sexta-feira, 2 de março de 2012
A educação em Praia Grande
Após quase um mês trabalhando como professor na escola municipal Professora Maria Clotilde Lopes Comitre Rigo, avisei hoje a diretora que eu estava deixando as aulas, depois me despedi dos ex-colegas de trabalho e me dirigi à SEDUC de Praia Grande e fiz minha recisão de contrato como vocês podem ver logo acima.
Mas ninguém exonera nem pede recisão de contrato sem um motivo (princípio da razão suficiente: todo efeito tem uma causa). O meu motivo foi, ou melhor meus motivos foram a impunidade, a negligência e a má educação da clientela praiagrandense. Um aluno, se é que pode ser chamado de aluno, de um nono ano já vinha atrapalhando minha abordagem pedagógica desde os primeiros dias de aula. Como existem regras de convivência da unidade escolar que é a mesma em toda a rede de ensino municipal, é proibido usar boné em sala de aula, proibido usar celular ou quaisquer aparelhos eletrônicos e os professores são obrigados a fiscalizar isso. Desde o primeiro dia eu proibia o uso de quaisquer aparelhos eletrônicos dentro da sala de aula assim como o uso de boné. Mas um desses "alunos" além de ser mal-educado é também um desajustado às boas normas de convivência na sociedade, uma espécie de "bad boy". Uma vez pedi que desligasse o celular, então essa criatura disse: "peraí, tô ligando".
- Me dá o celular.
- Não vou dar ( e escondia o aparelho).
Então comecei a ler as regras de convivência da escola e ele disse
- Já sei, não precisa ficar falando.
- Me entrega o aparelho que eu te devolvo no fim da aula.
- Não vou entregar.
- Se eu chamar a inspetora ela vai tomar o seu aparelho e levá-lo para a diretora.
O sujeitinho deu de ombros, pedi a um aluno que chamasse a inspetora, quando ela chegou narrei-lhe o ocorrido e ela pediu que o desrespeitador das normas de convívio lhe entregasse o aparelho, ele não entregou nem para a inspetora, uma senhorinha de idade, muito simpática. Então a inspetora me instruiu sobre o que deveria ser feito, disse que eu deveria fazer a ocorrência dos atos desrespeitosos e da insubordinação do sujeito, foi o que fiz, mas ele disse que não tinha medo daquelas folhas pois já tinha levado várias ocorrências e nunca aconteceu nada e disse que não tinha medo da diretora.
Outros dias que eu dei aulas as mesmas falas (as dele e as minhas) se repetiram como se fosse uma espécie de eterno retorno. Cada vez que eu aparecia na sala de aula que ele estava não para estudar é claro, mas para "causar", ele se tornava mais arrogante e mais petulante na mesma medida em que é ignorante, pois os professoras me disseram que ele não sabe nada nem de matemática nem de língua portuguesa.
Esta semana ainda eu estava em outra sala, sala em que a namoradinha dele estuda, não é que o tal invadiu a sala sem pedir licença, agiu como se estivesse dentro da casa dele. Eu nem quis advertí-lo porque já tinha percebido que se trata de potencial psicopata. E por falar em psicopatia, minhas ex-alunas praiagrandenses disseram-me no dia seguinte após esse incidente que ele havia batido em sua própria namorada dentro da escola, fora o que a diretora, e os professores me contaram a respeito desse exú.
Ontem quando eu tive aula com esse frango de macumba ele me mandou calar a boca na sala de aula, sua lógica foi a seguinte a aula dura uma hora, já era 16:02 e eu continuava a explicar um texto quando o espírito de porco começou a gritar: "cala a boca, vai embora, sai, sai, sai, vaza, sai sai". Eu falei pra ele que a aula termina quando o professor sai da sala de aula e não quando ele quer. O sujeito me aborreceu tanto que senti vontade de esmurrá-lo e tive que me afastar o mais distante que eu pude para não chegar as vias de fato com um sujeito que não vale a pena se sujar. Comuniquei a senhora diretora que apenas conversou com ele, mas não tomou nenhuma providência, então tomei eu as providências cabíveis, eu pedi minha recisão de contrato. Porque se vocês não sabem Praia Grande está com falta de professores de geografia, são mais de 60 aulas na rede para serem preenchidas (segundo a rádio peão, isto é, segundo os professores que tem contatos com outros colegas) e não tem professores de geografia nem mesmo os ruins. E os bons que eles conseguem não tratam bem, não dão o devido apoio...
Mas exoneração e recisão de contrato é uma coisa muito comum em Praia Grande e mais fácil recindir contrato e exonerar do que ser contratado e/ou efetivado.
Praia Grande é um município que paga bem aos professores todavia os professores tem que se sujeitar a todo tipo de humilhação e pressão. Eu recindi meu contrato como uma forma de protesto, porque não admito ser pisado por um ser boçal; recindi meu contrato porque eu sei o meu valor e o dinheiro não é o mais importante na minha vida; recendi meu contrato porque não tive o respaldo da direção para punir o infrator, e não punindo esse infrator, ele continuará a fazer as mesmas coisas e os professores estarão de mãos amarradas. Infelizmente grande parte da rede age assim com os professores, razão pela qual muitos professores fogem de Praia Grande assim como o diabo foge da cruz, e eu também fugi.
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