terça-feira, 15 de julho de 2014

Fanatismo e Estado laico

Ontem à tarde eu publiquei no facebook um texto sobre um padre fanático, obscurantista e que faz cara de Santa Teresa D'ávila em êxtase e logo o perfil da Juventude do Papa compartilhou meus pensamentos e encimou com o título QUE FALTA DE RESPEITO!!


O texto que escrevi é este: Aí tem um tal de podre, ops, digo padre Rodrigo Maria, um fanático, doente, boçal ao extremo que tive o imenso desprazer de assistir um pedaço de um hangout, onde uma das frases desse infeliz é que católicos devem ser contra o aborto senão irão pra o inferno. 

Que argumentaço hein? Religião bacana essa onde deus precisa ameaçar as pessoas com o inferno eterno sendo tostadas para todo o sempre. Um deus que para ser amado e obedecido precisa de ameças. pobre deus...  


Meu argumento nem foi a favor do aborto  porque eu mesmo sou contrário ao aborto na maioria dos casos, mas não por fatores religiosos mas por fatores de ordem filosófica que explicarei mais adiante. O padre estava tentando convencer os católicos a pressionarem contra uma lei do aborto que tinha sido aprovada pelo congresso e sancionada se não me falha a memória. E ele disse que era dever dos católicos pressionarem os deputados de seus estados para que revogassem essa lei, porque o católico que se omite vai para o inferno de fogo eterno e toda aquela ladainha já conhecida. E o padre disse que católico não pode votar no PT porque o PT  é partido comunista-satânico-gayzista-feminista etc..., que tem por objetivo a destruição da família cristã. Penso que esse não seja o argumento adequado para quem quer que seja. Porque isso dá a entender que os católicos só se mostram contrários ao aborto porque a defesa do aborto leva a pessoa a sofrer para todo o sempre no inferno de fogo eterno, não tivesse a Igreja Romana a doutrina do inferno eterno ou se abolisse essa doutrina pérfida, os católicos estariam abortando aos milhões, porque o que os faz serem contra o aborto não é o amor a deus senão o medo do inferno, ou seja, os católicos que agem por medo do inferno - que não são poucos - são hipócritas, eles não querem estar com deus, só querem se livrar do inferno, mas quem os ensinou a agir dessa maneira foi a instituição à qual pertencem. 

Mas como o padreco padre deveria argumentar? Usando a filosofia tomista que é fundamentada em Aristóteles mas infelizmente não usou e não usou porque provavelmente não estudou filosofia. Aristóteles fala em ato e potência, os abortistas dizem que podem abortar o embrião  antes das formações das redes neurais porque ainda não é humano. De fato o embrião não é um ser humano em ato, isto é, no estado atual, mas tem potencialidade para vir a ser um humano se deixarem que se desenvolva. Porque todos nós, sim você (que me lê) e eu já fomos embriões e fetos já fomos seres humanos em potência e hoje o somos em ato. Então a questão aqui não é se o embrião é um aglomerado de células (claro que é) ou se sente dores (claro que não sente) mas se tem a possibilidade, o potencial para se tornar humano. Este pensamento aristotélico faz com que eu me posicione contrariamente ao aborto. Mas isso não faz com que eu seja a favor da criminalização do aborto, isso deve ser decidido pela própria sociedade através de amplos debates e de plebiscito. Antes que alguém me pergunte: você é contra o aborto em todas as situações? Não. sou favorável ao aborto quando se trata de fetos anencéfalos que terão uma sobrevida de horas, talvez de dias fora do ventre materno, praticamente já estão condenados à morte prematuramente. E, no caso de estupros, penso que é preciso se colocar no lugar da vítima, e ela que decida, mesmo se o feto se desenvolve normalmente etc... É um assunto deveras espinhoso. 

O que eu quis dizer é que o argumento dessa gente católica fanática que não tem outro argumento senão o do fogo do inferno é ridícula, sem qualquer fundamentação na realidade, do mesmo modo é ridículo o argumento que as feministas usam: "O CORPO É MEU". Eu pediria para demonstrar que órgão do corpo feminino embrião é, ou pediria para provar se é um câncer que tem que ser erradicado para salvar a vida da gestante em questão.  A conclusão a que chego é que os extremos - como escreveu Aristóteles - se tocam e que tanto os religiosos assim como as ultra-feministas tem argumentos falaciosos e inválidos que não fazem a sociedade pensar e refletir seriamente sobre isso. 

Voltando ao tema, o dono da página Juventude do Papa que sequer teve a coragem de se identificar ou de fazer o debate em minha página fez dois prints afirmando que eu e um amigo tínhamos falta de respeito com sua religião, fui em sua página debater como se pode ver pelos prints abaixo que fiz.






Por aí se vê como essa gente cuja vida gira ao redor da religião é cega, como essa gente é negacionista e como se veem como os "salvos" e os outros como "perdidos" e destinados ao fogo eterno pelo "bom deus". Ademais são criaturas que não conhecem teologia, nem filosofia e nem história. Tudo que existe para eles é sua religião e eles podem ser racistas, homofóbicos, machistas tudo com as bênçãos do "altíssimo". 

Ainda um papólico foi em minha página dizer que me denunciou e não contente veio emitir suas opiniões sobre o que penso, e claro, ainda veio oferecer suas orações por minha conversão, fui obrigado a lhe dar um tratamento de choque para não mais poluir minha página com beatismo de capela.



Os religiosos querem respeito (leia-se submissão e calar sobre tudo que diz respeito às suas crenças) mas eles não respeitam ninguém que pense diferente deles. Eles podem falar e atacar a quem quiserem e quando quiserem mas se são atacados aí é falta de respeito. Pois é, o fanatismo gera esse tipo de gente que fica vigiando o que os outros falam e escrevem para depois fazer uma cruzada contra os "inimigos de deus", além de fabricar gente hipócrita que quer liberdade para si mesmos e nenhuma para os outros. Cuidado com o que escreve e fala pois a inquisição ainda não acabou, está bem viva! Como escrevia Voltaire: " Écrasez l'Infâme"  "Esmagai a infame".

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