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A edição de novembro de 2012 da Scientific American Brasil publicou um artigo que afirma que a "formação científica insuficiente explica a aceitação de ambas as interpretações entre estudantes e professores do ensino fundamental no país".
É assustador o número de pessoas que acreditam que deus criou o ser humano a menos de 10 mil anos, de acordo com a revista Scientific American Brasil: "Uma pesquisa encomendada ao Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope) mostrou que 33% dos brasileiros creem que o ser humano foi criado por Deus há cerca de 10 mil anos, enquanto 54% aceitam que os humanos surgiram há milhões de anos, mas por um processo dirigido por Deus.
Entre os entrevistados dessa pesquisa, 89% concordam que o criacionismo deva ser ensinado nas escolas e 75% acham que essa concepção deve substituir o evolucionismo em sala de aula". [1]
É desesperador ver que 33% dos brasileiros acreditam que deus criou o homem tal e qual está descrito no livro do Gênesis e também é doloroso ver que 89% dos entrevistados acham que o criacionismo deva ser ensinado em sala de aula e que 75% acham que o criacionismo deve substituir o ensino da teoria da evolução. Evidentemente isto se dá por conta do crescimento das seitas neo-pentecostais e essas facções na maioria das vezes são frutos da pobreza e da ignorância. mas não só isso como veremos adiante.
Segundo Rogério F. de Souza e seus companheiros: "Observamos também que, ao menos em parte a aceitação dessas teorias científicas depende da compreensão que os estudantes tem da metodologia científica. E que ela não é completamente compreendida por uma parte significativa deles. Por outro lado, dados preliminares obtidos junto a professores de ciências e biologia do ensino fundamental e médio indicam que 66% deles concordam que o criacionismo também deva ser abordado em sala de aula como uma teoria alternativa ao darwinismo.
Esses resultados sugerem que, apesar de todo o avanço na divulgação da ciência, estudantes universitários e professores parecem não compreender o que diferencia uma teoria científica de uma concepção religiosa".
Pesquisa realizada por Tidon e Lewontin (2004) com professores do ensino médio da região de Brasília revela que 60% deles admitiram ter algum tipo de dificuldade em ensinar evolução. Entre os fatores apurados estão a falta de preparação desses professores, carência de material didático ou mesmo a escassez de tempo para a utilização desses materiais. Além disso, 62% deles admitiram que seus alunos eram imaturos ou não tinham suficiente base teórica para compreender a evolução". [2]
Muitos alunos que fazem o curso de graduação de biologia não entende os conceitos científicos porque não compreende a metodologia da ciência, isto é, como funciona. O mais triste dessa pesquisa é saber que professores de ciências e de biologia num total que perfaz 66% são de opinião que o criacionismo deve ser ensinado como via alternativa ao evolucionismo. É evidente que isso se dá por falta de uma boa formação acadêmica e também por receio de ofender os sentimentos religiosos dos alunos e de seus pais.
Já vi professores que ao serem questionados com esta pergunta: Quem nasceu primeiro o ovo ou a galinha? Respondem que isso é relativo, quando na verdade poderiam dar uma excelente aula de evolução, abordar que o ovos vieram primeiro, porque as galinhas evoluíram dos dinossauros e que os dinossauros botavam ovos.
Uma professora de geografia confidenciou-me que num 6º ano teve que abordar a Teoria do Big-Bang e um aluno protestante neo-pentecostal (mais vulgarmente conhecido como evangélico) disse-lhe que não acreditava no Big-bang. E, como a professora abordou a questão? Respondeu que existem duas teorias: a da ciência e a da religião e que o aluno pode crer na qual bem entendesse mas ele precisa conhecer a teoria da ciência também para poder optar entre uma e outra. Como se a ciência fosse questão de gosto ou de opinião e não de fatos.
Seria bom que os futuros professores de ciências e biologia e também de geografia aprendessem de fato a metodologia científica e o que é e o que não é ciência, e que aprendessem uma epistemologia saudável para que não viessem a cair na relativismo epistemológico e assim pudessem enfrentar o fundamentalismo religioso nas salas de aulas e pudessem responder de forma objetiva todo e qualquer questionamento por parte dos alunos.
Fontes:
[1] Scientific American Brasil nº 126 página 79
[2] Scientific American Brasil nº 126 página 79
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