quinta-feira, 7 de agosto de 2014

A escola como refém




Muitos "educadores" e dentre eles gestores e coordenadores adoram citar frases de Paulo Freire e dizem ter um pensamento progressista, mas a prática desmente a teoria. A quase unanimidade dos gestores e coordenadores de escolas públicas são extremamente autoritários e arrogantes. Mas esses não são os únicos problemas das escolas, não! A escola pública que deveria ser laica se dobra quase sempre às vontades de pais de alunos, e isso porque a escola é um curral eleitoral e a educação pública no Brasil não passa de uma farsa.

Os professores de história por exemplo, não podem falar da cultura africana, sem que ouçam gritos de: "Isso é do diabo!", Isso não é deus!" e outras esquisitices do gênero, e além disso receber denúncias dos pais por ensinarem coisas que vão contra a bíblia; Professores de biologia tem medo de abordar a Teoria da Evolução por causa de alunos fanáticos de seitas obscuras, pois esses alunos saem do debate para os ataques pessoais, e afirmam que a teoria da Evolução é uma mera teoria como diz o próprio nome, e, infelizmente a maioria dos professores de biologia por medo e/ou despreparo acabam concordando que a teoria da evolução é apenas uma mera teoria. Esses professores não deveriam se calar, deveriam explicar o que é uma teoria, pois isso seria uma defesa contra as intromissões das religiões numa área que não lhes compete; O mesmo acontece com professores de geografia quando tem que ministrar aulas de geografia física, soube de uma professora que se acovardou diante de um aluno de um 6º ano, essa professora disse que o aluno não acreditava no Big-Bang e ela respondeu que existem duas teorias, a da bíblia e o da ciência, e o aluno poderia escolher a que quisesse, mas mesmo assim ela tinha que falar da visão científica, como se falar de ciência fosse questão de opinião ou de gosto, não sabe a professora que está contribuindo para formar uma sociedade cada vez mais teocrática e intolerante e que o dever de todo o bom professor é erradicar erros e superstições?

Ainda há casos em que diretores recomendam a seus professores que evitem falar da cultura africana, de folclores, do Saci-pererê e de tudo aquilo que o folclore possa vir a suscitar a ira da santa inquisição protestante neo-pentecostal. Por aí se vê que a escola pública não tem o compromisso com a verdade, com o pensamento crítico e muito menos com a liberdade, mas a escola pública é um jogo de interesses onde tudo o que importa é agradar a clientela, se manter no poder, tudo importa, exceto a educação. 

Não me admira que o Brasil venha caindo na educação pois os alunos sabem cada vez menos, estão num processo cada vez pior de estupidificação, onde eles tem a liberdade para fazer tudo menos estudar. As escolas públicas se tornaram depósitos de pessoas e os professores se tornaram babás, onde são cobrados o tempo todo, trabalhando sob pressão, ouvindo sermões dentro e fora dos HTPCs. E, se um professor ministrar uma aula diferenciada, ele é denunciado, humilhado e punido como se tivesse cometido o mais hediondo de todos os crimes. Pois é, soube de um professor que numa certa escola quis fazer algo diferente, foi punido, mas qual foi seu crime? Ele agrediu fisicamente algum aluno? Xingou algum aluno? Fez gestos obscenos? Molestou sexualmente algum aluno? Menosprezou algum aluno? Fez algum comentário preconceituoso ou racista? Não, nada disso. Ele fez algo pior! Somai todas essas coisas e multiplicai por mil e tereis a resposta. O professor em questão - que não era autoritário e que acreditava na educação pública - subiu na carteira para chamar a atenção dos alunos e começou a lecionar, os alunos tiraram fotos e fizeram vídeos do tal professor e alguns contaram horrorizados para os pais que o professor "criminoso" fez. Um pai muito conscencioso fez uma denuncia para a autoridade competente da escola e esta o chamou para passar um sermão e ensinar como se deve dar aulas e como se deve agradar aos pais de alunos e, por último o professor teve que assinar um livro de advertência ficando ciente de sua horrenda quebra de conduta. O professor ciente de suas maldades  e muito arrependido fez o mea-culpa e disse que resolveria o problema declinando dessas aulas, e deixando a escola, os pais e os alunos livres de um indivíduo tão "nocivo" para a sociedade e todos ficaram felizes para sempre, porque o professor em questão domina as competências e habilidades e não é bom que um professor desses esteja numa escola  né? 




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