorrem as sendas dos mares". Logo, aprenderam de nós que todas as coisas estão sujeitas ao homem e, por isso, julgam que foram criadas por causa do homem.

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