Por esses dias conversei com alguns anarquistas, um deles por acidente e outro por ser um conhecido. Conversando pude notar como são pessoas alienadas e pensam estar certo com o seu egocentrismo.
Dia desses eu estava num sebo em Santos (que novidade!) comprando alguns (leia-se: muitos) livros, pois adoro tanto ler como comprar livros e enriquecer minha pobre biblioteca (pobre se comparada com a biblioteca nacional do RJ).
Eu estava saindo do sebo, quando um homem me disse: Vejo que gosta de ler.
- Sim - respondi-lhe - adoro ler, porque não suporto mais assistir a programação da Rede Globo.
- A Globo manda no Brasil é por isso que o Mulla taí no governo.
Aí percebi que se tratava de um pseudo-intelectual uma vez que a Globo nunca apoiou o PT ou o Lula, é preciso ser muito desinformado para falar uma bobagem dessas.
O parvo continuou a soltar as suas pérolas:
- O povo tem que deixar de assistir a Globo, só assim aprenderá que não se deve votar em políticos. Nós pagamos impostos e esse dinheiro é roubado, ninguém deveria pagar mais impostos, nem votar.
- Mas essas suas ideias - disse-lhe eu - são ideias dos anarquistas.
- Não, mas não sou anarquista. Eu acho que é a ciência é quem deve governar o mundo, ou melhor os cientistas.
- Sei, mas isso é muito difícil, como se fará isso?
O anarquista como não tinha o que responder despediu-se e tomou o seu rumo. Eu gostaria de saber sinceramente como os cientistas governariam o mundo, ou pelo menos o Brasil. Mas fiquei sem resposta. O anarquista quer acabar com os impostos, com os votos, até aí tudo bem. Mas o que ele implantaria no lugar? Acaso pensa ele que os cientistas seriam tão bons governantes quanto são cientistas? Quando você quer destruir algo, tem que apresentar coisa melhor para ficar em seu lugar, coisa que o anarquista não fez.
A conversa que tive com o outro anarquista foi no domingo. Mas é um anarquista incoerente, uma vez que se confessou homofóbico. Anarquista até aqui, non plus ultra, ou seja, quando lhe convém sabe ser bem conservador.
O meu conhecido que é anarquista de carteirinha é funcionário público, (outra incoerência) quer destruir o Estado e vive a prestar concursos públicos. Eu não entendo como alguém queira acabar como Estado e simultaneamente deseje que continue assim ao querer se efetivar com bom salário.
Esse último anarquista começou sua ladainha reclamando que o povo daqui de São Vicente (baixada santista) é um povo sem consciência ecológica, polui as praias, etc... Mas o anarquista revoltado não apresentou soluções apenas choramingou e afirmou que estava cansado de tudo que gostaria de morar no meio do mato com sua família e que desejou ardentemente que a humanidade desaparecesse em 2012 caso as profecias maias fossem verdadeiras.
Disse-me que não acredita mais em política, um a vez que todos (generalizar é o mal dos anarquistas) os políticos são desonestos. Os anarquistas crêem que não votando vão resolver os problemas do Brasil, acham que as coisas mudarão por meio de algum acontecimento mágico, e depois sou quem faz metafísica!
Os anarquistas reclamam da situação do país, mas não oferecem soluções para nossos problemas, simplesmente cruzam os braços, são omissos. Ao invés de militarem em algum partido político, elegendo representantes cujos ideais lhes são caros, não se omitem e se omitindo fazem o jogo da burguesia. Pois ao não votarem diminuem as chances de um político honesto ou menos desonesto concorrer para um cargo eletivo, ou seja, eles são tão culpados quanto aqueles que votam em pessoas corruptas. E assim sendo não tem do que reclamar uma vez que não impediram a entrada dos corruptos nos cargos eletivos.
Os anarquistas são "analfabetos políticos" como bem define a poesia de Bertolt Brecht.
4 comentários:
Péra lá. Criticar os anarquistas por causa de DOIS supostamente anarquistas que você conheceu? Sinceramente pra mim eles não tem nada de anarquistas e você os qualifica como tais. O primeiro nem se reconhecia enquanto tal, o segundo talvez pelo que entendi, mas ainda assim deve ser um piazão. E acho que a gente não deve criticar NINGUEM que tenta ser diferente do senso comum.
Vegana, eu citei os dois porque são os anarquistas com os quais conversei cara a cara. Mas podia pegar os exemplos mais toscos que existem nas comunidades anarquistas do Orkut.
Exemplos não faltam em nosso dia a dia sejam reais sejam virtuais.
Os anarquistas crêem piamente que não precisamos do Estado, que o homem é bom por natureza (partidários de Bakunin). E que as pessoas podem livre se associar, podem ou não ajudar o coletivo, não havendo ninguém p/ coagir. Ou seja para os anarquistas não existem deveres... Se não existem deveres como poderá existir direitos?
Se eu vivesse num lugar anarquista eu poderia me esquivar de ajudar, posto que não tenho obrigação seja de ajudar a alguém , seja de socorrer alguém. E se omito não posso ser responsabilizado uma vez que inexistem obrigações.
O marxismo e o anarquismo desejam o mesmo objetivo final, que é uma sociedade sem opressão. Porém, na minha opinião, a falha do anarquismo é acreditar que a existência do Estado seja a causa da opressão. O Estado é apenas uma forma de cristalização das relações sociais que existem; ao acabar com o Estado, mas sem modificar as relações sociais, nada mudará (ou mudará... para pior). Parabéns pelo texto.
Muitos acreditam que fazer política, que ser um cidadão político, se resume à estar num partido ou ser eleito... Agindo dessa forma, a vontade é de fato que a profecia Maia se faça. Brecht em "Quem é o partido?" também dá umas cutucadas nestes pensamentos!
Estás sumido companheiro. E sobre o Avatar, não quis ler o post antes de ver o filme, mas li depois, de fato, magnífico o filme e a crítica.
Abraço.
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